Economia

Brasil não descarta recorrer à OMC contra sobretaxa na importação do aço

Estados Unidos estipularam uma sobretaxa de 25% na importação do aço, e Brasil estuda como contornar o obstáculo

Alessandra Azevedo
postado em 12/03/2018 19:53
O governo brasileiro não descarta recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a sobretaxa de 25% estipulada pelos Estados Unidos sobre a importação de aço, mas, por enquanto, estuda em conjunto com outros países afetados quais são as melhores alternativas para contornar o obstáculo. A avaliação foi feita pelo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, nesta segunda-feira (12/3), após conversa com o presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto.

Azevêdo afirmou que "várias alternativas" foram exploradas na conversa com Temer, mas que o primeiro passo deverá ser negociar diretamente com os Estados Unidos. Segundo ele, o Brasil está "aberto para um diálogo, para uma tentativa de entendimento com os norte-americanos", assim como outros países. "O processo atual é difícil de facilitar especulações, porque os próprios americanos estão tendo conversas com parceiros comerciais. Temos, no primeiro momento, essa rodada de negociações. Eu espero muito que esses entendimentos frutifiquem e que nós possamos evitar uma situação de ;quid pro quo;", disse, usando expressão em latim que significa "confusão".

Retaliações


Caso as negociações não avancem, pode haver retaliações por parte dos países afetados, que passariam a estipular tarifas mais altas para a importação de produtos norteamericanos. "Eu ouvi a mesma coisa que vocês ouviram no sentido de que as medidas americanas poderiam encontrar contramedidas sendo adotadas por outros países", disse Azevêdo. As taxas seriam respondidas com outras por parte dos Estados Unidos, e assim sucessivamente, o que geraria um "efeito dominó". "Essa escalada é difícil de reverter. Uma vez que você entra por esse caminho de retaliações recíprocas, você sabe como começa, mas não sabe nem como nem quando consegue cessar esse processo", apontou o diretor-geral da OMC.

Azevêdo afirmou que ainda não houve determinação, por parte do Brasil ou de qualquer outro país, de recorrer ao mecanismo de solução de controvérsias na OMC. "Entendo que o governo não exclui essa possibilidade, mas estuda outras várias alternativas que estão sobre a mesa", disse. A expectativa dele é que as regras que forem acordadas sejam observadas, "até para evitar ações completamente unilaterais", que podem gerar retaliações. "Esse processo de ação e reação leva, às vezes, a guerras comerciais, que não são do interesse de ninguém. Só há perdedores, não ha vencedores em uma guerra comercial", declarou.

O representante da OMC também afirmou ter conversado, "em termos gerais e estratégicos", com o presidente Temer sobre os impactos da sobretaxa na economia brasileira. "O mercado americano é importantíssimo para o setor brasileiro porque é o maior comprador de aço do Brasil. É evidente que uma medida desse tipo, dessa natureza, terá impacto sobre as nossas exportações, e possivelmente sobre outros segmentos da economia", alertou. O volume do prejuízo, no entanto, "é difícil" de ser quantificado enquanto não se souber quais medidas serão tomadas efetivamente pelos Estados Unidos, em termos de cobertura de produtos e de países.

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