Brasilia 56 anos

Padres deixaram suas terras natais para seguir o sacerdócio em Brasília

Geraldo Ascari, Armando Brédice, Flávio Demoliner e Antônio Francisco de Melo Viana são de lugares diferentes e servem a mesma paróquia no Cruzeiro Novo

postado em 21/04/2016 07:34

Geraldo Ascari, Armando Brédice, Flávio Demoliner e Antônio Francisco de Melo Viana são de lugares diferentes e servem a mesma paróquia no Cruzeiro Novo

Em algum momento da vida, todos eles receberam um chamado divino. Com o desejo de seguir o sacerdócio, vieram alguns receios e a certeza de que o caminho se resumiria a uma só palavra: servir. Vivendo e trabalhando na Paróquia Santa Teresinha, no Cruzeiro Novo, estes quatro padres tiveram de deixar os parentes de sangue para constituir novas famílias ; todas fundadas com base numa aliança com Deus. Hoje, consideram-se irmãos na fé.

[SAIBAMAIS]Padre Antônio Francisco de Melo Viana, 59 anos, deixou que Brasília entrasse em sua história antes mesmo de se tornar sacerdote. Em 1975, saiu de Piripiri, no Piauí, rumo à capital. Na companhia do irmão mais velho, trazia na bagagem o sonho de construir uma vida melhor na cidade que ainda debutava. ;Trabalhei em uma loja em Taguatinga; depois, na W3. Nessa época, estava em dúvida se entraria ou não para o seminário.; Três anos depois, disse sim ao chamado que recebeu e foi estudar no Rio Grande do Sul. Em 1985, tornou-se padre e mal sabia que, anos depois, regressaria para Brasília. Voltou. Passou mais oito anos aqui, até que foi enviado para outra missão. Apesar disso, parece que a cidade de Juscelino ainda insistia nele. ;Depois de tantas andanças, faz um ano que voltei. Gosto muito daqui.;

Padre Geraldo Ascari, 62, também tem uma história intimamente ligada à capital. Natural de Santa Catarina, foi para o seminário sem jamais ter cogitado a possibilidade de viver no centro político do Brasil. Estudou, tornou-se padre e, em 1990, veio para Brasília. À época, viveu e trabalhou com o padre Antônio, de quem é amigo há 37 anos. Dez anos depois, foi embora, e, em 2014, retornou para continuar o serviço.

O padre Flávio Demoliner, 54, é recém-chegado nesta família religiosa. Desembarcou na capital há apenas dois meses e está em plena fase de adaptação. Já o padre Armando Brédice, 99 anos, é o mais experiente. Italiano, viu muito da vida, é o mais antigo na cidade e serve de exemplo para os demais companheiros. Com dificuldade para andar e falar, o ancião da comunidade fala sobre como é ser sacerdote depois de tantos anos. Cansado, mas satisfeito e sereno, ele diz: ;É como sempre foi.;

Eles têm de lidar com a saudade de casa e dos parentes, mas não há tristeza. Com o auxílio uns dos outros e dos frequentadores da igreja, os religiosos sentem-se realizados. ;Lidar com a separação é a superação da nossa vocação. Isso é, muitas vezes, o mais difícil;, considera o padre Geraldo. Para o padre Antônio, tudo isso faz parte da vida sacerdotal. ;Ser padre é servir. Nós não temos o objetivo de riqueza e não somos donos de nada. É uma vida de renúncia, que não deixa em nós nenhum vácuo.;

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