Economia

Só com diversificação de produtos, agricultura conseguirá crescer

Durante evento do Correio Debate, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirma que problemas com a Operação Carne Fraca foram vencidos e que agora é preciso ampliar a relação comercial com outros países

postado em 10/05/2017 07:09
Ministro da Agricultura, Blairo Maggi participa do debate A força do agronegócio e o Distrito Federal, realizado com representantes do setor
Os problemas com a Operação Carne Fraca foram vencidos e o governo federal está trabalhando, agora, para retomar o mercado perdido nas exportações, disse, ontem, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, durante o seminário A força do agronegócio e o Distrito Federal, do Correio Debate. O chefe da pasta acredita que, só com a diversificação de produtos, o Brasil conseguirá alavancar o crescimento do setor e ampliar a relação comercial com outros países.

Maggi declarou que, entre as 80 nações que adotaram restrições nas importações de carne, apenas 10 ainda não retomaram o mercado e são justamente as que têm um impacto pequeno no comércio exterior. ;Alguns países reabriram o mercado com o Brasil e adotaram maior rigidez com a inspeção, o que é bom, porque nosso sistema é forte e robusto. O arrocho dos produtos mostra que nossas conformidades são muito grandes;, destacou.

[SAIBAMAIS]A divulgação atabalhoada de investigações da Polícia Federal fez com que a carne brasileira ficasse mais barata. O país perdeu espaço no mercado mundial e registrou prejuízos com a Operação Carne Fraca. Segundo o ministro, a participação do Brasil caiu de 7,1% para 7% no comércio internacional de agropecuária. A meta do Ministério da Agricultura, no entanto, é atingir 10% de participação nos próximos anos. Os maus resultados já estão sendo contornados, na visão de Maggi. O governo federal conseguiu minimizar os abalos da operação com a força-tarefa da Agricultura e da diplomacia brasileira.

Projeções

O ministro da Agricultura acredita que a Ásia será a via para o Brasil ampliar sua participação no mercado. Há pesquisas que indicam que a população mundial terá 9,7 bilhões de pessoas até 2050, sendo que 51% serão do continente asiático. Para ele, o país precisa aumentar a produtividade e participação no comércio de alimentos na região. ;O Brasil tem algo a mais a oferecer nas exportações, que é o pacote ambiental. Nós somos um dos principais países na questão de sustentabilidade, em razão da nossa reserva ambiental e o tratamento de terra. Temos a possibilidade de produzir em trópicos, que são mais vantajosos em relação a pragas e aos ciclos de plantas e ervas daninhas, o que dá um cenário muito mais acelerado de produção que outros países;, destacou o ministro.

Maggi defendeu também que o Brasil passe a ter uma balança comercial equilibrada, importando mais produtos para ampliar o mercado com outros países. ;Temos uma cultura de achar que as importações não são boas, mas eu penso diferente. É preciso importar, porque o comércio é muito intenso e, se não comprarmos de outros países, isso cria problemas do ponto de vista comercial;, avaliou.

A baixa variedade dos produtos exportados também é preocupação do chefe da pasta. Para ele, o Brasil tem apenas 12 produtos que equivalem a 88% de toda a pauta de vendas de alimentos e é preciso ampliar o leque de mercadorias. ;Somos grandes exportadores, mas com poucos produtos. O país pode e deve ampliar a participação em outros mercados;, declarou.

Para evitar problemas similares à Operação Carne Fraca, o Ministério da Agricultura está realizando um estudo para adotar um sistema de inspeção já praticado pelos americanos e europeus. A medida tem como objetivo ter uma fiscalização mais eficaz para a verificação de salmonela na proteína animal. Segundo Maggi, existem mais de 2,6 mil tipos da bactéria, sendo três deles benignos.

No Correio Debate, Blairo Maggi disse que, apesar de o Distrito Federal ter um território pequeno, a região tem uma pauta de exportação bastante diversificada para vários países. ;O Brasil precisa pegar o exemplo do DF;, ressaltou. Segundo ele, há um acordo comercial para Brasília exportar proteína animal para a União Europeia, que esbarra em questões burocráticas.

* Estagiário sob supervisão de Simone Kafruni

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação