Economia

Dívida pública federal cresce 2,77% em junho e soma R$ 2,958 trilhões

Governo faz emissão expressiva de R$ 62,42 bilhões de títulos no mês passado, segunda maior da história. Somente a conta de juros pagos cresceu R$ 31,48 bilhões em um único mês, mais do que os gastos anuais do Bolsa Família

Rosana Hessel
postado em 25/07/2016 10:38
O estoque da dívida pública federal cresceu 2,77% em junho, passando de R$ 2,878 trilhões, em maio, para R$ 2,958 trilhões, no mês passado, conforme dados divulgados nesta segunda-feira (25/7). A dívida pública interna cresceu 3,41%, somando R$ 2,744 trilhões devido à emissão líquida de R$ 62,42 bilhões, a maior já registrada desde junho de 2015, quando foram emitidos R$ 64,06 bilhões, de acordo com o coordenador-geral de operações da Dívida Pública, Leandro Secunho.

A conta de juros aumentou R$ 31,48 bilhões em um único mês, mais do que um ano de Bolsa Família (R$ 28,1 bilhões previsto para este ano). Já o estoque da dívida externa caiu 10,34% em relação à maio, somando R$ 120,77 bilhões (US$ 37,63 bilhões) no mês passado. Em maio, o montante devido no exterior era de R$ 134,70 bilhões. ;Essa queda é basicamente em função da valorização do real frente as principais moedas no mês de junho;, explicou o técnico do Tesouro. Depois de encolher em maio, a fatia das instituições financeiras cresceu em junho, passando de 22,87% para 23,65%, mantendo a liderança entre os detentores da dívida pública. No entanto, esse percentual ainda é inferior aos 25,01% de dezembro de 2015. Os não-residentes continuam reduzindo o volume dos títulos públicos. Em maio, tinham 16,60% e, em junho, 16,41%. Em dezembro, esse naco era de 18,79%.

[SAIBAMAIS]Mesmo com a troca de governo, os títulos com vencimentos para os próximos 12 meses continua aumentando, sinal de que a confiança ainda deverá custar a ser retomada. O volume desse tipo de papel passou de 20,40% para 20,44%, bem acima da meta prevista no Plano Anual de Financiamento (PAF), cujo teto é de 19% do total. O mesmo ocorre com o prazo médio da dívida pública interna também encolheu, de 4,67 anos para 4,55 anos, entre maio e junho, como consequência da dificuldade do governo em emitir títulos de longo prazo em função da incapacidade do governo em registrar superavit primário. ;Houve diminuição do prazo, é fato, mas isso não é reflexo da piora da confiança;, garantiu Secunho.



No entanto, o desequilíbrio fiscal é crescente. Em 2016, o governo registrará o terceiro deficit primário consecutivo e deverá encerrar no vermelho, pelo menos, nos dois anos seguintes, o que acelera a trajetória de aumento da dívida pública bruta em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), que, de acordo com alguns especialistas, poderá chegar a 85% do PIB em 2018, patamar insustentável. A meta fiscal, de um rombo de até R$ 170,5 bilhões não deverá ser cumprida e o deficit deste ano poderá chegar a R$ 187 bilhões. Não à toa, o custo médio da dívida interna não para de subir. Passou de 14,31% ao ano para 14,42% ao ano entre maio e junho. Secunho minimizou esse aumento do custo da dívida e disse que o percentual ;ficou estável;.

Ele preferiu destacar a redução do prazo médio do custo da dívida total de 14,25% ao ano para 13,80% anuais na mesma base de comparação devido, principalmente, à valorização do real frente ao dólar. No mês passado, a divisa norte-americana depreciou quase 20% em relação à brasileira. O O coordenador da dívida adiantou ainda que o governo poderá revisar o PAF em agosto, principalmente, em função de indicadores que estão ficando acima do esperado, como é o caso da fatia dos títulos pré-fixados. O plano prevê participação máxima de 35% desse tipo de papel, mas o técnico admite que essa taxa deverá ficar acima desse percentual porque existe uma demanda forte por esse tipo de papel. Em junho, ficou em 36,30%, acima dos 35,32%.

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