Economia

Especialistas mostram vantagens e desvantagens do cartão de crédito

postado em 24/04/2016 08:00


O cartão de crédito é um importante instrumento de compra, mas, mesmo com todas as vantagens e benefícios que oferece, pode ser uma porta aberta para o endividamento. Usá-lo com parcimônia é a melhor dica, sobretudo neste momento de inflação alta, já que a fatura pode ser paga em até 30 dias. Jamais quite apenas uma parte do saldo devedor. Certamente, no mês seguinte, os débitos serão ainda maiores e o risco de se cair na lista de maus pagadores é enorme. Os juros médios sobre o saldo devedor passam de 450% ao ano.

Pesquisa feita pelo Boa Vista Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) aponta que 30% dos brasileiros endividados estão entre os caloteiros por causa do mau uso do cartão. Flávio Calife, economista da SCPC, considera que o dinheiro de plástico é um ótimo meio de pagamento, desde que bem administrado. ;Além de ser seguro e prático, é possível escolher o parcelamento sem juros, por exemplo;, diz. ;Mas, para usar o cartão é preciso ser organizado. A fatura permite um bom acompanhamento das despesas presentes e das futuras;, acrescenta.

Tornou-se comum transformar o cartão de crédito em vilão quando o descontrole toma conta do bolso. Mas, infelizmente, os consumidores só aprendem a lição depois de cair e insistir no erro. Foi o caso da promotora de venda Milane Lorena, 32 anos. Ela acumulou uma dívida de R$ 1 mil sem ter condições de pagar. Acabou inadimplente e foi obrigada a cancelar os quatro cartões que tinha. O trauma foi grande. ;Há três anos, tenho somente um cartão, e não preciso mais do que isso;, afirma. Mesmo assim, ela usa esse instrumento de compra com pouca frequência, apenas em situações de emergência. Para usufruir das vantagens do meio de pagamento, Milane fez o que recomendam os especialistas.

Nada de vilão

Mauro Calil, consultor financeiro e especialista em investimentos do Banco Ourinvest, explica que o ideal é ter, no máximo, dois cartões. ;Colocar o vencimento da fatura a cada 15 dias pode ajudar no controle dos gastos. Com muitos cartões, o consumidor se perde;, destaca. Para ele, o cartão não estimula o consumo, só facilita. ;É uma ótima ferramenta e não tem nada de vilão. O problema é que as pessoas não se organizam para utilizá-lo de forma correta;, frisa.

Na opinião de Calil, o fato de concentrar os gastos numa só fatura é um grande benefício. ;É possível conciliar o vencimento dos débitos com o dia do recebimento do salário. Assim fica mais fácil controlar os gastos;, comenta. O consultor recomenda que não seja fixado, no cartão, um limite de despesas maior ou igual à renda mensal. ;A soma dos limites não pode ultrapassar 50% do ganho do mês;, alerta. ;Trata-se de uma trava importante às tentações;, emenda.

Levantamento realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviço (Abecs), os brasileiros gastaram, em 2015, R$ 1,08 trilhão por meio do dinheiro de plástico, aí incluídas as funções crédito e débito, saldo 8,4% maior que o registrado em 2014. Somente o cartão de crédito, as transações somaram R$ 676 bilhões, alta de 6,9%. ;Além de ser um meio de pagamento seguro e eficiente, o cartão de crédito possibilita maior inclusão financeira e garante o financiamento do comércio brasileiro com o parcelamento sem juros;, afirma Marcelo Noronha, presidente da Abecs.

Uso consciente

A caixa Ângela Santos, 43, diz que, para ela, o cartão sempre foi um grande aliado. Agora, nem tanto. ;Usava muito, mas, neste ano, com a economia tão ruim, está apertado;, diz. A última compra dela no cartão de crédito foi em janeiro. ;Comprei o material escolar dos meus filhos e parcelei em três vezes sem juros;, acrescenta. A divisão das despesas só foi possível porque não havia juros embutidos nas parcelas. Ângela só gasta com o essencial, por isso, vê o cartão de crédito como útil na sua vida. ;Acho um ótimo instrumento de pagamento e me considero controlada;, justifica.

Segundo dados do Banco Central, 73,2% do saldo a receber em cartões não têm incidência de juros. Isso mostra que a grande maioria das pessoas usa o sistema de forma consciente, ou seja, paga toda a fatura no dia do vencimento e sabe aproveitar seus benefícios sem pagar juros. Em compensação, informa o BC, daqueles que recorrem ao rotativo, quatro em cada 10 acabam se tornando inadimplentes.

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