Economia

Meirelles: 'Conversa com secretário do Tesouro dos EUA sobre aço foi boa'

Meirelles disse que o Brasil pretende cumprir os prazos estabelecidos pela Casa Branca para recorrer da decisão de Trump

Agência Estado
postado em 20/03/2018 19:15
Meirelles disse que o Brasil pretende cumprir os prazos estabelecidos pela Casa Branca para recorrer da decisão de Trump
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que a reunião com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, para discutir a sobretaxação do aço e alumínio foi "boa e produtiva" e o norte-americano "manifestou bom entendimento da situação", além de "simpatia" pelo interesse do Brasil de ficar de fora das novas alíquotas.

O ministro ressaltou que não fez um pedido formal ao secretário para a isenção do Brasil das taxas adicionais, porque, segundo Meirelles, Mnuchin não é a pessoa específica para isso. O ministro disse que Mnuchin ouviu os argumentos brasileiros, mas como não é só da área dele que depende a decisão, o secretário ficou de conversar com o titular do comércio, Wilbur Ross. "Não pedimos formalmente porque ele (Mnuchin) não é a pessoa a receber nenhum pedido formal", disse Meirelles. A reação do secretário do Tesouro dos EUA "foi muito positiva" em relação ao Brasil, ressaltou Meirelles. "Ele ouviu com muita atenção."

Meirelles disse a jornalistas que na reunião com Mnuchin ele apontou que, com a exclusão do Canadá das novas tarifas, o Brasil passa a ser maior exportador de aço para EUA incluído nas medidas anunciadas por Donald Trump. "Essa taxação prejudica a indústria norte-americana. O produto semiacabado que o Brasil exporta pode encarecer os custos para a indústria americana", disse Meirelles, ressaltando que o produto é um matéria-prima para o setor manufatureiro dos EUA. "Ele manifestou bom entendimento da situação."

O ministro brasileiro disse ainda que ressaltou na conversa com o colega norte-americano que a balança comercial dos dois países tem sido favorável aos EUA nos últimos 10 anos. Na exportação de bens, os EUA têm saldo que em 10 anos somam US$ 90 bilhões e em serviços, US$ 150 bilhões. "Existe relação bilateral muito importante e achamos que não devia ser prejudicada por esse ato específico", disse Meirelles. "Se houver negociação, precisamos saber o que eles querem negociar", completou o ministro, ressaltando que o Brasil vai aguardar a manifestação dos EUA sobre o assunto.

Meirelles disse que o secretário dos EUA manifestou que não é intenção de Washington desencadear uma guerra comercial. Ainda sobre o aço, Meirelles disse que o Brasil pretende cumprir os prazos estabelecidos pela Casa Branca para recorrer da decisão de Trump.


Mercosul-UE


Meirelles disse que as medidas protecionistas de Donald Trump, que decidiu sobretaxar as importações norte-americanas do aço e do alumínio, podem contribuir para o avanço das conversas com Mercosul com a União Europeia (EU). "As medidas geram maior disposição de diálogo por outras partes."

"Existe boa vontade da União Europeia sim", disse Meirelles, após participar da reunião do G-20, o grupo formado pelos países mais ricos do mundo. Durante o encontro, ministros europeus deram declarações desencontradas sobre as negociações.

O ministro francês, Bruno Le Maire, declarou em entrevistas à imprensa que as conversas estavam "bloqueadas". Já o ministro das Finanças da Espanha, Román Escolano, afirmou que as negociações "devem avançar nas próximas semanas", mas é preciso "eliminar alguns obstáculos".

Meirelles disse que é natural, "absolutamente razoável", que o ministro francês não assuma posições no sentido de afirmar que as negociações estejam avançando. "O problema negocial está exatamente com agricultores franceses, que são aqueles que são mais afetados pela concorrência do etanol."

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