Economia

Contas do governo têm o pior semestre da história

Rombo acumulado de janeiro a junho soma R$ 32,5 bilhões, o maior em 20 anos

Rosana Hessel
postado em 28/07/2016 17:08
As contas do governo não param de registrar rombos recordes, agravando o quadro de desequilíbrio fiscal. Em junho não foi diferente. O deficit primário do governo central (que inclui Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) foi de R$ 8,8 bilhões o pior para os meses de junho em 20 anos. No acumulado do primeiro semestre o saldo negativo de R$ 32,5 bilhões é o maior desde o início da série histórica do Tesouro Nacional, em 1997.

A receita líquida teve queda real (corrigida pela inflação) de 5,3% no mês passado na comparação o mesmo intervalo de 2015, somando R$ 83,7 bilhões. A despesa encolheu 5%, para R$ 92,5 bilhões, e, mesmo assim não foi suficiente para evitar o rombo histórico de junho. No acumulado do primeiro semestre, as receitas encolheram 5,1%, para R$ 544 bilhões e os gastos cresceram 0,3%, para R$ 572,5 bilhões.



De janeiro a junho de 2015, o deficit nas contas do governo central era de apenas R$ 1,8 bilhão e ele piorou no segundo semestre chegando a um saldo negativo de R$ 177 bilhões, principalmente, após o pagamento das famosas pedaladas fiscais da presidente afastada Dilma Rousseff. Resta saber se o mesmo quadro ruim das contas públicas não se repetirá neste ano, fazendo com que o governo estoure essa meta nada favorável para a trajetória da dívida pública, que só cresce e alguns especialistas acreditam que poderá ficar entre 85% e 90% do PIB até 2018, patamar insustentável para um país emergente.

Na composição do deficit primário do ano, o rombo da Previdência foi o que teve maior crescimento em termos reais. Saltou 63,2% na comparação com o mesmo período do ano passado, somando R$ 60,4 bilhões de janeiro a junho. O saldo negativo do BC encolheu 22%, para R$ 402,4 milhões no mesmo intervalo. Já o superavit primário do Tesouro caiu 12,9% para R$ 28,3 bilhões.

A meta fiscal da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016 permite um rombo de e R$ 170,5 bilhões, ou seja, 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB). No acumulado em 12 meses, o deficit está em 2,4% do PIB, conforme dados do Tesouro divulgados nesta quinta-feira (28/07).

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