Economia

Meirelles: Déficit é realista e receitas estavam superestimadas

O ministro disse que, à medida que for restabelecida a confiança dos agentes, a economia voltará a reagir. "Nós vivenciamos o oposto, vivemos a quebra da confiança levando à queda do investimento", lembrou

Agência Estado
postado em 30/05/2016 15:26

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que a estimativa de um déficit primário de R$ 170,5 bilhões este ano é maior do que o calculado anteriormente porque as receitas tributárias estavam superestimadas. "A divulgação do déficit é realista", defendeu o ministro nesta segunda-feira (30/5) em evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

[SAIBAMAIS]Segundo ele, as receitas com vendas de ativos também foram revistas. "As receitas de vendas de ativos também tiveram que ser ajustadas à presente realidade, o que está em andamento, o que ainda podia ser feito este ano. Nada fora do que é absoluto realismo", afirmou.

Meirelles defendeu que sejam honrados os pagamentos antigos. "Em resumo, é necessário botar as contas em ordem. Austeridade começa em cumprir a realidade e as suas obrigações, e a partir daí implementar um plano de ajuste baseado na realidade", defendeu.


O ministro disse que, à medida que for restabelecida a confiança dos agentes, a economia voltará a reagir. "Nós vivenciamos o oposto, vivemos a quebra da confiança levando à queda do investimento", lembrou.

Meirelles declarou que a previsibilidade é essencial para o planejamento de empresários e trabalhadores no médio e longo prazo. "Quanto mais longo o horizonte de planejamento, melhor para a economia", disse.

"Mas isso não é meramente uma questão de psicologia, de miragem, como muitos passavam. Para isso não basta declarações, precisa de fatos. Fatos significam medidas concretas apresentadas e eventualmente aprovadas pelo congresso", acrescentou Meirelles.

Despesa pública

O ministro da Fazenda afirmou também que a sociedade brasileira não tem condição de seguir aumentando a tributação para dar conta da expansão dos gastos públicos. Meirelles disse que, de 1997 a 2015, o crescimento anual médio da despesa pública foi de quase 6% ao ano acima da inflação.

"Portanto, o endividamento foi consequência inevitável (da expansão dos gastos), começou a subir, e a partir daí tivemos um processo de retomada da subida da taxa de juros na economia", disse Meirelles.

Segundo o ministro, o primeiro problema a ser enfrentado é fazer o diagnóstico correto. Um ajuste via expansão da dívida publica e via inflação, como ocorreu com a economia brasileira na década de 1980, não é solução, é um problema, declarou.

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