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Não há espetacularização de tema ou de tratamento, em Rifle, o primeiro longa concorrente ao 49; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Davi Pretto, diretor da fita, conta que a produção remete aos westerns antigos, donos de olhar cru, em cima de paisagens com clima duro, ao estilo das fitas de John Ford e livre da ;beleza da revisitação do western;, na linha dos irmãos Ethan e Joel Coen, Terrence Malick e Quentin Tarantino. Longe disso, a exibição de Rifle não desperta no diretor receio da reação do público de Brasília. ;A gente vai se acostumando a passar filmes em diferentes lugares: o primeiro longa, Castanha, passei em Berlim e no Festival do Rio, com diferentes reações. Tenho mais é uma ansiedade em mostrar o filme logo;, pontua o gaúcho.
A vontade de assistir aos diversos filmes em competição anima Pretto. ;Não vejo os diretores como meus concorrentes, vejo como colegas de trabalho. Aliás, acho que, na conjuntura, vai ser um festival histórico, não tenho dúvidas;, observa o cineasta, encantado com a diversidade de regiões representadas na seleção da capital. Sem a explosão de fenômeno cinematográfico, como o do cinema pernambucano, nas palavras do diretor, pela posição geográfica o boom do audiovisual gaúcho ainda não se deu.
;Quero que olhem para cá (para o Sul);, sublinha ele, que filmou Rifle, em quatro semanas, com pouco menos de R$ 1 milhão, em Vacaiquá e Serrilhada, perto do Uruguai e das cidades de Dom Pedrito e Bagé.
Rifle, como reforça o cineasta, fala sobre identidade, a ;cruza; vinculada à história do Sul. ;O gaúcho representado no filme é uma mistura muito mais de latinos, com sangue de uruguaios, espanhóis e índios;, explica. O cenário escolhido para Rifle é rural e revela exploração irregular de terras e forças humanas. ;Permanecer numa terra ou não, numa situação de esvaziamento e de dificuldades, é um dos aspectos do longa;, conta Pretto.
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No filme, os personagens são de uma família de pequenos proprietários e nisso há uma questão: o dono de uma grande fazenda quer comprar as terras dos menores. Pairam as dúvidas quanto à venda, a exemplo do que acontece em Aquarius, assistido por Pretto no Festival de Cannes. ;Achei uma coincidência muito bonita;, observa.
Elenco forte
No elenco estão atores como Dione Ávila de Oliveira, Elizabete Nogueira e Evaristo Goularte. Longe de escola, de hospital, os personagens de Rifle habitam campos inseguros. ;O motivo de ficarem lá ou não é muito delicado. Há violência, que nem é tão física e óbvia, em comparação à violência psicológica, do dia a dia;, adianta o realizador.
Mesmo com diferenciação nas personalidades, atores iniciantes vivenciam histórias próximas deles. ;Não gosto da expressão não atores; eles estão encenando. Tivemos um método de aproximação de trabalho, sem muitos ensaios. Preferi filmar, antes do set, os atores conversando, jogando cartas, para maior entrosamento. O elenco é muito forte, e nos filmes gaúchos sempre tinha vontade de ver cenas interpretadas por moradores da região;, observa o diretor. Grosso modo, prevaleceu a construção de intimidade e confiança, ao estilo do feito em Castanha, primeiro longa de Pretto, feito há dois anos, e que mesclava ficção e realidade, tendo por norte a vida do transformista João Carlos Castanha.
Contar com o elenco preparado para circular entre as engenhocas de set de filmagens foi primordial para Rifle. ;Tinha equipe, tinha câmera, tinha fotógrafo. Tinha todo o maquinário que um set de cinema envolve;, demarca o diretor, formado em cinema, pela PUC de Porto Alegre. Produtor de laboratório de longas, num aparato que chega à segunda edição, com o Plataforma Lab, desde 2009, Pretto é curador e realizador de mostras, um operário do audiovisual que não se diz ;muito voltado para esta coisa de prêmio;. Quem sabe muda de opinião, com o 49; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro...
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Os curtas da noite
Ótimo amarelo
(Bahia, 20 minutos, classificação indicativa livre)
O baiano Marcus Curvelo dirige e protagoniza o curta, uma história que acompanha o personagem principal em sua volta a Salvador, após uma tentativa frustrada de viver fora da Bahia. Em meio a um cenário de gentrificação (processo no mercado imobiliário de revitalizar uma região periférica), o protagonista se atualiza sobre as transformações na cidade que abandonou enquanto questiona as mudanças urbanas e pessoais.
Quando os dias eram eternos
(São Paulo, 12 minutos, classificação indicativa livre)
Marcus Vinicius Vasconcelos, diretor do curta feito em animação, está curioso para receber a reação do público, na primeira participação no festival. Integrante de O menino e o mundo, fita de Alê Abreu que foi indicada ao Oscar, Marcus conta que o novo curta trata do destino de jovem rapaz que volta para casa para cuidar da adoentada mãe.
O Correio no festival
Além da cobertura diária no jornal impresso, a equipe do Correio produzirá conteúdo ao vivo sobre o Festival e um hotsite criado especialmente para o evento. Nas páginas oficiais do Facebook do Correio (Correio Braziliense) e da Editoria de Cultura (Cultura Correio Braziliense), transmissões ao vivo diretamente do Cine Brasília e um programa diário sobre a festa do cinema brasileiro farão parte da cobertura. No Snapchat, os perfis snapcorreio e culturacb trarão flashes de tudo o que movimentar o festival. Além disso, os perfis do Twitter (@correio e @CulturaCB) ou com a #cbnofestival; e no Instagram (@cbfotografia) completam a programação. O hotsite com toda a cobertura, programação e vídeos do festival é ttp://www.correiobraziliense.com.br/especiais/festival-de-brasilia.