Economia

"Não temos medo de concorrência", diz presidente da Embraer

Em entrevista ao Correio, Paulo César de Souza e Silva fala sobre a parceria da empresa com a Uber

postado em 19/12/2017 06:00

A Embraer recorreu à OMC contra a canadense Bombardier, mas outras empresas também estão recebendo subsídios de seus governos. Essa não é uma briga perdida?
Não temos medo de concorrência. Se as regras forem iguais, queremos disputar. Novos fabricantes estão surgindo. Os japoneses, os russos e os chineses estão desenvolvendo suas indústrias aeronáuticas e serão competidores importantes nos próximos anos. O que não concordamos, e que motivou nossa reclamação contra a Bombardier, é que o cidadão canadense tirou do bolso US$ 3 bilhões para que a empresa vendesse aviões abaixo do preço de custo. Isso não é regra de mercado. O setor da aviação não pode ser uma disputa de Tesouros nacionais, uma batalha para ver que governo pode mais.

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A China é uma ameaça ou uma parceira da Embraer?
O mercado chinês é excelente para nós. Na China, temos 90% do mercado de aviões executivos. Mas sabemos que eles estão desenvolvendo seus aviões. A questão não se limita à China. De forma geral, o mercado como um todo está ruim. O pico do mercado mundial, alguns anos atrás, foi de 1,3 mil aeronaves. Hoje, o mercado global está na casa de 650.

É por isso que a Embraer busca outras frentes de negócios, como a parceria com a Uber?
O futuro da aviação passa pela mobilidade autônoma e pela propulsão elétrica. Mas isso ainda é um futuro mais distante. Por enquanto, estamos apostando em soluções para a mobilidade urbana nessa parceria com a Uber. Nossa aeronave terá autonomia de até 80 quilômetros e capacidade para transportar quatro passageiros, além do piloto. O detalhe é que a Uber prevê que o preço cobrado será equivalente ao que hoje é cobrado pela modalidade Uber-X. Ou seja, será algo muito acessível.

Como o senhor está enxergando a corrida eleitoral de 2018?
A disputa ainda não começou. Ninguém sabe quem serão os concorrentes no ano que vem. Acredito que surgirá, lá para março ou abril, algum nome ligado ao mercado empresarial, que consiga unir o centro em torno de uma pauta progressista. Assim, evitaria que o eleitor optasse por alternativas mais extremas, seja para a direita, seja para a esquerda.

Quem seria esse candidato?
Difícil dizer. Posso dar um palpite, mais baseado em minha opinião própria do que em fatos concretos. O presidente da Petrobras, Pedro Parente, seria um desses nomes. Ele tem demonstrado uma excelente capacidade de gestão à frente da Petrobras e já teve papéis importantes em cargos de governo. Mas isso depende se ele vai querer e se haverá partidos que apresentem seu nome.

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