Economia

Contas públicas fecham com deficit de R$ 32,5 bi no acumulado de seis meses

Resultado de junho, negativo em R$ 8,8 bilhões, é o pior dos últimos 20 anos. Apesar de as despesas terem encolhido 5%, a receita líquida também recuou

Rosana Hessel
postado em 29/07/2016 06:05


Nova administração, velhos problemas. As contas do governo central (que inclui Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) fecharam junho no vermelho em R$ 8,8 bilhões, o pior resultado para o mês em 20 anos. O saldo negativo de R$ 32,5 bilhões, acumulado no primeiro semestre, é o maior para o período desde o início da série histórica.

Apesar de a despesa ter encolhido 5%, para R$ 92,5 bilhões, no mês passado, a queda não foi suficiente para evitar o rombo. A receita líquida do governo central também recuou 5,3%, já corrigida pela inflação, na comparação o mesmo intervalo de 2015, somando R$ 83,7 bilhões. No acumulado do primeiro semestre, a entrada líquida encolheu 5,1%, para R$ 544 bilhões, e os gastos cresceram 0,3%, para R$ 572,5 bilhões.

O dado de junho ficou abaixo do deficit de R$ 13,5 bilhões esperado pelo mercado graças ao pagamento antecipado de R$ 5 bilhões do leilão das elétricas realizado em 2015, que estava previsto para julho, de acordo com a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi. Para ela, a deterioração do resultado fiscal se deve, em grande parte, ao forte crescimento do rombo da Previdência, que teve alta real de 63,2% no semestre, somando R$ 60,4 bilhões.

Ana Paula defendeu reformas estruturais, como a da Previdência, para garantir o equilíbrio fiscal, mas como só surtirão efeito a longo prazo, a economista não descartou a necessidade de aumento de impostos. Assim como o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a secretária afirmou que ;se houver necessidade de uma recomposição na área de impostos, isso será um plano C;. Segundo ela, a equipe econômica procura evitar o contrassenso de centrar o ajuste todo em um fator que deve ser a última alternativa. ;Acreditamos que teremos apoio para aprovar as medidas em curso para a recuperação do gasto público;, afirmou.

A secretária do Tesouro repetiu o mantra da equipe econômica de que o governo conseguirá cumprir a meta fiscal deste ano, de um rombo de até R$ 170,5 bilhões, ou 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB). No acumulado em 12 meses, o deficit chegou a 2,4% do PIB (R$ 151,7 bilhões, valor corrigido pela inflação). Especialistas, no entanto, avisam que, para a meta ser cumprida, o aumento de imposto será inevitável.

;O governo Temer ainda não fez nada para reduzir efetivamente os gastos púbicos neste ano. Pelo contrário, aumentou consideravelmente o tamanho do deficit, descontingenciou despesas e concedeu uma série de reajustes para o funcionalismo;, criticou o economista Fabio Klein, da Tendências Consultoria. ;Até agora, está gastando muito mais e, se continuar nesse ritmo, não conseguirá cumprir o deficit de R$ 170,5 bilhões, que é um número absurdo.;

Para o economista Bruno Lavieri, sócio da 4E Consultoria, o remédio amargo virá somente após as eleições municipais de outubro. ;O governo está esperando a definição do impeachment e das eleições. O PMDB (de Temer) é o partido que mais elege prefeito. Eles vão esperar até lá para evitar críticas, mas isso será ruim para as contas públicas;, avaliou.

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