Eleicoes2010

A festa é tucana em São Paulo

Geraldo Alckmin é eleito governador, em primeiro turno, com apertada margem em relação aos adversários. No Senado, Aloysio Nunes surpreende e deixa Marta e Netinho para trás

postado em 04/10/2010 11:38
A hegemonia do PSDB em São Paulo prevaleceu mais uma vez com a eleição, ainda em primeiro turno, do tucano Geraldo Alckmin, ex-prefeito e ex-governador do estado com o maior colégio eleitoral do país. Esta é a terceira vez que ele ocupa o cargo em 16 anos de administração tucana. A vitória, no entanto, não foi fácil, com o crescimento na reta final do senador do PT, Aloizio Mercadante. A hipótese de segundo turno só foi afastada quando faltava contabilizar menos de 1% dos votos. Ao final, a diferença entre eles foi de 3,5 milhões de votos, sendo que Alckimin obteve 50,6% dos válidos e Mercadante ficou com 35,2%.

Até o fim da noite de ontem, Mercadante ainda tentava lutar por um segundo turno. O resultado da votação poderia ser alterado por causa dos votos dos candidatos Paulo Búfalo (PSol), Luiz Prates (PSTU) e Igor Olímpio (PCB). Eles receberam votos, mas apareciam com zero por estarem sub judice, só que os votos desses candidatos, já contabilizados, não foram suficientes para reduzir o percentual de votos válidos de Alckmin.

Com a vitória consolidada, Alckmin se comprometeu a viajar o país para ajudar a eleição do candidato José Serra à Presidência. Ele também ressaltou a importância da eleição de Aloysio Nunes para o Senado.

Alckmin votou às 11h20 no Colégio Santo Américo, no Morumbi, Zona Sul da capital, acompanhado de um verdadeiro séquito. Além do companheiro de chapa, seu vice, Guilherme Afif Domingos (DEM), compunham a comitiva o prefeito da capital Gilberto Kassab (DEM), o governador Alberto Goldman, Aloysio Nunes, além de sua mulher Lu Alckmin, seus três filhos e de outros candidatos tucanos. Ele foi recebido com aplausos e desejos de boa sorte pelos eleitores. Cumpriu o ritual dos políticos ao dar um abraço em três crianças. Mesmo diante das demonstração de carinho, Alckmin passou por um constrangimento diante dos protestos de um eleitor que lhe perguntou quando ficará pronto o metrô da Vila Sônia. ;Eu preciso do metrô para trabalhar;, disse o eleitor.

Como se tivessem combinado, Aloizio Mercadante, também votou no fim da manhã, por volta das 11h30, em um colégio de Pinheiros, Zona Oeste da cidade. Ao chegar, o senador petista reafirmou sua esperança em um segundo turno. ;Agora, posso apenas aguardar o recado do eleitor, que será respeitado;, disse . Antes de votar, o senador foi a São Bernardo do Campo, onde acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na votação. Para integrantes do PT, o segundo turno poderia ter se tornado uma realidade, com um maior empenho do presidente Lula à candidatura de Mercadante. Ele demorou a decolar nas pesquisas, especialmente porque seu nome nunca foi uma aposta do seu partido para concorrer ao cargo.

O escolhido de Lula foi o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), que chegou até a mudar o domicílio eleitoral na intenção de atender ao pedido do presidente. Ciro Gomes , entretanto, tentou, em vão, até o último minuto, uma candidatura à Presidência. A campanha entre tucanos e petistas foi marcada por troca de farpas na reta final da corrida eleitoral. A estratégia de Alckmin foi evitar o confronto com Mercadante para não pôr em risco a liderança.

