Economia

Ex-comandante da Dudalina defende empreendedorismo feminino

Sônia Hess, que passou 12 anos à frente da Dudalina, maior camisaria da América Latina, hoje dirige grupo de mulheres e defende a inclusão feminina nos negócios

Alessandra Azevedo
postado em 26/02/2018 10:57
Sônia faz questão de manter as portas do grupo abertas para mulheres que querem se envolver em políticas públicas, mas sem entrar no ambiente político

Com a propriedade de quem comandou durante 12 anos a maior camisaria da América Latina, a Dudalina, e hoje é vice-presidente do grupo Mulheres do Brasil, Sônia Hess explica a necessidade de inclusão feminina nos negócios e na política. ;Somos 50% dos eleitores e mães dos outros 50%;, evidencia. Fora da empresa desde 2015, agora quer ;devolver para a sociedade; o que recebeu.

[SAIBAMAIS]Sônia faz questão de manter as portas do grupo abertas para mulheres que tenham as mesmas pretensões: de se envolver em políticas públicas, mas sem entrar no ambiente político. As, hoje, 12 mil Mulheres do Brasil não são candidatas nem pretendem montar partidos, mas se engajam em temas que consideram primordiais para o desenvolvimento da sociedade. É o que Sônia explicará hoje, às 17h30, na palestra Liderança Feminina nos Negócios, no auditório no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Veja os principais trechos da entrevista ao Correio:

Como funciona o grupo Mulheres do Brasil?
Começamos em outubro de 2013, a partir de um convite do governo da época para que 40 empresárias fossem a Brasília falar sobre o que esperávamos do Brasil. Hoje, somos 12 mil. Queremos chegar a 100 mil mulheres engajadas. Temos vários grupos de trabalho, divididos em comitês. Lutamos contra a violência contra a mulher, pela cultura, pelo empreendedorismo, por meio de políticas públicas. Temos muitas causas, as não inventamos a roda.

O grupo vai participar das eleições deste ano de alguma forma?
Temos zero envolvimento político. Somos apartidárias e não seremos candidatas. Temos que estar isentas se somos de direita ou de esquerda. O engajamento é em políticas públicas e começa na própria sociedade civil. Sem radicalismo.

Pode citar um exemplo de ação do grupo com esse viés?
No caso das eleições, o que estamos fazendo, como fizemos na última eleição de vereadores em São Paulo, é criar plataforma para olhar quantas mulheres laranjas são candidatas. Existem muitos subterfúgios para ter a cota de mulheres candidatas. Vamos monitorarisso.

Esse é um dos problemas para que as mulheres ocupem espaços de destaque?
Vejo que hoje o grande problema é ter mulheres interessadas. Não é só quantidade, mas, muito, a qualidade. Claro que não se transforma isso em uma eleição, mas a gente vai aprendendo.

Por que a senhora resolveu se engajar?
Eu tenho 62 anos. Queria poder devolver para a sociedade muito do que eu recebi, no aprendizado como empresária e também como pessoa. Sempre gostei muito de gente, nunca tive hierarquia na vida. Para mim, são todos iguais. E amo meu país. Quero ser uma cidadã que vai trabalhar junto com outros braços, mulheres e homens, sem se envolver com política, mas pensando no melhor para todos.

Olhando a sua trajetória, houve mais dificuldades no início do que as que se impõem hoje?
Claro que todo mundo tem dificuldades, tem os percalços. Mas eu nunca olhei dificuldade, sempre olhei oportunidade. E sempre fui muito pragmática, positiva e otimista. Então, não fui de olhar o problema, sempre olhei a solução.

É um momento difícil para quem quer inovar?
A minha mãe foi empreendedora. Teve 16 filhos. Deve ter passado por umas 20 crises, e nunca olhou para isso. Então, o melhor a fazer é entender o que está acontecendo, mas se mover através disso. Temos 200 milhões de habitantes, somos um país extraordinário, vamos procurar as oportunidades e vamos acreditar.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação