Economia

Candidatos à presidência do Banco Central já veem queda de juros

Copom diz que riscos de inflação continuam elevados, mas Ilan Goldfajn e Mário Mesquita, apontados como favoritos ao comando da autoridade monetária, afirmam que maior disciplina fiscal esperada no governo Temer permitirá corte das taxas

Antonio Temóteo
postado em 06/05/2016 06:00

Copom diz que riscos de inflação continuam elevados, mas Ilan Goldfajn e Mário Mesquita, apontados como favoritos ao comando da autoridade monetária, afirmam que maior disciplina fiscal esperada no governo Temer permitirá corte das taxasO Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Centra (BC) sinalizou ontem, por meio da ata da última reunião do colegiado, que não há espaço a curto prazo para queda de juros, mesmo com o arrefecimento da inflação. A mensagem enviada ao mercado pela equipe de Alexandre Tombini, entretanto, não afetou as previsões dos dois principais candidatos a sucedê-lo em um eventual governo de Michel Temer.

Tanto o economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, quanto Mário Mesquita, diretor do Banco Brasil Plural, projetam que o Copom reduzirá a taxa básica de juros (Selic) a partir de julho. Goldfajn e Mesquista são os preferidos de Henrique Meirelles ; escolhido por Temer, caso chegue ao Palácio do Panalto, para ocupar o Ministério da Fazenda ; para comandar a autoridade monetária. Os dois só discordam do tamanho do corte.

Enquanto o economista chefe do Itaú estimou que a Selic terminará o ano em 12,25%, o diretor do Brasil Plural avaliou que a taxa chegará a 12,5% em dezembro. Mesquita, que foi diretor do BC entre 2006 e 2010, foi convidado na última quarta-feira por Meirelles para ocupar a presidência da instituição. Entretanto, ele indicou a amigos que não deve aceitar o convite, o que fortaleceu a possibilidade de Goldfajn assumir o posto.

Em relatório, o economista do maior banco privado do país afirmou que, na visão do Copom, o balanço de riscos para a inflação continua incerto, já que a política fiscal é expansionista e a inflação permanece elevada. Apesar disso, Goldfajn ressaltou que, se a tendência de queda do custo de vida se confirmar e um ajuste fiscal for executado pela nova equipe econômica, há espaço para queda de juros no segundo semestre. ;A melhora esperada do balanço de riscos, se confirmada, deve trazer conforto ao Copom para iniciar um ciclo de cortes de juros no segundo semestre;, afirmou.

Goldfajn também revisou a projeção para o dólar no fim do ano, que passou de R$ 4 para R$ 3,75. Apesar disso, manteve a expectativa de que a inflação terminará 2016 em 6,9%, acima do teto da meta, de 6,5%. Ele justificou que pressões adicionais vindas de alimentação no domicílio e do setor de serviços não darão trégua à carestia.

Já Mesquita comentou que a ata do Copom passou a mensagem de que é improvável um corte da Selic no curto prazo. Para ele, o colegiado indicou que não vê nenhuma possibilidade de flexibilização, uma vez que a inflação em 12 meses permanece elevada e as expectativas estão longe da meta. Contudo, o diretor do Brasil Plural avaliou que, com novos membros, o colegiado deve reduzir a Selic. ;Esperamos que um novo conselho inicie o ciclo de afrouxamento, com uma corte de 0,25 ponto percentual em julho;, disse.

[SAIBAMAIS]Na avaliação da economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, o conteúdo da ata deve ser relativizado por dois aspectos. Primeiro, porque as chances de um novo governo são elevadas e, provavelmente, isso implicará novo comando do BC. ;Ainda que não de imediato, pois há as fricções naturais para a aprovação de nomeações, mas em um espaço de tempo relativamente curto, de, no máximo, mais uma ou duas reuniões do Copom;, disse.

Segundo ela, é de se esperar que, num primeiro momento, o novo presidente do BC mantenha as linhas gerais definidas pelo atual, mas a tendência é de que haverá mudança na condução da política fiscal, que passará a ser o foco. ;Se houver avanços no acerto das contas públicas, mesmo que o buraco seja enorme, se ao menos formos colocados na trilha correta, os mercados anteciparão juros menores no futuro, especialmente nos ramos mais longos da curva;, comentou. Para Thaís, o corte de juros começará na reunião de agosto e o ciclo de redução se estenderá até a taxa chegar a 11,25%.

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