Economia

Bancos tentam diminuir valor da indenização devida a poupadores

Os bancos tentam limitar as indenizações a 606 mil poupadores por perdas causadas por planos econômicos

Rodolfo Costa
postado em 30/08/2017 06:00
A esperada reunião que poderia selar um acordo para indenizar 1,2 milhão de poupadores por perdas causadas por planos econômicos, prevista para ontem, foi adiada. O adiamento foi formalizado pela Advocacia-Geral da União (AGU) a pedido da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que solicitou mais uma semana para trabalhar melhor os números do acordo. Segundo uma fonte ligada às negociações, os bancos ;querem pagar até 15% do valor devido;. Se confirmada essa intenção, a indenização cairia para cerca de R$ 5 bilhões, em vez dos R$ 12 bilhões inicialmente previstos.

Para chegar ao novo valor, os bancos estariam tentando limitar as indenizações a 606 mil poupadores ; dos quais 600 mil entraram com ações individuais e 6 mil são filiados a associações que ajuizaram ações coletivas. ;Há um entendimento dos bancos de que não filiados não devem ser beneficiados;, disse um dos envolvidos. Isso implicaria excluir do acordo 594 mil poupadores não filiados a associações que abriram ações coletivas.

[SAIBAMAIS]A Febraban não se manifestou sobre o assunto. A entidade limitou-se a confirmar que as reuniões têm acontecido e que as instituições financeiras estão dispostas a debater o tema. Pelos termos que vinham sendo discutidos até agora, o pagamento das indenizações seria feito com desconto em relação aos juros e atualização monetária ao longo dos anos. Além disso, o ressarcimento seria feito de maneira parcelada.

A expectativa de um entendimento sobre o caso foi antecipada pelo Correio na semana passada. A estimativa inicial de pessoas ligadas às negociações era de que os bancos pagariam cerca de R$ 12 bilhões em indenizações a pessoas que tinham dinheiro depositado em cadernetas de poupança na época dos planos, implementados nas décadas de 1980 e 1990, nos governos de José Sarney e de Fernando Collor.

Os bancos, porém, ainda não concordaram com o valor a ser desembolsado. ;São vários indexadores. Cada plano econômico teve um índice diferente para corrigir os saldos das aplicações da época;, disse uma fonte.

O adiamento da reunião de ontem não foi bem recebido por representantes dos poupadores, que incluem a Federação Brasileira de Poupadores (Febrapo), o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e escritórios de advocacia. A frustração é grand, porque os poupadores esperam há décadas pelo ressarcimento das perdas. Apesar disso, entre representantes de poupadores e da AGU, a expectativa é de que tudo seja resolvido logo e uma minuta de acordo possa, enfim, ser editada. ;Dentro de 15 dias, acredito que esteja tudo resolvido;, afirmou uma fonte.

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