Economia

Brasil já perdeu 623 mil empregos formais apenas neste ano

Somente em julho foram eliminadas 94,7 mil vagas com carteira assinada, o segundo pior resultado para o mês nos registros no Ministério do Trabalho. Com a economia ainda fraca, especialistas não veem perspectivas de melhora no horizonte

postado em 26/08/2016 06:00

Desocupação cresceu até no setor de serviços, que vinha mantendo o contingente de trabalhadores, mas fechou 40 mil postos no mês passado


O mercado de trabalho formal registrou, em julho, o segundo pior resultado para o mês da série histórica, que começou em 1992, com a perda de 94.724 vagas com carteira assinada no país. O resultado negativo só não superou o de julho do ano passado, quando houve a eliminação de 157.905 postos. Foi o 15; mês seguido de queda. No ano, já são menos 623.520 empregos. Nos últimos 12 meses, o total chega a 1.706.459. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho.

Rodolfo Peres Torelly, ex-diretor do Departamento de Emprego do ministério, ressalta que até a agricultura, que apresentou resultado positivo com a criação de 4.253 vagas, não chegou nem perto da média para esta época do ano. ;Nesse período, são gerados, em média, 30 mil empregos nesse setor;, observou. ;Portanto, não tem nada de bom nesse resultado. O que de fato importa é que quase 100 mil chefes de família perderam os meios de se sustentar;, avaliou.

Deterioração

O professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo Hélio Zylberstajn ressaltou que o segundo semestre costuma ser melhor para as contratações. Salientou, no entanto, que a deterioração chegou com força ao setor de serviços, que era o carro-chefe dos empregos no país, mas perdeu 40.140 postos no mês passado. A construção civil, com 27.718 vagas fechadas, e o comércio, com a eliminação de 16.286 empregos, vieram na sequência. ;Não vejo sinal nenhum de retorno das contratações. Veja os casos da Mercedes e da Embraer, que anunciaram demissões. A construção civil vai primeiro desovar estoques, para só depois começar a recontratar. O mercado de trabalho, infelizmente, sempre foi o último setor da economia a reagir, e não será diferente agora;, destacou.

Carlos Alberto Ramos, professor da Universidade de Brasília, explicou que a economia precisaria retomar um ritmo forte de crescimento para que a situação do mercado de trabalho melhorasse de forma significativa. ;A recuperação está muito distante. É verdade que o emprego deixou de cair assustadoramente, e não veremos os tombos do ano passado se reproduzirem. Mas, daí para recontratar, vai demorar muito tempo;, considerou. ;Além disso, a expansão da economia, prevista em pouco mais de 1% para 2017, não gera empregos. Para isso, precisaríamos crescer a taxas de 3% a 4% por vários anos, como aconteceu nos anos 2000;, afirmou.

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