Sucesso
Aloysio Nunes (PSDB), ex-ministro do governo Fernando Henrique no qual ocupou a secretaria-geral da Presidência e o Ministério da Justiça, surpreendeu ontem e se elegeu com mais de 10 milhões de voto, senador pelo estado de São Paulo. O cantor e apresentador Netinho (PCdoB), que as pesquisas apontavam como um dos candidatos com melhor votação fez o caminho inverso e decepcionou. Ele não conseguiu se eleger e acabou em terceiro lugar. A segunda vaga paulista do Senado coube à petista Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo, numa disputa apertada com o apresentador. Marta conseguiu mais de 7 milhões de votos. A vitória de Aloysio Nunes pode ser entendida como uma demonstração dos tucanos em São Paulo e, também, de José Serra, que se empenhou pessoalmente na eleição do colega de partido.

Perfil

Paulista de Pindamonhangaba, Geraldo Alckmin entrou na política em 1971. Médico, virou prefeito da cidade aos 23 anos. Em 1982, foi eleito deputado estadual. Quatro anos mais tarde, elegeu-se deputado federal e foi reeleito em seguida. Entrou para o PSDB em 1988 e foi vice de Mário Covas, eleito governador em 1994. Com a morte de Covas, assumiu o governo em 2001, sendo reeleito no ano seguinte. Em 2000, perdeu a disputa pela prefeitura de São Paulo para Marta Suplicy (PT). Em 2006, concorreu à Presidência, mas perdeu para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Fica ou não fica pior?

Antes mesmo do término da apuração, o comediante Tiririca (PR-SP) já podia ser considerado o candidato a deputado federal com o maior número de votos absolutos dessas eleições, em todo o Brasil. Sucesso com o slogan ;Pior que tá não fica;, ele acabou eleito em São Paulo com mais de 1,3 milhão de votos. Uma espécie de protesto dos eleitores, como já havia ocorrido em 1988, quando o macaco Tião, animal do Zoológico do Rio de Janeiro, recebeu 400 mil votos, ou em 1959, em que o rinoceronte Cacareco levou 100 mil votos para o cargo de vereador, em São Paulo. Em ambos os casos, os votos eram feitos em cédulas de papel, e foram considerados nulos. Tiririca chegou a ter a candidatura ameaçada ao ser acusado de falsidade ideológica e de ser analfabeto, mas não foi impugnado. O humorista votou por volta das 9h da manhã, no bairro da Aclimação, Zona Sul de São Paulo, vestido como Francisco Everardo Oliveira Silva ; seu nome de batismo ;, sem a fantasia do personagem da canção Florentina. (Ana Cláudia Felizola)

São Paulo

Urnas apuradas 99,96%

Candidato - % dos votos válidos
Alckmin (PSDB) 50,63%
Mercadante (PT) 35,23%
Russomano (PP) 5,42%
Paulo Skaf (PSB) 4,56%
Fábio Feldmann (PV) 4,13%
Anai Caproni (PCO) 0,02%
Mancha (PSTU) 0,00%*
Igor Grabois (PCB) 0,00%*
Paulo Bufalo (PSol) 0,00%*


* candidatos sub-júdice

Votos brancos 4,86%
Votos nulos 5,24%
Abstenção 16,44%


Em Goiás, briga segue


A indefinição continua entre dois caciques da política goiana. Contrariando a turma do ;já ganhou;, Marconi Perillo (PSDB) não conseguiu vencer Iris Rezende (PMDB) em primeiro turno ; ambos são candidatos ao governo do estado. O senador tucano abocanhou 46,33% dos votos válidos em Goiás, contra 36,38% conquistados por Iris, que renunciou ao cargo de prefeito de Goiânia para participar das eleições. Apesar da vantagem de dez pontos percentuais aberta por Perillo, o segundo turno apresenta-se um tanto sombrio para o candidato. Isso porque o partido do terceiro colocado, Vanderlan (PR), é rival declarado de Perillo, o que pode favorecer Iris Rezende.

Além da possibilidade de Vanderlan repassar boa parte dos seus votos a Iris Rezende, o peemedebista deve lançar mão também da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se restringiu, durante a campanha, a ir a um único comício no Entorno de Brasília com sua pupila Dilma Rousseff. ;Pelo menos nesse primeiro turno notamos uma eleição muito regionalizada. Houve um certo descolamento da eleição nacional e estadual. A tal onda vermelha que se esperava não ocorreu na primeira etapa;, analisa o cientista político Itami Campos, da Universidade Federal de Goiás.

