Economia

Férias: especialistas sugerem analisar orçamento antes de escolher destino

É preciso lembrar que início de ano é tempo de despesas com material escolar, matrículas e impostos, como IPVA e IPTU, que precisam ser pagos

Andressa Paulino*
postado em 07/01/2018 08:00
Passadas as festividades de fim de ano, é hora de programar o descanso, quando as crianças estão de férias e dá para aproveitar o verão no país e a neve no exterior. A opção pelo período, entretanto, deve vir aliada à consciência de que viajar em janeiro ou em fevereiro vai implicar preços mais altos, pois passagens e hospedagem tendem a custar mais caro.
Para garantir o passeio sem que vire dor de cabeça no restante do ano, especialistas indicam pesquisar valores e se planejar previamente antes da compra. É preciso lembrar que início de ano é tempo de despesas com material escolar, matrículas e impostos, como IPVA e IPTU, que precisam ser pagos.

A consulta a sites das companhias aéreas e aos que comparam preços de passagens e hospedagem é uma boa opção para quem está preocupado com o bolso. Ainda é possível encontrar promoções atraentes que cabem no orçamento. Basta procurar. Outra alternativa para gastar menos é escolher destinos pouco tradicionais.

Tomada a decisão viajar, tomada, especialistas recomendam fazer um diagnóstico das finanças antes de decidir destino e duração do passeio. ;É preciso ver os recursos financeiros e qual o montante do orçamento a pessoa vai poder destinar à viagem, principalmente se não houve planejamento antecipado;, aconselha a educadora financeira Cintia Senna.

Só depois de definir a quantia disponível é que a família deve analisar o destino. ;Se não tenho dinheiro suficiente para ir à Disney, preciso procurar outros locais que são mais em conta, para que a minha família aproveite de forma equivalente. É importante procurar locais dentro padrão da família, evitando dívidas;, acrescenta Cíntia.

De acordo com o site de buscas Kayak, os destinos nacionais mais procurados pelos brasileiros em 2017 foram capitais, como Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza e São Paulo. No exterior, Miami (EUA), Orlando (EUA), Paris (França) e Nova York (EUA) roteiros que foram os escolhidos neste início de 2018, segundo a agência de turismo on-line ViajaNet.

Apesar das preferências, caso a viagem para os locais tradicionais não caiba no orçamento familiar, vale apostar em locais mais próximos. ;É preciso ampliar as escolhas e começar a analisar o que a pessoa pode ter de lazer na própria cidade ou em locais próximos;, indica Cintia. ;Dá para fazer diversos passeios mais baratos e até gratuitos, além de encontrar hotéis legais para passar dias sem ter que gastar muito;, complementa.

Outra opção para baratear o passeio é viajar com um grupo de amigos ou familiares. Essas viagens costumam ser mais baratas, já que as despesas são divididas coletivamente. ;Com mais de uma pessoa, dá para negociar e pedir descontos em hotéis, restaurantes, além de ingressos para atrações turísticas ficarem mais baratos;, afirma o educador financeiro Regno Machado. ;A viagem se torna mais econômica também no transporte, porque dá para utilizar o carro e dividir a gasolina entre as pessoas;, acrescenta.

Foi o que a família de Nilceia Almeida, 64 anos, decidiu fazer. Pensando em viajar todos juntos sem gastar muito, decidiram se planejar para ficar 15 dias em Porto Seguro no início deste ano. ;Nós sempre fazemos isso e é muito vantajoso. Este ano, vão oito pessoas. Com passagens e hospedagem, gastaremos em torno de R$ 3,5 mil, cerca de R$ 400 por pessoa;, conta. Ela afirma que o passeio será muito mais barato do que se fosse sozinha com o marido. ;Só em tarifas aéreas, nós conseguimos economizar cerca de 50% com a viagem em grupo;, diz.

Para a estudante Maria Isabel Félix, 22, viajar em família saiu mais em conta no Natal. Ela procurou os destinos mais baratos nos sites de buscas. ;Vimos que a passagem para Florianópolis era de R$ 230 para cada pessoa. Então, fomos para lá;, afirma. ;Época natalina é tudo muito mais caro, então, fomos atraídos pela tarifa. Pesquisamos bastante até decidir que seria a melhor opção;, acrescenta.

