Meios de pagamento

Especialista acredita que varejo financia sistema bancário

Para o especialista em sistema financeiro Pedro Menezes, isso acontece porque as instituições seguram, por até 30 dias, os recursos oriundos das vendas antes de repassá-los aos lojistas

postado em 05/12/2016 18:11
Pedro Menezes, economista
A relação entre o varejo e o sistema bancário no Brasil é injusta, acredita o economista Pedro Menezes, especialista em sistema financeiro. ;O varejista brasileiro acaba dando crédito ao sistema bancário;, afirma. Isso ocorre, segundo ele, porque as instituições seguram, por até 30 dias, os recursos oriundos das vendas antes de repassá-los aos lojistas. Na opinião dele, um dos mecanismos para mudar essa realidade seria um pré-pagamento ou antecipação do dinheiro aos comerciantes, com descontos menores que os praticados nos recebíveis atuais.

[SAIBAMAIS]Convidado para o debate promovido pelo Correio e pela União Nacional de Entidades de Comércio e Serviços (Unecs), o economista português se propôs a ;dar uma visão de fora; sobre meios de pagamentos. Na avaliação dele, existe uma situação ;muito negativa; para o varejo, pois a indústria de cartões atua no Brasil num ambiente de ;muita concentração do sistema financeiro, com pouca competitividade;, onde ;cinco bancos; detém 85% do mercado de crédito.
"O varejista vende menos com a crise, fica com estoques parados e é obrigado a recorrer ao crédito caro num mercado bancário concentrado. Portanto, torna-se refém dos bancos"
Pedro Menezes, economista
;O mercado de meios de pagamento é muito verticalizado, no qual a maior parte das credenciadoras pertence aos grandes bancos.Tal concentração deixa as taxas de juros muito altas, tornando qualquer transação muito cara, pesada para o cliente final e para o varejista, que vê necessidade de obter retorno expressivo para se compensar;, afirma. A crise, que continua a assolar a economia brasileira, piora esse quadro, reduzindo a capacidade do varejo em fazer dinheiro, além de aumentar a inadimplência. ;O varejista vende menos com a crise, fica com estoques parados e é obrigado a recorrer ao crédito caro num mercado bancário concentrado. Portanto, torna-se refém dos bancos;, frisa.

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