Pensar Brasilia

Parque digital promete trazer multinacionais e desenvolver empresas locais

postado em 02/12/2012 16:16

Obras do complexo do Datacenter, Banco do Brasil e Caixa Economica Federal no Parque Tecnologico Capital Digital

O Distrito Federal sobrevive à custa do setor público e do comércio e sofre com a ausência de fábricas e indústrias há anos. De uns tempos para cá, entretanto, o brasiliense tem se questionado se as vagas em concursos serão capazes de absorver a mão de obra de uma população que só cresce e atinge níveis altos de educação. Uma nova matriz econômica, limpa, criativa e tecnológica, parece ser a solução encontrada para o gargalo histórico: o Parque Tecnológico Capital Digital (PTCD).

Há 12 anos, governo, academia e setor privado vêm discutindo como transformar a cidade numa referência nacional e internacional no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Com a conclusão do estudo de viabilidade e o lançamento do edital que definirá o responsável pela gestão do empreendimento ainda esse ano, o parque está mais perto de se tornar realidade. A ideia é instalar cerca de 1.200 empresas, instituições de pesquisa e centros de informação e armazenamento de dados; e, assim, reunir, num mesmo local, indústrias e prestadores de serviço do segmento de tecnologia. A área escolhida tem 123 hectares, o equivalente a 123 mil m; ou 123 campos de futebol, e fica entre a Granja do Torto e a Água Mineral.

[SAIBAMAIS]Os recursos investidos não vêm apenas dos cofres públicos. O Governo do Distrito Federal (GDF) optou por um modelo de Parceria Público Privada (PPP) entre a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), dona do terreno; a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Católica de Brasília (UCB), que realizaram o estudo de viabilidade; e uma empresa privada, responsável pela construção, manutenção e gestão da infraestrutura física e tecnológica do parque. A Sociedade de propósito específico (SPE) será concluída com o resultado da licitação para definir a empresa privada gestora. Segundo a Terracap, o processo licitatório deve ocorrer ainda esse ano.

Engenharias
O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal deram largada às obras. Isso porque o parque contará com outros prédios além das empresas de tecnologia: um datacenter dos dois bancos e outro do BRB, um instituto/universidade e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI). Segundo o projeto da pasta, essas instituições, que ocupam cerca de 6% da área, não dependem da empresa gestora e, por isso, estarão operando a partir do ano que vem. O parque em si fica sujeito às datas da licitação, mas a intenção é as empresas de tecnologia se instalarem e começarem a operar entre 2014 e 2017. O GDF entra com um investimento inicial de US$ 540 milhões e o parceiro privado com US$ 607 milhões ao longo de três anos.

O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Glauco Rojas, observa que serão gerados 25 mil empregos diretos e que as empresas instaladas fazem parte um setor amplo, de hardware, software e treinamento. ;É o conceito de polo mesmo. Tudo que se relaciona ao mercado de tecnologia tem potencial para ocupar a área;, afirma.

Para o professor de engenharia de redes da comunicação Rafael Timóteo de Souza, as profissões mais promissoras são as de ciência da computação, engenharia de redes e de comunicação, engenharia de telecomunicações, engenharia de softwares e de tecnologias intermediárias (interdomínios).

Timóteo participou do grupo da UnB que analisou a viabilidade técnica e econômica do projeto. Foram 25 pessoas entre engenheiros, economistas, administradores, profissionais da computação e outros; além da equipe da Universidade Católica. Tanto o professor quanto o secretário chamam a atenção para o fato de o parque ser de terceira geração, portanto, aberto à sociedade e com infraestrutura para se tornar um novo centro econômico. ;Haverá demanda por outros serviços, como alimentação e lazer. Será uma espécie de condomínio, com espaços do convivência e divisão de recursos, como no breaks;, explica Rojas.

Devido a esse potencial, o professor acredita que até 65 mil empregos possam ser gerados indiretamente, nos setores de automação, saúde, educação, sistemas de informação, hotelaria, entre outros. O governo conta com a academia para prover a mão de obra qualificada e se prontifica a criar novos cursos e instituições caso a demanda não seja atendida. Se necessário, será implantada uma Escola Superior de Software, mas o modelo ainda não foi definido.

Confira a reportagem da TV Brasília

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Para saber mais
Setor chave
O setor de TCI faturou US$ 3 bilhões em 2011 e movimentou 3,5% do PIB do DF, o que, para o secretário de ciência, tecnologia e inovação, só se compara à indústria civil. Hoje a capital conta com 700 empresas privadas e 30.300 postos de trabalho, que garantem a terceira colocação de maior mercado do país. Com o parque, a perspectiva é ter um crescimento superior a 7% e se estabelecer na segunda posição, atrás apenas de São Paulo. A tendência é brasileira, já que o país ocupa a sexta posição nos negócios mundiais, disputando com os emergentes China e Índia e os desenvolvidos Japão, Alemanha e Estados Unidos. São, ao todo, 70 mil empresas responsáveis pelo faturamento de R$ 96 bilhões.

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