Eleicoes2010

Aliança entre PSDB e PT naufragou

Em 1989, apoio de tucanos no segundo turno para Luiz Inácio Lula da SIlva não foi suficiente para evitar a vitória de Fernando Collor

postado em 10/10/2010 10:24
Há 21 anos, quando foi realizada a primeira eleição presidencial em dois turnos, PT e PSDB estavam juntos para tentar eleger Luiz Inácio Lula da Silva, que disputava o Planalto com o alagoano Fernando Collor de Mello ; à época no PRN. Os tucanos se aliaram aos petistas na segunda fase da campanha, assim como fez Leonel Brizola (PDT), um ícone da política nacional, que por pouco não foi ao segundo turno com Collor. O PT de Lula rejeitou o apoio do PMDB, que amargou uma sétima colocação no primeiro turno com Ulysses Guimarães, um líder político da época, mas que vinha se desgastando com o governo de José Sarney. Os outros partidos liberaram seus correligionários para escolher o melhor candidato.

Mário Covas, então candidato do PSDB, logo que perdeu a eleição ; ficou na quarta colocação ; manifestou seu apoio a Lula, unindo-se a Brizola, que havia obtido o terceiro lugar. Do lado de Collor, ficaram outros partidos, como o PDS, pelo qual Paulo Maluf disputou a Presidência da República. Outros postulantes ao cargo, como Ronaldo Caiado, Fernando Gabeira e Guilherme Afif Domingos deixaram seus eleitores à vontade.

Enquanto os brasileiros se divertiam com Tieta, a novela da TV Globo que estreou na metade de 1989, os políticos começavam os seus contatos visando o segundo turno ainda na primeira etapa das eleições. Em sua última propaganda nas emissoras de TV, Ulysses Guimarães parecia perceber que não havia nenhuma chance para ele se tornar o presidente do país. E estava inclinado a apoiar Lula, a quem tinha um grande apreço. Mas o PT, por meio de José Genoino, recusou qualquer parceria envolvendo o PMDB e, consequentemente, Ulysses.

Sequestro
Com uma vantagem de quase 9 milhões de votos sobre Lula, Collor foi para o segundo turno com o candidato petista ; que obteve 11,6 milhões de votos. A campanha naquela etapa foi tensa e cheia de acontecimentos que marcaram a política brasileira após a redemocratização.

Uma semana antes do pleito, foi sequestrado em São Paulo o empresário Abílio Diniz ; dono da rede Pão de Açúcar ;, solto dias depois. Seus algozes foram presos e apresentados à imprensa com camisetas com as fotos de Lula. Somente depois do segundo turno é que as autoridades esclareceram que o crime não tinha vinculação com o PT. E Collor, com 4 milhões de votos a mais do que Lula, foi o primeiro presidente eleito diretamente após o regime de exceção.

100 anos da República
O primeiro turno das eleições em 1989 aconteceu em 15 de novembro ; quando a República completou 100 anos ; e o segundo, em 17 de dezembro. Naquele ano, o Brasil vivenciou algumas tragédias, como o naufrágio da embarcação Bateau Mouche, que vitimou 55 pessoas, incluindo a atriz Yara Amaral, e a queda de um avião da Varig na Amazônia. No Irã, faleceu o Aiatolá Khomeini, um dos fundadores do atual regime do país. Dalai-lama era contemplado com o Prêmio Nobel da Paz.

Palanques separados desde 94
Aliados no segundo turno em 1989, tucanos e petistas não sobem no mesmo palanque há 16 anos. Desde a eleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1994 ; ganhou de Lula no primeiro turno ; os dois partidos estão de lados opostos, não apenas em âmbito federal, mas na maioria dos estados. O PMDB, rejeitado pelo PT na primeira eleição direta para presidente, hoje faz parte da base aliada, inclusive tendo o deputado Michel Temer (PMDB-SP) como candidato a vice de Dilma Rousseff (PT).

Entretanto, alguns adversários do PT há 21 anos hoje são integrantes do governo ou apoiam a base aliada. Um deles é Fernando Collor de Mello, atual senador pelo PTB de Alagoas. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que teve seu apoio ao PT preterido em 1989, é um dos homens de confiança de Lula. Mesmo não tendo qualquer aproximação direta, Paulo Maluf (PP) também faz parte do grupo de apoio no Congresso.

Já Fernando Gabeira, que ficou neutro no segundo turno de 1989, mas depois se filiou ao PT, rompeu com seu antigo partido e aderiu ao PV.

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