Economia

Após indicadores de agosto, economia seguiu com sinais de fraqueza, diz BC

Em ata, BC diz que a "magnitude de corte de juro e intensificação de ritmo dependerão de projeções de inflação e dos fatores de risco"

postado em 06/12/2016 10:24
A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na manhã desta terça-feira, 6, destacou que, após os indicadores referentes a agosto, a economia seguiu mostrando sinais de fraqueza. "Estatísticas referentes a setembro e indicadores disponíveis para outubro e novembro não mostraram reversão que seria razoável esperar caso estivéssemos diante de oscilações naturais da atividade econômica em torno de momentos de estabilização", registrou a ata.

[SAIBAMAIS]De acordo com os membros do colegiado, "Isso aumenta a probabilidade de que a retomada da atividade econômica seja mais demorada e gradual que a antecipada previamente."

Em outro ponto da ata, o comitê informou que "a postura recente da política monetária contribuiu para a ancoragem das expectativas e para que houvesse mais espaço para o processo de flexibilização da política monetária".

Na prática, o trecho se referiu ao fato de que os membros do Copom viram espaço para novo corte da Selic (a taxa básica de juros da economia), no segundo movimento de flexibilização do atual ciclo monetário. A partir daí, a magnitude do corte foi discuta.

Desinflação de serviços

O Copom citou na ata que persistem os sinais de pausa no processo de desinflação de alguns componentes do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), especialmente nos serviços "A taxa de inflação desses componentes tem recuado quando avaliada em períodos de doze meses, mas a pausa persiste, na margem, em medidas mensais de inflação", cita o documento. "Isso poderia refletir uma maior resiliência da inflação, a despeito do elevado nível de ociosidade na economia".

No trecho 11 do documento, os diretores do BC reconhecem, porém, que "o processo contínuo de distensão do mercado de trabalho e a desaceleração significativa da atividade econômica tendem a produzir desinflação que pode vir a ser mais intensa que a refletida nas expectativas de inflação medidas pela pesquisa Focus". Ou seja, o cenário de aumento do desemprego e recessão podem acelerar a acomodação dos índices de preço.

"De fato, a dinâmica mais favorável da inflação no período recente mostra sinais de desinflação mais difundida. É, portanto, razoável esperar que a atividade econômica aquém do esperado no curto prazo e a perspectiva de uma recuperação mais demorada e gradual reforcem esse processo", cita o documento, ao citar que o fenômeno deverá ficar mais evidente em preços "mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária".

O Copom nota ainda que o avanço das reformas estruturais, especialmente a fiscal, tem sido positivo. "A redução da incerteza (relacionada ao processo de reformas) potencializaria os efeitos da política monetária, reduzindo os custos do processo desinflacionário ora em curso", cita o documento.

Cenário externo

O Banco Central reconhece que o cenário internacional continua "especialmente incerto". A ata da mais recente reunião de política monetária nota que "o aumento da volatilidade dos preços de ativos indica o possível fim do interregno benigno para economias emergentes". "Há elevada probabilidade de retomada do processo de normalização das condições monetárias nos EUA no curto prazo, bem como incertezas quanto ao rumo de sua política econômica", citam os diretores do BC no parágrafo 4 do documento.

Em outro trecho do documento, no parágrafo 13, os diretores do BC explica que o possível fim do chamado "interregno benigno para economias emergentes pode produzir efeitos que dificultem o processo de desinflação". Ou seja, o fim do período positivo do cenário global para as economias emergentes com crédito barato e liquidez abundante pode atrapalhar a queda da inflação em curso

Apesar desse risco relacionado ao exterior, o BC reconhece que "é possível, entretanto, que tais efeitos sejam mitigados por movimentos favoráveis nos preços de commodities com relevância para os termos de troca do País, o que teria caráter estabilizador". "Além disso, o fim do interregno benigno pode implicar condições financeiras externas mais apertadas, o que adicionaria um componente desinflacionário", cita o texto. "Não há, portanto, relação direta entre o cenário externo e a condução da política monetária".

Ainda sobre o quadro internacional, o documento cita no parágrafo 15 que o Comitê concorda que "o processo de normalização das condições monetárias nos EUA deve ser retomado no curto prazo e que o rumo de sua política econômica tornou-se fonte de incerteza". "O Copom avaliou que parte dessa incerteza deverá se dissipar nos próximos meses", cita o documento, ao mencionar que "até o fim do ano o Comitê poderá ter uma avaliação mais precisa sobre os possíveis impactos da retomada do processo de normalização das condições monetárias nos EUA".

Por Agência Estado

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