Economia

Recorde histórico: país registra 11,8 milhões de desempregados

No acumulado dos sete primeiros meses deste ano, o Brasil já fechou 623 mil vagas com carteira assinada

Henrick Menezes*
postado em 31/08/2016 06:00

Ricardo de Oliveira e a mulher, Márcia de Souza, sobrevivem de bicos há dois anos: renda média de R$ 750 é insuficiente para sustentar a família


O número de desempregados bateu recorde histórico mais uma vez e atingiu 11,8 milhões de brasileiros, segundo levantamento da Pnad Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de desocupação estimada ficou em 11,6% no trimestre encerrado em julho. A quebra dos postos de trabalho se tornou mais visível após o agravamento da crise econômica, em 2014, com 5,4 milhões de vagas fechadas de lá para cá. O recorde negativo levou o Brasil a ocupar a sétima posição entre as piores taxas de desemprego no mundo, segundo ranking da agência de risco Austin Rating.

O país está empatado com o mesmo índice que a Itália e só perde para África do Sul (26,6%), Espanha (19,9%), Montenegro (17,3%), Jordânia (14,7%), Croácia (13,3%) e Chipre (11,7%). O levantamento da agência analisa o índice de desemprego de 51 nações. ;Se nós considerarmos que o índice médio nos 51 países pesquisados foi de 7,4%, notamos que a taxa de desemprego no Brasil é 4,2 pontos percentuais maior;, comentou o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

No trimestre terminado em julho, a taxa ficou 0,4 ponto percentual maior do resultado da última pesquisa, que analisou os números de fevereiro a abril. No mesmo período do ano passado, o índice foi 8,6% ; 3,0 pontos percentuais menor. ;Os dados do trimestre surpreendem por não demonstrar sequer estabilidade do desemprego. A desocupação continua aumentando;, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Recessão


Há cinco meses, Douglas Nery, 24 anos, sentiu o gosto amargo do desemprego. Ele foi desligado de uma empresa de pneus e, desde então, não consegue encontrar uma vaga de trabalho. Mas a responsabilidade de criar dois filhos ; ambos com menos de 7 anos ; é grande e, por isso, tenta encontrar qualquer tipo de atividade para levar o mínimo para casa. ;Faço bicos de tudo que me sugerirem. Pode ser marceneiro, pedreiro, instalador de pisos. O que vier eu faço;, garantiu o jovem.

No acumulado dos sete primeiros meses de 2016, o país perdeu 623 mil postos de trabalho. Do início da crise econômica para cá, foram extintas 5,4 milhões de vagas. Em dezembro de 2014, a taxa de desocupação fechou o ano em 4,8%. Os dados foram os menores de toda a série histórica, iniciada em 2012. Menos de dois anos depois, o desemprego está em 11,6%, 6,8 pontos percentuais acima.

Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Corretora, destacou a quantidade de vagas de trabalho fechadas num prazo de apenas um ano e sete meses. ;A pancada começou em 2014. O desemprego cresceu muito rapidamente, resultado de uma série de gatilhos que alimentaram tal estatística, como corte violento nos investimentos; paralisação de alguns setores, como imobiliário; queda em investimentos corporativos; e o abalo de vagas na indústria;, ressaltou.

A crise econômica acertou em cheio o casal Márcia de Souza, 29, e Ricardo de Oliveira, 30, que está há dois anos sobrevivendo de bicos. As atividades rendem, em média, R$ 750 por mês. ;Não era suficiente para minha família;, contou Márcia, referindo-se aos dois filhos. ;As contas de casa estão todas atrasadas.;

;O que se espera é que o Brasil continue observando altas no desemprego até o fim do ano. Uma certa estabilidade só deve ser vista nos primeiros meses de 2017;, apontou Rafael Bacciotti, economista do Tendências. Alex Agostini também não vê números positivos nos próximos meses. Na avaliação dele, apenas em 2019 os números do desemprego devem mostrar taxa com apenas um dígito.

No trimestre terminado em julho, a população ocupada ficou estável, em 90,5 milhões, quando equiparada ao trimestre de fevereiro a abril. Se comparado ao trimestre de maio a julho de 2015, foi registrado um declínio de 1,8% ; o que representa perda de 1,7 milhão de pessoas no contingente de ocupados.

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