2013 Festival de Brasilia do Cinema Brasileiro

Benjamin Schmid homenageia personalidades brasileiras no festival de cinema

Após a apresentação do violinista, o público acompanhou o documentário Revelando Sebastião Salgado, de Betse de Paula

Ricardo Daehn
postado em 19/09/2013 07:15

O músico foi convidado especialmente para a aberturaComo segue a tradição, o 46; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB) começou rendendo homenagens a personalidades brasileiras. Desta vez, os convidados que estavam dentro da Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional acompanhando a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional aplaudiram de pé o solo do violinista austríaco Benjamin Schmid, músico convidado especialmente para a ocasião. O secretário de Cultura, Hamilton Pereira, lembrou que a reinauguração do Cine Brasília depois de uma longa reforma é importante como espaço de reafirmação do FBCB. ;Nós devolvemos o Festival de Brasília para a casa dele, para que ele possa se firmar novamente como principal festival cinematográfico do país;, declarou em breve discurso.

Após um intervalo de 15 minutos da apresentação da orquestra, o público acompanhou o desenrolar do documentário Revelando Sebastião Salgado, de Betse de Paula, revelação da intimidade do tímido fotógrafo brasileiro, com seus contornos mais escondidos, o convívio com a família e as histórias dos trabalhos mais importantes da carreira. A diretora, conhecida por dirigir comédias, fez do documentário pensado para a televisão, uma longa conversa tête-à-tête. Salgado mostrou ter domínio da palavra tanto quanto domina a imagem em fotografias em preto e branco. ;É um filme intimista, uma visão amorosa do fotógrafo;, classificou a cineasta. ;Eu fui uma diretora inventada em Brasília. Fiz meu primeiro longa-metragem aqui, fiz documentário aqui. Este filme é uma junção das duas coisas;, observou Betse.

Crítica / Revelando Sebastião Salgado por Ricardo Daehn

Um retrato revelado


Sai a mitificada dimensão de monólito ; construído no imaginário ;, e, como indica o título do documentário, a diretora Betse de Paula projeta um homem distinto, dotado de invejável cultura, algumas manias e intenso trabalho social. Comprometido há mais de 40 anos com imagens e dono de sensibilidade diferenciada, Salgado supre a aura idealizada pelo filho Juliano (roteirista da fita), que já o teve como ;um Indiana Jones;. Mas vai muito adiante.

Há exposição de um quê bravateiro e doses enervantes de inclinação metódica na organização das 500 mil fotografias do acervo, mas Betse de Paula sabe da cartilha de Salgado, nutrida pelo ditame de se centrar na dignidade dos objetos captados, e faz com que isso se aplique ao entrevistado. Amante da tradição pictórica holandesa, no documentário funcional, o expoente das imagens, se faz captar, a seu estilo, ;no domínio da luz que não incide diretamente; sobre os elementos em pauta.

Sem cores saturadas, Salgado é disponível, na hora de decifrar conceitos e enredos complexos integrantes das séries que criou, encorpadas no filão da ;fotografia social;. Para além do entendimento econômico o mestre da fotografia é gente: sabe assumir erros e tem humildade de admitir a generosidade dos fotografados, na ;integração total; de suas obras.

Afetuoso e agradecido pelo filho Rodrigo, que tem síndrome de Down, premiado pela ação ecológica e encantado pela simplicidade dos índios zoé, Salgado pode ser cortante, na medida da realidade que talhou em livro. É surpreende, quando embute, numa sentença: ;sem ser os animais que nós somos;. São parte das mil palavras por trás de cada fotograma.

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