;Outro quesito que tornou a viagem acessível para a minha família foi deixar de lado a tradicional estadia em hotel e apostar no aluguel de uma casa. Pagamos cerca de R$ 1,5 mil para os nove dias que ficamos na cidade, cerca de R$ 200, a diária. Em um hotel, pagaríamos o preço da diária multiplicado pelo número de pessoas;, alega Maria Isabel.
Infográfico com dicas para o planejamento das férias

Pechinchar

O educador Regno Machado destaca que, na compra de pacotes de viagem, o consumidor tem a oportunidade de pedir descontos. ;Eu recomendo que a pessoa ligue para o local onde vai ficar hospedada, por exemplo, e peça alguma redução no valor. Algumas empresas dão até R$ 100 de desconto;, afirma. ;Multiplicando isso pelo número de dias e de pessoas que ficarão no local, já é o valor de alguma atividade legal no destino planejado;, indica.

E com a tecnologia atual, os especialistas recomendam a todos ficarem atentos aos mecanismos de busca da internet. O consumidor pode ativar alertas nos sites para se manter informado dos preços mais baixos. ;A web ajuda muito. Dá para fazer comparativos de valores, colocar limite de gastos e ativar notificações, caso algo esteja com o preço desejável;, sugere Cintia. ;Como algumas empresas disponibilizam descontos durante a madrugada, a pessoa não precisa ficar acordada a noite toda à procura da compra mais em conta;, completa.

Mas se, durante as compras das passagens, surgir a dúvida: ir de carro, ônibus ou avião? Para escolher um dos três meios de transporte é importante levar alguns quesitos em consideração. ;Ir de ônibus pode ser barato, mas consome muito tempo. Então, para destinos mais afastados, o conforto fica de lado;, alerta o educador financeiro Jonatas Bueno. ;Viajar de carro pode ser vantajoso já que dá para dividir o valor da gasolina. Mas é importante ficar atento à qualidade das estradas e aos valores de pedágios nas rodovias;, diz. ;Por fim, o avião é o meio de transporte mais caro, mas também o mais rápido e indicado para locais mais longes;, avalia.

Para quem opta pelas tarifas aéreas, é importante ficar atento às mudanças no despacho de bagagem. Antes, o consumidor tinha direito de levar uma mala de até 23kg em viagens nacionais e duas malas de 32kg, em voos internacionais. Agora, cada companhia tem seu critério para o despacho. Algumas ainda permitem que o consumidor leve a mala com 23kg, outras cobram taxas adicionais.

Planejamento

Além de comprar as passagens e reservar hospedagem, é importante fazer um roteiro da viagem com antecedência. Avaliar os locais que serão visitados e estipular valores a serem gastos. Dessa forma, a família terá uma noção das despesas e poderá fixar uma meta para o consumo durante a estadia.

Depois de ter escolhido o local e comprado as passagens para Florianópolis, a família de Maria Isabel Félix começou a juntar dinheiro para a viagem. ;Compramos os pacotes e já começamos a nos mobilizar para poupar. Economizamos nos pequenos gastos e, hoje, temos em torno de R$ 4 mil para usar na viagem;, comemora.

De acordo com os especialistas, é importante não deixar as despesas apenas no cartão de crédito. ;Além de fazer o planejamento e levar algum dinheiro extra para imprevistos, os gastos no cartão de crédito não podem ultrapassar os 30% do limite definido pela administradora;, indica Regno Machado. ;As pessoas têm de deixar de gastar o que não planejado. O descontrole só faz com que, após a viagem, venham as surpresas indesejadas, como contas com valores inesperados e até limites de cartões estourados;, acrescenta.

Segundo Machado, a preparação da viagem não pode se tornar uma dor de cabeça e o passeio não deve deixar o consumidor endividado. ;É uma semana na praia que pode comprometer todo o orçamento da pessoa no início do ano. É importante começar 2018 no azul e se programar desde agora para a próxima viagem que deseja fazer. Com mais tempo de preparo, maiores são as chances de o gasto ser menor;, sugere.

"Se não tenho dinheiro suficiente para ir à Disney, preciso procurar outros locais que são mais em conta, para que a minha família aproveite de forma equivalente. É importante procurar locais dentro padrão da família, evitando dívidas;
Cíntia Senna, educadora financeira
*Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira

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