Economia

Brasília recebe programa para formar empreendedores na área da tecnologia

A ideia, então, para incentivar ainda mais o empreendedorismo no país é que as novatas paguem menos impostos que outras já firmadas no mercado

Deborah Fortuna
postado em 18/12/2017 09:40
Kazerooni: evolução de negócios precisa de regras distintas

Após se consolidar em outras sete cidades do Brasil, o Founder Institute tem um novo alvo: em 2018, Brasília receberá o programa de formação para empreendedores na área de tecnologia. O trabalho, consolidado em 200 regiões espalhadas pelo mundo, estimula o desenvolvimento de negócios dentro do país e discute a necessidade dos incentivos governamentais às startups. A ideia é beneficiar a economia local e combater o ;brain drain; (quando se perde cérebros para o exterior).

;Por que as pessoas estavam saindo para entregar grandes valores em outros lugares, e não no próprio Brasil?;. Foi esse questionamento que levou Nima Kazerooni a investir nos empreendedores do país. Na opinião do diretor executivo do Founder Institute, muitos deixam a região por falta de incentivo às empresas emergentes, por causa da alta taxa de tributos e do excesso de burocracia. ;A estrutura tributária tem de reconhecer as startups como uma entidade diferente das empresas de pequeno e médio portes. Quando o governo começar esse reconhecimento, aí começa a dar certo;, afirmou Kazerooni.

[SAIBAMAIS]A ideia, então, para incentivar ainda mais o empreendedorismo no país é que as novatas paguem menos impostos que outras já firmadas no mercado. ;Quando se exige o mesmo delas nesse formato tradicional, elas enfrentam a mesma burocracia que as empresas tradicionais. E isso faz com que o país inteiro se atrase, e fique atrás dos Estados Unidos, da Europa e da China, que estão nos ultrapassando por tratarem startups de uma forma diferente;, disse.



Apesar do cenário desestimulador, a Founder Institute acredita que as pessoas são capazes de entrar no mercado. O grupo conseguiu mapear mais de 400 iniciativas de empreendedorismo na capital federal. A ideia é investir nas universidades e escolas para gerar uma consciência na base educacional e aumentar o número de brasilienses capazes de criar a própria empresa e mantê-la no mercado. ;Tem muita gente qualificada aqui, gente séria e que não está empreendendo pelo glamour. Acho que Brasília tem uma vantagem porque o pessoal é sério e trabalhador. Eles estão sempre procurando novas formas de entrar no mercado, já que o setor público e o setor das grandes empresas estão se ;enxugando;;, comentou.

De acordo com Kazerooni, os números mostram que os novos empregos em países como Canadá e Estados Unidos vieram das pequenas empresas, e que a maioria delas têm como base a tecnologia. ;O papel do governo é de fomentar empreendedorismo, não de criar programas de aceleração nem estrutura para incubadora;, opinou Nima Kazerooni.

Além disso, para ser um bom empreendedor, é preciso arriscar, segundo o diretor executivo do Founder Institute. ;Eu avalio o risco de uma forma diferente das outras pessoas. É mais arriscado meu dinheiro ficar na conta-corrente, ou na poupança, porque eu não estou fomentando o empreendedorismo e a uma inovação. Estou causando um atrito e falta de potencial grande para o futuro. Essa é uma decisão egoísta;, disse.

Seleção


O processo seletivo do Founder Institute, no entanto, é difícil. ;O Founder é uma peneira;, brincou o diretor. Há primeiro uma fase de inscrição, na qual o candidato pode escrever a própria história de vida e os problemas que ele acredita que deveriam ser resolvidos. Durante toda essa fase, são avaliadas a inteligência emocional, paixões, e adaptabilidade de cada pessoa. Kazerooni afirma que não é necessário que o candidato escreva um modelo de negócio. ;Às vezes o fundador está redefinindo ou criando um setor. Mas a gente tem de encaixar pessoas dentro dos setores já existentes. Se não for assim, estamos repetindo o passado e não criando um futuro;, explicou.

Depois desse estágio, é necessário fazer um aporte financeiro. ;Você precisa ser alguém que sabe juntar recursos. Tem pessoas que abrem uma campanha de crowdfunding. Eles têm que fazer qualquer coisa para captar recursos;, detalhou. Assim, se o candidato for excluído do programa ainda no começo, ele recebe o dinheiro de volta. Se chegar às próximas etapas, tem a chance de repetir o processo no semestre seguinte, sem pagar taxas. O instituto também garante bolsas para a melhor empreendedora feminina, uma bolsa técnica, e outra para quem tiver ideias tecnológicas sobre o espaço.

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