Economia

Easy registra quase 50 milhões de corridas mensais só no Brasil

Para o CEO do app Easy, tamanho do mercado brasileiro pode gerar outros 'unicórnios', como são chamadas as empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão, como a pioneira 99

Paula Pacheco/Estado de Minas
postado em 16/01/2018 06:00

Brasil pode ter mais startups bilionárias


São Paulo ; Não se sabe ainda quais serão os efeitos da aquisição da empresa brasileira de aplicativo 99 pela companhia Didi Chuxing, anunciada há alguns dias por um valor estimado de US$ 1 bilhão. Mas o fato é que os concorrentes vão ter de se mexer para não serem engolidos por uma startup que só na China tem 450 milhões de usuários. A companhia, apesar de pouco conhecida no Brasil, rivaliza com a Uber na disputa pelo primeiro lugar em valor de mercado.

A Uber, por sua vez, anunciou há um ano investimentos de R$ 200 milhões para montar uma central de atendimento ao cliente no Brasil. Mas a companhia americana, que só trabalha com motoristas autônomos, não com taxistas, vem enfrentando uma série de dificuldades nos vários mercados onde atua ; desde questões trabalhistas a denúncias de assédio e problemas com a regulação do serviço. Especula-se que o aplicativo seja o líder no mercado brasileiro, seguido pela 99.

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Mas a Easy, outro competidor importante no mercado de aplicativos de transporte, vem se movimentando sem tanto alarde para tentar ganhar o espaço dos competidores. Por mês, passam pelo app de 40 milhões a 50 milhões de corridas só no Brasil.

Em junho passado, a empresa brasileira anunciou a fusão com a espanhola Cabify (valor não revelado pelas partes), o que chegou a gerar especulações de que a companhia europeia teria, na verdade, adquirido a concorrente local, o que não é confirmado por nenhuma das duas empresas. Da operação surgiu uma holding da qual Easy e Cabify fazem parte e que tem como CEO Juan de Antonio, dono da empresa espanhola.

Fernando Matias, CEO da Easy, diz que hoje o serviço é oferecido em cerca de 300 a 400 cidades (os números oscilam, porque algumas operações são descontinuadas, enquanto outras são iniciadas), e que o foco da companhia é atuar em municípios relevantes, como capitais e cidades de médio porte. ;Mesmo no exterior não temos interesse em aumentar a presença em novos mercados;, diz.

O executivo afirma que o negócio envolvendo a concorrente 99 não representa uma ameaça no curto prazo, já que nesse momento o que aconteceu foi a compra pela Didi da participação que outros fundos tinham no negócio e que estava pulverizado. Ainda é preciso saber quanto os chineses pretendem investir no país. Enquanto isso, a Easy pode passar por mais rodadas de investimentos, indica Matias, sem dar detalhes.

;Os outros mercados internacionais já passaram por rodadas de investimento. Já o Brasil enfrentou, nos últimos três anos, um período de crise econômica e política, o que afugentou muitos investidores. Apesar de o acesso ao capital fora do Brasil ser muito mais barato, este pode ser um momento de maturidade do mercado brasileiro que venha a atrair capital;, avalia Matias.

O CEO da Easy está tão confiante no mercado que aposta em outros unicórnios brasileiros ; como são chamadas as startups com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão, como ocorreu com a pioneira 99. ;A partir da entrada da Uber, os players internacionais perceberam o potencial do Brasil, que provavelmente só perde para a China nesse segmento de apps de transporte. São países com características favoráveis a esse tipo de serviço ligado à mobilidade urbana;, diz.

Segundo Matias, com o crescimento do mercado brasileiro de apps de transporte, os aportes dos investidores, a exemplo do que se viu no caso da Didi e da 99, serão cada vez mais elevados. ;Os valores são maiores a partir do momento que os retornos são cada vez maiores;, afirma. As possibilidades de captação de recursos, segundo Matias, são variadas: bancos, fundos de investimento, tanto os que já fizeram aportes na Easy quanto aqueles com quem a startup ainda não tem uma relação. No entanto, o executivo não detalha com quem a startup vem negociando para uma rodada de investimentos.

Parceria com prefeituras


Para Fernando Matias, a principal preocupação da companhia é melhorar tanto a experiência do passageiro quanto a do motorista de táxi, com um investimento maior na parte operacional. ;Queremos melhorar uma relação que vinha se deteriorando também na Easy porque nos dividíamos entre os táxis e os carros;, explica. O executivo afirma que a empresa pretende aumentar a relação com os órgãos reguladores das prefeituras para tentar oferecer parte de sua tecnologia na melhoria da mobilidade urbana e assim ter serviços complementares ao transporte público ; quando o passageiro faz sua viagem, por exemplo, com ônibus municipal, metrô e táxi, interligando grandes trechos. Onde existe uma oferta pequena de ônibus, diz ele, os táxis podem ser uma alternativa para parte dos usuários.

Easy na direção


; Fundação: 2012, por Tallis Gomes

; Presença: 9 países da América Latina, incluindo o Brasil

; Alguns aportes de capital: R$ 10 milhões (Rocket Internet, em 2012) e R$ 30 milhões (Fundo LIH, em 2013)

; Junho de 2017: Easy se junta à Cabify, formando uma holding presidida por Juan de Antonio, dono do app espanhol


; Setembro de 2017: Easy passa a trabalhar exclusivamente com táxis

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