Economia

União registra maior deficit primário em 20 anos

Resultado negativo de R$ 26,3 bilhões é o pior da série histórica, iniciada em 1997, graças ao forte aumento nas despesas com previdência e com pessoal

Rosana Hessel
postado em 30/03/2017 16:40

As contas do governo federal fecharam com deficit de R$ 26,3 bilhões em fevereiro, registrando alta real (descontada a inflação) de 0,3% sobre o mesmo período de 2016. O resultado foi o pior da série histórica do Tesouro Nacional, iniciada em 1997, conforme dados do órgão divulgados nesta quinta-feira (30/03).

[SAIBAMAIS]A receita líquida computada por Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, que compõem o governo central, somou R$ 69,1 bilhões, registrando queda real de 2,2% na comparação com o mesmo intervalo de 2016. Já das despesas somaram R$ 95,4 bilhões. Apenas o rombo da Previdência cresceu 26% e somou R$ 13,5 bilhões. Já o deficit do Tesouro ficou em R$ 12,8 bilhões. O BC registrou lucro de apenas R$ 74,9 milhões, que mal aparece no dado.

Apesar da queda real de 1,5% nos gastos em fevereiro, isso não foi suficiente para evitar o rombo recorde devido ao forte tombo na arrecadação e ao aumento de despesas com pessoal e benefícios previdenciários que não param de crescer. Tiveram alta de 4,6% e 8,4%, respectivamente, para R$ 41,9 bilhões e R$ 21,9 bilhões.

No acumulado do primeiro bimestre do ano, a receita líquida somou R$ 188 bilhões e as despesas, R$ 195,2 bilhões, o que fez com que o resultado primário do governo central ficasse negativo em R$ 7,2 bilhões. Em 12 meses, o deficit primário somou R$ 153,3 bilhões, o equivalente a 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB), acima da meta fiscal prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que permite um rombo de até R$ 139 bilhões. ;Esse resultado vai se convergir para a meta até o fim do ano;, garantiu a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi. Ela destacou que apenas a despesa previdenciária será acrescida de R$ 53 bilhões apenas em 2017.


As receitas não administradas foram as que mais caíram neste ano, pois, no ano passado o governo registrou R$ 12,2 bilhões de concessões, sendo R$ 11,8 bilhões em bônus de outorga apenas em janeiro, dado que não ocorreu neste ano na mesma proporção. Foram registrados apenas R$ 445,2 milhões nessa rubrica no primeiro bimestre, o que representa um tombo de 96,4%. Apesar da queda de 7,9% na despesa total, gastos com benefícios previdenciários e com pessoal não param de crescer, graças aos reajustes concedidos no fim do ano passado. Em fevereiro, essas despesas aumentaram, respectivamente, 6% e 7%, somando R$ 82,3 bilhões e R$ 46,2 bilhões.

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