Economia

Seis meses de Temer no governo: impasse fiscal e Trump postergam a retomada

Temer ainda tem de garantir a aprovação da PEC nº 55, a do teto dos gastos, no Senado

Antonio Temóteo
postado em 21/11/2016 06:00
Temer ainda tem de garantir a aprovação da PEC nº 55, a do teto dos gastos, no Senado
Passados seis meses desde que assumiu a Presidência da República, Michel Temer conseguiu alterar o clima de pessimismo generalizado em relação à capacidade do país de sair do atoleiro. Com um discurso conciliador, apaziguou as relações do Executivo com a Câmara dos Deputados e o Senado Federal ; que vivia às turras na gestão de Dilma Rousseff ; e conseguiu fazer avançar propostas com potencial para reequilibrar as finanças públicas, como proposta de emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos.

A melhora do ambiente político influenciou o preço dos ativos brasileiros e levou à mudança positiva das expectativas de empresários e consumidores. A Bolsa de Valores de São Paulo (BMF) rompeu os 60 mil pontos e o dólar chegou a ser cotado a R$ 3,10, caindo dos R$ 4 em janeiro. Mas ninguém no mercado aposta que a solução dos principais problemas do país está encaminhada. Restam grandes dúvidas sobre a retomada da economia, o que já fez a própria equipe econômica reduzir as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para o próximo ano caírem de 1,6% para 1%.

Temer ainda tem de garantir a aprovação da PEC n; 55, a do teto dos gastos, no Senado. A previsão é que o texto final seja votado em segundo turno em 13 de dezembro. Paralelamente, sua equipe precisa tornar pública a proposta de reforma da Previdência e enviá-la ao Legislativo. O governo do peemedebista conseguiu maioria folgada na Câmara para aprovar o limite para crescimento dos gastos públicos. Mas o poder de fogo ainda não foi testado no Senado. Há certeza no Planalto de que a oposição a mudanças nas aposentadorias será significativa nas duas casas do Congresso.

O grande feito de Temer nos seis primeiros meses de governo foi ter realizado o óbvio, explica o economista Evandro Buccini, da Rio Bravo Investimentos. Ao escolher uma equipe técnica para comandar a economia, ele restabeleceu a confiança. ;Antes discutíamos um quadro de dominância fiscal. Isso foi engavetado. Corríamos para o precipício e agora mudamos de direção. Mas ainda estamos perto do buraco e não estamos andando para longe dele na velocidade que gostaríamos;, diz.

Lenta e gradual

Buccini explica que o governo decidiu atacar o problema fiscal de maneira lenta e gradual, mas por meio de um componente estrutural. ;A grande mudança é que se achava que a dívida não estava sob controle. O governo decidiu andar lentamente para não tropeçar no caminho. Pode ser uma estratégia boa, mas depende da aprovação da reforma da Previdência;, comenta. Ele diz que se as mudanças na regra para concessões de benefícios não forem aprovadas, tudo que se arrecada será destinado para pagar aposentadorias nos próximos anos.
O maior desafio do Executivo será tornar as promessas realidade, afirma a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif. Ela destaca que os sinais da equipe econômica são claros e o diagnostico é preciso. A dificuldade é que o governo não gosta de abrir mais de uma frente de batalha. ;O lado bom disso é o pragmatismo. Mas o risco é de que algumas decisões sejam postergadas;, afirma.

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