Economia

Saiba quais são os postos do DF que vendem o litro de gasolina mais barato

De 27 postos de abastecimento pesquisados pelo Correio, só nove repassaram ao consumidor a queda de preço anunciada na quarta-feira pela Petrobras

Aline Brito*
postado em 09/09/2017 08:00

Fátima Montenegro, professora

O último reajuste feito pela Petrobras, na quarta-feira, diminuiu em 3,8% o preço cobrado pela gasolina nas refinarias. O novo valor entrou em vigor na quinta-feira, mas não causou impacto relevante nas bombas. O Correio percorreu 27 postos de gasolina em Brasília e percebeu que apenas nove estabelecimentos reduziram o valor cobrado numa média de R$ 0,03 por litro. Alguns postos reduziram somente um centavo. A maior diminuição encontrada foi de R$ 0,06. Os demais mantiveram os valores cobrados.


O professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB) José Matias-Pereira diz que essa postura não é adequada em uma economia de mercado. ;Existe uma cultura em que há muita combinação de preços. Isso explica a percepção de que, quando a Petrobras autoriza aumento, ele chega rapidamente à bomba, mas a queda demora;, explicou. E, a partir de hoje, começa a vigorar outro reajuste feito pela Petrobras. A estatal informou ontem que vai elevar o preço da gasolina nas refinarias em 2,6%. Para o diesel, o aumento será de 1,5%.

Tabela de preços da gasolina pelo DF

Filas

Consumidores fazem filas nos postos que cobram mais barato pelo combustível, como ocorreu ontem na 115 Sul. O estabelecimento instalado no local cobra R$ 3,99 pelo litro da gasolina, o valor mais baixo encontrado pela pesquisa. Naqueles em que o preço é alto, porém, o movimento é cada vez menor. A clientela diminuiu bastante em vista do que era antes, quando a gasolina estava a pouco mais de R$ 3;, afirmou Danillo Gabriel, 32 anos, chefe de pista de um posto da 112 Norte em que o litro do produto custa R$ 4,19.

A professora Fátima Montenegro, 50 anos, reclama dos valores altos praticados pelos postos: ;Somos marionetes na mão desse povo;. Para ela, utilizar o carro não é mais tão vantajoso como costumava ser. ;Estou deixando o carro em casa e usando o serviço de aplicativos, está compensando mais;, afirma. ;Gastei R$ 50 para abastecer meu carro ontem e já tenho que abastecer hoje de novo;, lamenta a professora, que utiliza o carro para ir de casa, na Asa Sul, ao Sudoeste, onde trabalha.

;Somos marionetes na mão desse povo. Estou deixando o carro em casa e usando o serviço de aplicativos, está compensando mais;
Fátima Montenegro, professora

Elevação

Embora a decisão de repassar preços ao consumidor seja dos donos dos postos de combustível, o aumento anunciado ontem pela Petrobras deve, em tese, demorar alguns dias para chegar às bombas. Desde o início da nova política de preços da estatal, que alinha os valores do mercado interno às cotações internacionais, a gasolina acumula alta de 15,26% e, o diesel, de 20,02%.

Com a alta dos preços, os consumidores tentam se adaptar como podem, e deixar o carro em casa é uma realidade cada vez mais próxima para muitas pessoas. O vendedor Thalisson Félix, 21 anos, deixou de utilizar o automóvel há cerca de um mês. ;Não uso mais o carro desde que a gasolina foi a R$ 4,15. Não está dando, e sábado vai aumentar de novo. Não consigo pagar;, diz Thalisson, que passou a ir ao trabalho de ônibus. ;Sai muito mais em conta;, afirma.

Para ir à faculdade, o vendedor ainda utiliza o carro, pois dá carona a quatro colegas que moram, como ele, no Novo Gama, entorno de Brasília, e o ajudam a pagar a gasolina. ;Para a faculdade eu ainda vou de carro, porque a gente racha a gasolina. Se não fosse assim, eu não conseguiria pagar e teria que utilizar transporte público também;, conta.

Alternativas

O professor José Matias-Pereira alerta o consumidor para a importância de procurar preços mais baixos. ;As pessoas devem ficar atentas;, disse. Adriano Severo, educador financeiro e professor da Fundação Universidade Empresa de Tecnologia e Ciências (Fundatec), observou que os motoristas precisam conferir qual é o combustível mais vantajoso. Como mostrou o Correio, o etanol está valendo mais a pena em alguns estabelecimentos que cobram menos de R$ 3 pelo litro do produto. ;Se o preço do álcool estiver entre 70% e 75% do valor cobrado pela gasolina, é mais econômico usar o bicombustível. A média geral depende do carro e do consumidor;, destacou.

Além disso, Severo afirma que, com a Petrobras promovendo reajustes frequentes nos combustíveis, é melhor que o consumidor abasteça de ;pouquinho em pouquinho;. ;É bom deixar o tanque do carro cheio. Quando chegar na metade, a pessoa abastece com R$ 50, R$ 40 ou R$ 30. Completar o tanque exige muito gasto;, afirmou.

Outra opção é verificar o que é possível fazer para reduzir o trajeto com o carro. Manter um veículo exige pagamento de IPVA, gasolina, seguro, revisões e outros gastos que, se colocados no papel, podem indicar que é mais vantajoso se deslocar de táxi ou usar sistemas de aplicativos de transporte. ;Uma alternativa é dividir o carro com vizinhos ou familiares. Mas a pessoa tem que ter em mente que não vai poder usar o veículo todo o tempo e terá que abrir mão de um certo nível de conforto;, apontou.

* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo

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