Economia

EUA querem aplicar sobretaxas nas importações de aço e alumínio do Brasil

O Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, se encontrou com o Secretário de Comércio americano para discutir a situação, nesta quinta-feira

Bruno Santa Rita*
postado em 01/03/2018 19:39
O Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, se encontrou com o Secretário de Comércio americano para discutir a situação, nesta quinta-feira
O governo do Brasil recebeu, nesta quinta-feira (1;/3), a informação de que os Estados Unidos pretendem aplicar uma tarifa adicional de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio. A justificativa estaria na seção 232 da "lei de Expansão Comercial", de 1962. Em nota à imprensa, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) se mostrou "enormemente preocupado" com a situação. Caso confirmada, a restrição deve afetar as exportações brasileiras em ambos os setores.

[SAIBAMAIS]O professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), Newton Marques, compartilha da aflição que o governo expressou. "O Brasil é um dos grandes exportadores de aço e alumínio. Isso é receita para o Brasil. A partir do momento em que há sobretaxa, nosso produto fica mais caro no exterior e perdemos competitividade", explica.

Marques critica a política do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "Ao mesmo tempo em que ele defende o livre comércio, cria sobretaxa. Quem defende livre comércio não faz isso. Talvez esteja sob pressão de grupos econômicos", disse. Marques também argumenta que é possível que essa aplicação de restrições tenha o objetivo de favorecer outros países, o que justificaria a possível pressão exercida sobre Trump. "Com o prejuízo do Brasil, outros acabam sendo beneficiados", completa.

Em reunião realizada na última terça-feira (27/2) com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços Marcos Jorge reiterou que o aço brasileiro não representa ameaça à segurança nacional norte-americana. Segundo informação contidas na nota, "as estruturas produtivas siderúrgicas de ambos os países são complementares." O argumento é que 80% das exportações brasileiras de aço são de produtos semiacabados, um importante insumo para os americanos.

Do mesmo jeito, o Brasil também é o maior importador de carvão siderúrgico dos EUA - foram cerca de de US$ 1 bilhão em 2017. Isso constitui um insumo relevante para a produção brasileira de aço que é exportada, em parte, para os norte-americanos. Ainda no encontro, o secretário Ross se mostrou disponível para discutir uma solução para a situaçãoo O Brasil disse que irá "trabalhar construtivamente com os Estados Unidos para evitar eventual aplicação, pois traria prejuízos significativos aos produtores e consumidores de ambos os países", segundo relatou Marcos Jorge ao secretário americano.

Para o Marques, a opção é outra. "O brasil deve procurar a Organização Mundial de Comércio e fazer um ;Panel;, um processo contra países que criam sobretaxa", explica. Segundo ele, após a abertura desse processo, os EUA seriam condicionados a provar que o Brasil atua com uma prática de ;dumping;, que significa vender produtos no exterior a um preço inferior ao vendido em âmbito nacional a fim de se beneficiar.
*Estagiário sob supervisão de Ana Letícia Leão.

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