Economia

Vendas de carros disparam e reforçam retomada do setor automotivo

Setor automotivo começa o ano acelerando, com aumento dos emplacamentos, produção e exportação. Expectativa das montadoras é recuperar em 2018 as perdas dos últimos anos

Lino Rodrigues
postado em 07/02/2018 06:00
Presidente da Anfavea, Antonio Megale prevê que média histórica de  800 mil unidades vendidas para outros países deve ser superada este ano

São Paulo ; A indústria automobilística iniciou o ano de 2018 acelerando. Os números referentes ao mês de janeiro, divulgados ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos e Automotores (Anfavea), confirmaram a tendência de crescimento esperada pela entidade. Os licenciamentos de autoveículos, que incluem automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, atingiram 181,3 mil unidades, alta de 23,1% na comparação com o mesmo mês de 2017 (147 mil veículos), o melhor resultado para janeiro desde 2015.

A produção, na mesma comparação, foi ainda melhor, com alta de 24,6%, ou 216,8 unidades emplacadas. Na comparação com dezembro, mês tradicionalmente de maior movimento nas vendas, houve queda nos licenciamentos de 14,7%, mas crescimento de 1,5% na produção. ;Estamos ainda abaixo da média, mas pelo menos o número de vendas é crescente, mostrando que a recuperação que tivemos no ano passado deve continuar neste ano;, afirmou o presidente da Anfavea, Antonio Megale, lembrando que a o volume produzido em janeiro já equivale à média mensal dos últimos 10 anos.

[SAIBAMAIS]Segundo Megale, por conta da sazonalidade deste período do ano, os estoques ficaram acima da média em relação ao fim do ano passado. Em dezembro de 2017, o volume de veículos nos pátios das fábricas e nas concessionárias era suficiente para 36 dias. Em janeiro, subiu para 38 dias, o equivalente a 228,7 mil unidades.



A melhor notícia ficou por conta das exportações, que continuaram em franca recuperação no primeiro mês de 2018. Pelos números da Anfavea, em janeiro foram exportados pelas montadoras brasileiras 47 mil autoveículos, ou 23,6% acima do resultado registrado no mesmo mês do ano passado. Trata-se do melhor mês de janeiro da indústria automobilística. Em valores e somando as exportações de máquinas agrícolas, o resultado foi de US$ 1.030 bilhão, recorde do setor.

Setor automotivo começa o ano acelerando, com aumento dos emplacamentos, produção e exportação. Expectativa das montadoras é recuperar em 2018 as perdas dos últimos anosPara Megale, a média histórica de 800 mil unidades exportadas deverá ser ultrapassada ainda este ano. Em 2017, foram embarcadas 766 mil unidades, somando US$ 15 bilhões em receitas. Segundo ele, o acordo de intercâmbio comercial, fechado no fim de 2017, entre o Brasil e a Colômbia, que isenta as empresas do Imposto de Importação, deve ajudar a melhorar os números em 2018. A Colômbia, diz ele, já é o quarto maior comprador de veículos produzidos no Brasil, atrás apenas de Argentina, México e Chile.

Estabilidade


Outro ponto positivo destacado pela Anfavea para uma efetiva retomada das vendas no mercado interno é a estabilidade da economia, com inflação abaixo da meta, redução nas taxas de juros e do desemprego. ;Taxas (de juros) mais baixas facilitam o financiamento não só para automóveis, mas também para caminhões;, disse o executivo, salientando que o Brasil tem muito a avançar na questão do crédito, ainda muito seletivo pelos bancos.

A retomada das vendas também repercutiu positivamente no emprego dos trabalhadores nas montadoras. No final de janeiro, o número de empregados no setor subiu 1,7%, passando de 126,8 mil em dezembro para os atuais 129 mil. Mesmo assim, mais 1,7 mil funcionários ainda se encontram afastados de suas funções e com salários reduzidos no Programa Seguro Emprego, ou no sistema de lay-off.

Quanto à novela do Rota 2030, novo regime automotivo que vai substituir o Inovar-Auto, Megale disse que a Anfavea ainda não tem a garantia de que entrará em vigor em fevereiro. Segundo ele, falta definir a forma como serão concedidos os incentivos às montadoras que vão investir em pesquisa e desenvolvimento, valor estimado em R$ 1,5 bilhão por ano. ;A expectativa é de que teremos a aprovação do programa no fim deste mês, ou em março. Precisamos de uma política com regras bem definidas e que nos dê previsibilidade;, reclamou o executivo.

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