Eleições 2014

Disputa por eleitores indecisos deve amenizar clima do último debate

Para cientistas políticos consultados pelo Correio, 'pegar leve' pode ser forma de angariar eleitorado em dúvida e insatisfeito com os últimos confrontos

postado em 24/10/2014 17:19
Qual a melhor estratégia para conseguir o voto dos eleitores que ainda não escolheram um candidato? Para três cientistas políticos da Uerj, da Unicamp e da UnB, consultados pelo Correio, Dilma e Aécio devem optar por uma postura menos agressiva no último debate presidencial na TV, nesta sexta-feira (24/10). Na avaliação, em vez de ataques, os candidatos à Presidência podem preferir deixar impressão mais positiva.

Os candidatos já dão pistas favoráveis a um clima ameno. Após dois debates agressivos na Band e no SBT, na semana passada -- com reações negativas nas redes sociais e postagens encorajando o voto nulo -- a atitude dos candidatos no confronto do último domingo (19) mudou. ;Existe um certo consenso que os ataques diminuíram;, diz a cientista política e professora da Uerj Argelina Figueiredo. ;Acho que ninguém vai arriscar muita coisa neste último confronto. Dilma e Aécio vão agir da forma mais amena possível;, acredita.

Segundo o diretor do Centro de Estudos de Opinião Pública e professor da Unicamp, Valeriano Costa, este é o momento para Dilma e Aécio angariarem votos dos indecisos e insatisfeitos com os ataques pessoais. ;A desaprovação dos eleitores faz com que os candidatos fiquem extremamente inseguros e cautelosos. Eles podem até ;bater; no início do debate, mas não podem deixar uma impressão ruim no final. Tudo isso pode pesar para o eleitor em dúvida;, avalia. ;Estamos naquela fase em que os decididos não mudam de lado e os sem voto definido vão se decidindo por meio da confrontação, mas sem que haja desqualificação do adversário. É isso o que define o segundo turno;, aponta Valeriano Costa.

O cientista político e professor da UnB David Fleischer concorda que o clima entre Dilma e Aécio vai esfriar, motivado, principalmente, pelo acordo feito pelos candidatos no TSE para acabar com os ataques no horário eleitoral gratuito. ;Acho que o moderador vai chamar atenção se ficar muito agressivo. Acredito que os ataques continuam, mas não tão pessoais;, pontua Fleischer.

Ataques
Os especialistas também concordam em outro ponto: a agressividade faz parte da disputa política e surte efeito se souber respeitar limites. ;Essa estratégia foi criada nos Estados Unidos e produz certo efeito: as pessoas procuram, investigam e conhecem mais os candidatos;, explica Argelina. Ela diz que ;ataques, fofocas e medo; estão presentes nas duas campanhas, mas a diferença é que eles variam para cada público. ;Medo de inflação, não crescimento do país, de tirar os programas sociais, aumentar o desemprego... E nenhuma dessas acusações é mentirosa;, exemplifica.

;O que está acontecendo este ano é padrão, é fichinha perto do que o Collor fez com o Lula;, sentencia Fleischer. ;Para mim, isso é política. Quem está envolvido com a vida pública tem que ter uma vida particular aparentemente limpa e sem suspeitas;, concorda Costa e diz que os eleitores não se interessam por debates propositivos. ;Nunca vi uma eleição que não tenha confrontação cara a cara. A agressividade faz parte.;

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