Ser Sustentável

Lixo do DF cresceu 7,2% em 2013

O aumento do volume é quase o dobro da média nacional, que registrou um acréscimo de 4,1%. Especialistas defendem a adoção de estratégias de reciclagem: quanto mais lixo, mais atenção do poder público

postado em 08/08/2014 18:44

Em vez de reduzir, o Distrito Federal aumentou a produção de resíduos sólidos. De acordo com relatório divulgado esta semana pela Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), os moradores, comércio e indústria do DF geraran no ano passado 4.423 toneladas de lixo ao dia ; ou 297 toneladas a mais que em 2012.


O documento mostra que o acréscimo foi generalizado e que no total o Brasil produziu 3 milhões de toneladas a mais de lixo em 2013, um aumento de 4,1% em relação ao ano anterior. Em contrapartida a coleta nacional diminuiu em 10%, o equivalente a 20 mil toneladas de lixo ao dia que deixaram de ser recolhidas e foram despejadas em locais impróprios como córregos ou na rua.


Segundo Carlos Silva Filho, diretor presidente da Abrelpe, o crescimento da população ; que no DF foi de 5% e no Brasil de 3,7% ; é um dos principais motivos que alterou os números da pesquisa. ;Infelizmente as ações de educação ambiental em relação à gestão de resíduos ainda são incipientes, superficiais. Não produzem efeitos práticos;.

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Professor de Engenharia Ambiental na Universidade de Brasília, Ricardo Silveira Bernardes aponta a economia como fator de mudança na produção de resíduos. ;É notório que o DF é o local de maior renda per capita no Brasil, por isso o aumento aqui é proporcionalmente maior;. Não é à toa que dados do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) do DF indicam que Brasília é a região administrativa que mais produz lixo no DF (145 mil toneladas ao ano), a frente inclusive de Ceilândia (111 mil toneladas ao ano), que concentra a maior população.


Bernardes afirma que a distribuição de renda também tem impacto direto já que uma faixa da população que não consumia e não produzia lixo passa a consumir e a produzir. ;Em locais que você sabe que vai produzir mais, tem que ter estratégias maiores de reciclagem. Mas nossas políticas públicas ainda não são capazes de absorver essa demanda crescente.;


Esse cenário não só coloca o país entre os principais produtores de lixo no mundo, ficando atrás apenas de Estados Unidos, China, União Europeia e Japão, como também representa em números a dificuldade do Brasil em atingir os objetivos definidos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, estabelecida pela Lei n; 12.305.

A lei, instituída em agosto de 2010, estabelece metas prioritárias como redução do volume de resíduos, eliminação dos lixões e construção de aterros sanitários. Mas o DF ainda engatinha em relação a todas as metas. Além do aumento da produção de lixo, a construção do aterro de Samambaia, previsto para ser concluída no dia 2 de agosto, está em fase inicial e o lixão da Estrutural, o maior da América Latina, continua ativo.

Uma década
Na avaliação de Silva Filho, o Brasil vivencia um processo transitório por causa do aumento do poder aquisitivo da população aliado à falta de consciência do consumidor. Para reverter a situação, o diretor presidente da Abrelpe defende que o Estado invista em educação ambiental e na conscientização do consumidor e que a indústria comercialize produtos que sejam aptos ao reuso. ;Estamos numa transição de gestão inadequada para uma gestão adequada que precisa de investimento de todos os lados para sair do papel;.

Para o Brasil atingir o cenário ideal tanto na coleta quanto na destinação de resíduos, Silva Filho é taxativo. ;Se continuar com a evolução no ritmo atual, conseguiremos universalizar a coleta de resíduos em uma década mas o fim dos lixões e o pleno funcionamento dos aterros somente em 2060;.

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