De acordo com Heloísa Dias, analista de estratégias políticas, o resultado do segundo turno em Goiás deve se atrelar mais ao apoio do terceiro candidato mais votado que propriamente do presidente Lula. ;Acho que poderemos atribuir o futuro à figura do Vanderlan, que trouxe um ponto de interrogação ao eleitor nessa disputa e foi a grande novidade numa eleição com dois ex-governadores;, opinou.

Para o Senado, Demóstenes Torres (DEM) se reelegeu com folga. Conquistou 44,09% dos votos válidos no estado. A segunda vaga também não trouxe surpresa, com Lúcia Vânia (PSDB) apoiada por 30,56% dos eleitores. Houve problemas comuns, ontem, em Goiás, como propaganda irregular e boca de urna. Um caso mais grave exigiu a intervenção do Ministério Público, que prendeu um ônibus do transporte escolar da Prefeitura de Porangatu cheio de eleitores. Embora tenha dito ao delegado da cidade que tinha uma autorização da Justiça Federal para transportar as pessoas, o motorista não apresentou o documento.

Goiás

Urnas apuradas 100%

Candidato - % dos votos válidos

Marconi Perillo (PSDB) 46,33%
Iris Rezende (PMDB) 33,38%
Vanderlan (PR) 16,62%
Marta Jane (PCB) 0,49%
Washington Fraga (PSol) 0,18%


Votos brancos 3,09%
Votos nulos 6,13%
Abstenção 17,97%


Puccinelli se reelege

Liana Verdini

O governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), se reelegeu para o cargo com 56% dos votos. Bateu os candidatos José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, que teve 42,5%, e Nei Braga, do PSol, com 1,51%. Para o Senado, não houve surpresas. Foram eleitos Delcídio Amaral (PT), com 34,9%, e Waldemir Moka (PMDB), com 23%. Delcídio é senador desde 2003 e parte agora para mais oito anos de mandato. Moka é deputado federal desde 1999 e fará sua estreia no Senado.

Em sua primeira declaração logo depois de confirmado o resultado, Puccinelli agradeceu aos eleitores e não escondeu a satisfação com o desfecho do pleito. ;As urnas configuraram o que imaginávamos. Fizemos um senador de nossa coligação, seis deputados federais e 17 estaduais;, contabilizou. ;O plano agora é continuar trabalhando e intensificar os programas e as ações existentes, agora com o equilíbrio econômico-financeiro que conseguimos;.

Puccinelli foi o primeiro a votar em sua seção eleitoral, por volta das 8h05 (9h05 no horário de Brasília), na Escola Estadual Lucia Martins Coelho, localizada no centro de Campo Grande. Ele estava acompanhado de sua mulher, Beth Puccinelli, e do prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho.

Em Mato Grosso, o governador Silval Barbosa também foi reeleito, com mais de 51% dos votos válidos. O adversário Mauro Mendes (PSB) teve 31% e o ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB), ficou com 16%. Para o Senado, foram eleitos, Blairo Maggi, do PR, com 37% do total, e Pedro Taques, do PDT, que conseguiu 24%.

Mato Grosso


Urnas apuradas 99,19%

Candidato - % dos votos válidos

Silval Barbosa (PMDB) 51,13%
Mauro Mendes (PSB) 31,91%
Wilson Santos (PSDB) 16,57%
Marcos Magno (PSol) 0,39%


Votos brancos 3,47%
Votos nulos 6,90%
Abstenção 20,95%

Mato Grosso do Sul

Urnas apuradas 100%

Candidato - % dos votos válidos

André Puccinelli (PMDB) 56,0%
Zeca do PT 42,5%
Nei Braga (Psol) 1,5%

Votos brancos 3,11%
Votos nulos 6,55%
Abstenção 18,13%

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