Eleicoes2010

Candidatos federais do PT gastam um terço de todos os postulantes do DF

Entre os distritais, valores somam R$ 7,5 mi

postado em 09/09/2010 07:18
Para concorrer a qualquer cargo público nas eleições gerais é preciso investir pesado. É o que mostram as prestações de contas parciais (1) dos candidatos, divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com o levantamento publicado ontem pelo Correio, eles gastaram até o fim de agosto R$ 15,9 milhões. Só na disputa para uma cadeira na Câmara Legislativa, foram investidos 47,4% desse montante. Para a Câmara dos Deputados, os 118 concorrentes aplicaram R$ 2,9 milhões. Um terço desse valor saiu das campanhas de quatro petistas. Aliás, o Partido dos Trabalhadores movimentou as quantias mais altas dos caixas eleitorais (veja o quadro).

O PT possui, atualmente, apenas um deputado federal pelo DF e pretende triplicar esse número nas próximas eleições. Para tanto, a sigla colocou quatro nomes de peso na briga. Geraldo Magela quer a reeleição, Paulo Tadeu e Erika Kokay tentam trocar a Câmara Legislativa pela nova Casa e o presidente regional do partido, Roberto Policarpo, estreia no pleito em nome dos servidores públicos. Juntos, eles arrecadaram R$ 1 milhão e gastaram R$ 930 mil até agora. As verbas são quase o dobro da segunda sigla com maior movimentação financeira, o PMDB ; que faz parte da coligação de Agnelo Queiroz (PT). Entre os quatro, Magela investiu mais alto: R$ 331,6 mil. ;Na verdade, os valores ainda estão baixos e só na prestação final é que vamos saber o que cada um gastou realmente;, diz Policarpo.

Para as disputas proporcionais, os petistas não fizeram alianças partidárias e concorrem sozinhos. Entretanto, as normas eleitorais fazem com que eles disputem entre si, criando um ambiente fratricida. A distribuição das cadeiras para cada sigla é feita de acordo com o quociente eleitoral. Para descobrir esse índice, é dividido o número de votos válidos pelo de lugares a serem preenchidos. A estimativa é de que, para eleger um dois oito deputados federais pelo DF, o partido terá de conseguir 225 mil votos. ;O sistema político não permite uma democracia plena e acaba gerando essa disputa interna;, explica o presidente do partido.

Entre os petistas que concorrem a uma vaga de deputado federal, Geraldo Magela investiu mais alto: R$ 331,6 mil na campanha pela reeleiçãoDe uma forma geral, é mais fácil um candidato ser eleito ao vencer o correligionário do que tomar a vaga de um nome de outro partido. Isso porque, para conseguir uma segunda cadeira, a legenda precisaria do dobro do quociente, 450 mil votos, e assim por diante. Ou seja, matematicamente é mais simples ultrapassar o colega por uma margem pequena do que tentar superar o índice. Diante desse cenário, o grupo do PT tenta alcançar uma votação expressiva para eleger o maior número de representantes, mas, ao mesmo tempo, cada um tenta superar o outro para não ficar de fora da distribuição das vagas.

Arrecadação
Os postulantes a uma das 24 vagas de deputado distrital são os mais numerosos (882) e os que acumulam a maior parcela da verba eleitoral. Somados, eles arrecadaram R$ 9,8 milhões e gastaram R$ 7,5 milhões. É praticamente a metade do total empenhado na capital da República nos dois primeiros meses de campanha. A média de doações por candidato é de R$ 11,1 mil, mas muitos deles têm contas similares a de majoritários. É o caso da estreante Celina Leão (PMN), campeã de arrecadação entre os pretensos distritais.

No último balanço, ela declarou ter recebido R$ 378 mil. É mais de três vezes o que declarou, por exemplo, o candidato a senador da própria chapa, o deputado federal Alberto Fraga (DEM) ; R$ 116 mil. ;Eu não tenho medo de declarar tudo de forma detalhada e não faço caixa dois;, diz. O partido dela é o segundo caixa mais forte da corrida à Câmara Legislativa. A presidenta da legenda é a distrital Jaqueline Roriz, de quem Celina foi chefe de gabinete. Agora, a filha de Joaquim Roriz (PSC) tenta conquistar uma vaga para federal e eleger como sucessoras a ex-subordinada e a irmã, Liliane Roriz ; que tem a segunda maior captação de recursos, com R$ 360 mil.

Na briga das coligações, o grupo formado em torno de Agnelo Queiroz (PT) conseguiu arrecadar o dobro da chapa de Roriz para eleger os deputados federais. O bloco Um Novo Caminho ; composto por PT, PMDB, PDT, PTB, PSB, PPS, PHS, PCdoB, PTC, PRP e PRB ; juntou R$ 2,3 milhões e gastou R$ 1,9 milhão. Por sua vez, o Esperança Renovada ; com PSC, PMN, DEM, PR, PTdoB, PSDB, PP, PRTB e PSDC ; arrecadou R$ 1,2 milhão e usou R$ 897 mil. Para eleger os distritais, as contas dos dois grupos são próximas, com ligeira vantagem para os rorizistas, com média de R$ 4,5 milhões de receita e de R$ 3,5 milhões de despesa.

1 - Balancetes
A Justiça Eleitoral determina três prestações de contas obrigatórias. No início de agosto e de setembro, os candidatos têm de mostrar os balancetes parciais, com os valores recebidos e gastos no período. Só em 6 de novembro eles devem apresentar os detalhamentos, com a identificação de cada doador e a apresentação dos recibos de cada despesa. Caso não tenha as contas aprovadas, o postulante deixará de receber a certidão de quitação eleitoral e não poderá tomar posse, se eleito, nem se candidatar em uma futura eleição.

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