Economia

Economistas discutem expectativas para o setor em 2018

O economista Fábio Bentes participou do Correio Debate para discutir novas perspectivas para a economia do país no ano que vem

Letícia Cotta*
postado em 19/12/2017 16:37
O economista chefe da divisão econômica da CNC, Fábio Bentes, participou do Correio Debate
O economista chefe da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, demonstrou grandes esperanças para a recuperação econômica do país no próximo ano. ;Não se discute se há recuperação ou não, ela ocorrerá, inegavelmente. Os dados mostram que, independentemente da base de comparação, haverá uma recuperação;, afirma. De acordo com o economista, os resultados positivos já começam a ser obtidos a partir do segundo trimestre. ;O consumo, nesse processo, foi o motor do último crescimento econômico e agora, com o novo ciclo, ele se coloca novamente nesse papel;, explica.
O varejo, que passou por uma crise severa, terá esse ciclo negativo interrompido ainda em 2017. O esperado para o setor, no próximo ano, é distante da realidade passada, já que só nesse ano houve uma alta de 3,7% na reativação do comércio. ;O crescimento é tímido, mas difuso;, comemora. Apesar disso, a inflação no ano de 2017 fechará em 3%, o que, de acordo com Fábio Bentes, não deve ser muito diferente do próximo ano. ;O esperado é, quanto a consumo de mercado, termos um ano melhor que esse;, diz.
Já de acordo com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o grande desafio será escapar dos extremos políticos. ;Precisamos escapar do populismo ou extremismo de direita ou esquerda. Nós temos que ter a competência de apresentar um projeto para o país, responsável, bem estruturado, ousado, mas que seja realizável;, explica.
O vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBI), Adalberto Valadão, se preocupa com os investimentos. ;A questão dos distratos foram motivo de diversas empresas entrarem em recuperação judicial. Isso acontece por conta da insegurança jurídica;, alerta. Segundo ele, um dos maiores problemas também é a burocracia. ;12% do custo inteiro do imóvel é motivado pela burocracia;, critica. Apesar disso, o setor está otimista para o próximo ano, e acredita que haverá uma singela retomada nas atividades. ;O setor acredita que no próximo ano haverá uma melhoria principalmente na área de incorporação imobiliária;, comenta, esperançoso.
Por outro lado, o presidente do Instituto da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Roberto Brant, acredita que os desafios estarão relacionados a logística e política, já que, de acordo com o presidente da CNA, os brasileiros não estão acostumados com restrições orçamentárias. ;A crise serviu para mostrar que o Estado tem sido responsável por desigualdade e pobreza de um jeito pra ninguém por defeito. Todos falam de renovação política, mas as legislações votadas impedem essa renovação", critica. ;Se os brasileiros, que não estão acostumados com restrições orçamentárias, não sabem o que está acontecendo, podemos esperar de tudo;, completa.
Flávio Castelo Branco, gerente executivo de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), parece mais esperançoso que o colega da CNA. Seu setor espera um retorno do crescimento saudável, e que a base dessa retomada não esteja na reativação simples, mas nas condições dela. ;O consumo é a consequência do emprego, da economia, da renda. Mas as bases de sustentação do crescimento estão no investimento;, explica Flávio Banco. Assim, em sua visão, as reformas são questões maiores e que devem ser feitas, já que motivaram a economia no passado. ;A da previdência, por exemplo, precisa ser feita nos primeiros meses de 2018 (;) Nós tivemos um aumento na produtividade na década passada por conta da alavanca das reformas que foram feitas;, afirma.

A preocupação, contudo, é por quanto tempo irá durar a recessão. "Esses períodos de recessão são sempre maiores na indústria, e precisam de um setor industrial que promova a capacidade de competitividade, o que não ocorreu nos últimos anos por conta do aumento de preços;. O aumento da produtividade é a única maneira sustentável de garantir o desenvolvimento para as gerações que virão, segundo Flávio Branco.
*Estagiária supervisionada por Ana Letícia Leão.

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