Meios de pagamento

Presidente da Abrasel: verticalização reduz concorrência e eleva tarifas

Para Paulo Solmucci Junior, o "arranjo" desses meios de pagamento mostra uma interligação entre os emissores e detentores das bandeiras dos cartões e as credenciadoras ou adquirentes

Azelma Rodrigues - Especial para o Correio
postado em 05/12/2016 17:19
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci Junior, ressalta que a verticalização da indústria de cartões eletrônicos no mercado interno reduz a concorrência e se traduz em tarifas elevadas para o lojista e o consumidor.
[SAIBAMAIS]Segundo o empresário, o ;arranjo; desses meios de pagamento mostra uma interligação entre os emissores e detentores das bandeiras dos cartões (concentrados nas cinco maiores instituições financeiras) e as credenciadoras ou adquirentes (criadas com capital dos próprios bancos), donas das maquininhas (POS). O que geraria mais vantagens ao sistema financeiro.

Entre os custos elencados por Solmucci, há uma questão que chamam de ;interoperabilidade;, ou seja, a mesma maquininha fazer a compensação de todos os cartões. Esse sistema ainda não existe no país, exigindo do lojista a contratação de várias empresas adquirentes, ou seja, aumentando ainda mais os custos. Outra vantagem para as empresas envolvidas é que passam a deter os dados dos consumidores, dos estabelecimentos e o valor da transação.

Para o especialista em sistema financeiro Pedro Menezes, o modelo brasileiro cria uma situação privilegiada, que não é revertida em redução de custo para o lojista ou para o consumidor. ;Ao contrário, os bancos no Brasil cobram taxas abusivas para devolver um dinheiro que é do lojista;, diz.

;A verticalização hoje é um veneno para a sociedade, um veneno para o consumidor e um grande impulsionador do sistema bancário, que é um dos mais rentáveis do planeta;, complementa Solmucci. ;Temos que mudar essa realidade no Brasil;, continua.

Abusos

Presidente da First Data no Brasil, Henrique Capdeville, informa que está entrando no país como credenciador, mas com recursos próprios. ;O que trava se eu vou ter ou não mais dinheiro é a nossa fé no trabalho dos reguladores, de que nós teremos condições mais favoráveis de investir;, frisa.

A tese de Solmucci, porém, é contraposta por analistas que garantem que a verticalização atual proporcionou uma aceleração e um ganho de produtividade ao sistema. E que esse complexo sistema de registros para autorizar o pagamento tornou-se menos custoso, barateou para o lojista, apesar da forte interdependência com o sistema financeiro. (AR)

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