Economia

Cinco perguntas sobre uma guerra comercial EUA-China

A China acompanha com apreensão a posse nos Estados Unidos de Donald Trump

postado em 20/01/2017 11:50
A China acompanha com apreensão a posse nos Estados Unidos de Donald Trump, cujas críticas e ameaças contra o gigante asiático podem desencadear uma guerra comercial entre as duas primeiras economias do planeta.

Por que Trump ataca a China?

O novo presidente critica o suposto desequilíbrio nas relações sino-americanas. Trump acusa Pequim de manipular sua divisa para estimular as exportações chinesas e, portanto, de ser um competidor desleal das empresas dos Estados Unidos.

O magnata ameaça impor uma taxa de 45% aos produtos importados da China.

No que se refere à manipulação da divisa chinesa, Trump se equivoca: há mais de um ano o governo de Pequim atua para sustentar sua moeda, e não para fazê-la baixar.

Mas, segundo estudos recentes, dois milhões de empregos americanos foram perdidos desde a adesão da China à Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001.

Trump diz poder repatriar parte destes empregos graças a negociações com Pequim.

Quem sai perdendo?

À primeira vista, a China. Ela tinha um colossal superávit comercial com os Estados Unidos de 30 bilhões de dólares por mês em 2016, segundo dados americanos.

A China também está em pleno processo de dolorosa transição econômica: uma queda de suas exportações a tornaria ainda mais delicada.

A imprensa chinesa brande a ameaça de medidas de represália em caso de conflito comercial, que podem afetar seriamente gigantes americanos como Apple, General Motors e Boeing, muito presentes na China.

Também pode ser afetada por estas represálias a soja americana exportada à China. O eleitorado rural de Trump pode, então, se voltar contra seu presidente. Em suma, os Estados Unidos também têm muito a perder.

Rumo a uma guerra comercial?

É difícil de responder. O presidente chinês, Xi Jinping, parece disposto a um compromisso: nesta semana declarou em Davos que ninguém sairia vencedor de uma guerra comercial.

Por sua vez, o secretário americano de Comércio, Wilbur Ross, não mencionou a taxa de 45% em sua audiência de confirmação ante o Senado. Deu a entender, no entanto, que a legislação atual permite a adoção de medidas punitivas. Isso demonstraria que o conflito pode acabar sendo menos radical que o previsto.

Um compromisso é possível?

A China anunciou recentes medidas para prosseguir com a abertura de seu mercado. Seu objetivo é atrair investimentos estrangeiros e desativar as críticas por suas restrições às empresas internacionais.

Pequim afirmou nesta semana que as empresas estrangeiras podem ser negociadas nas bolsas chinesas. E em dezembro a China anunciou que estas empresas estrangeiras podem ter filiais em 100%, sem serem obrigadas - como acontecia até agora - a se cercar de sócios chineses nos setores protegidos, como o material ferroviário.

Mas o mal-estar não se dissipou: 80% das empresas americanas declaram se sentir menos bem acolhidas na China que em outros lugares, segundo uma pesquisa da Câmara de Comércio dos Estados Unidos na China.

Como será o futuro?

Antes de sua eleição, Trump, muito irritado, havia dito que inscreveria a China na lista dos manipuladores de divisas. Esta promessa não foi repetida em um vídeo publicado após sua vitória eleitoral.

O magnata declarou, no entanto, sua intenção de retirar seu país do Acordo de Livre Comércio Transpacífico (TPP), negociado por Washington com 11 países da região Ásia-Pacífico, e que exclui ostensivamente a China.

A retirada americana deste acordo, que a China considerou hostil, ao menos deve tranquilizar parte dos líderes de Pequim.
Por France Presse

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