Ensino_EducacaoBasica

Geração de poderosas

Esse papo de que menina tem que gostar de cor-de-rosa e de português e de que menino curte a cor azul e de matemática não está com nada. Esta turma de Sobradinho é craque em números e promete ingressar em carreiras consideradas do domínio masculino

postado em 17/02/2014 12:28

Da esquerda para a direita: Laisy, Larissa, Pâmela, Alice, Yasmin e Ingrid, acham que a mulher pode escolher qualquer profissãoAs propagandas de brinquedos para meninas normalmente envolvem muito cor-de-rosa, princesas, xícaras, louças, bonecas; Agora, imagine jogar tudo isso para o ar e construir uma engenhoca. É isso que três garotinhas fazem num comercial da GoldieBlox, uma startup ; uma empresa de projeto inovador ; de brinquedos infantis. Entre os produtos vendidos, estão livros e jogos que incentivam garotas a se tornarem engenheiras. A ideia veio de Debbie Sterling, fundadora da empresa e graduada em design de produtos, no departamento de engenharia mecânica da Universidade de Stanford. As meninas não costumam ser encorajadas a gostar de engenharia e é isso que Debbie quer mudar.

A maior parte das pessoas que trabalham com matemática, física, química, engenharia, estatística e outros cursos da área de exatas é formada por homens. Em história, letras, filosofia, direito, comunicação, administração e outras graduações da área conhecida como humanas, as mulheres costumam ser maioria. De acordo com o Censo da Educação Superior, a cada 100 estudantes de engenharia nas faculdades brasileiras, 30 são mulheres. No mundo, a cada 100 profissionais das áreas de ciências, de matemática e de tecnologia, apenas 15 são mulheres, de acordo com o Institute of Electrical and Electronics Engineers (em português, Instituto de Engenharia Elétrica e Eletrônica).

Perguntas e mais perguntas Muitos pesquisadores acham que há menos engenheiras do que engenheiros porque as meninas não são ensinadas a pensar que engenharia é legal ; enquanto os meninos são. Será? Há tantas perguntas a fazer; Quem foi que disse que meninos gostam de contas e de blocos de montar e que meninas gostam de palavras e de bonecas? Por que azul é para garotos e rosa, para garotas?

[SAIBAMAIS]Meninas craques da matemática do Distrito Federal podem não ter a resposta para todas essas perguntas, mas sabem muito bem do que gostam e acham que mulher pode fazer de tudo, desde que seja o que ela quer fazer. No Centro de Ensino Fundamental 8 de Sobradinho, fica o Centro para Atendimento Educacional Especializado aos Estudantes com Altas Habilidades/Superdotação. Algumas garotas passam bastante tempo por lá. Outras são alunas regulares do colégio e arrasam nos cálculos.

Fã de ciências e de matemática, Ingrid Castro, 12 anos, acha que a mulher pode escolher qualquer profissão:

; Eu, por exemplo, quero ser cirurgiã ou legista. Minha família acha esquisito, mas não me incomoda ver sangue ou corpos. Não sou fresca. Adoro ciências e matemática, são conteúdos de que não dá para enjoar porque sempre variam, é muito fascinante.

Para a aluna Laisy Vieira, 12, dividir matérias entre homens e mulheres é besteira:

; Não tem nada a ver se a pessoa é menino ou menina para gostar de exatas ou humanas. Acho, inclusive, que as meninas são muito mais interessadas e esforçadas que os homens.

A jogadora de xadrez Alice Lobo, 10, concorda:

; Meninos e meninas podem gostar de qualquer coisa. Mulher pode assumir qualquer profissão.

Com planos de ser professora, Larissa Pereira, 12, pretende mudar o que as meninas acham sobre matemática.

; Matemática serve para tudo e fico encantada com razão e proporção. Quero ser professora de exatas porque sou boa nisso e quero ensinar outras pessoas a gostarem desses conteúdos.

Uma boa professora pode até fazer isso.


Futuras engenheiras

Conheça meninas que prometem ser uma geração de engenheiras de sucesso.
Esse papo de que menina tem que gostar de cor-de-rosa e de português e de que menino curte a cor azul e de matemática não está com nada. Esta turma de Sobradinho é craque em números e promete ingressar em carreiras consideradas do domínio masculino
Pâmela Martins, 11 anos
Atual estudante e monitora de matemática. Futura engenheira robótica

Vou bem em todas as matérias na escola, mas matemática é a minha favorita porque é um conhecimento que você leva para a vida toda. Você precisa de matemática para tudo, para ser contadora, para ser engenheira ou até para fazer compras. Criar robôs e foguetes é complicado, mas legal.
Esse papo de que menina tem que gostar de cor-de-rosa e de português e de que menino curte a cor azul e de matemática não está com nada. Esta turma de Sobradinho é craque em números e promete ingressar em carreiras consideradas do domínio masculino
Yasmin Santos, 11 anos
Atual estudante. Futura engenheira civil

Sou fã de matemática, de história e de robótica. Gosto de matemática e de expressões numéricas porque sinto facilidade nessas áreas e sei que isso vai me ajudar a me tornar engenheira civil. Escolhi minha profissão porque, quando eu era menor, ficava observando prédios bonitos e altos em Brasília e no Rio de Janeiro. Resolvi que eu queria fazer aquilo.

Para ver

Propaganda do bem

Confira o comercial da GoldieBlox que mostra que meninas podem se amarrar em construir engenhocas pelo link .

Menininha consciente
Ficou famoso na internet um vídeo em que Riley, uma garotinha, reclama da separação dos brinquedos entre meninos e meninas numa loja. Ela pergunta por que os brinquedos de meninas se resumem a princesas e a coisas cor-de-rosa, enquanto os meninos têm super-heróis e coisas coloridas. O vídeo está disponível, em inglês, em http://youtu.be/-CU040Hqbas.

Modelos de verdade
A fotógrafa americana Jaime Moore pensou sobre os ídolos que gostaria que sua filha de 5 anos, Emma, realmente tivesse. Em vez de ter princesas como modelo, a garotinha se espelhou em mulheres que fizeram diferença na história. A mãe fez um ensaio fotográfico em que a filha imita personalidades como a aviadora Amelia Mary Earhart, a autora e ativista surda e cega Helen Keller e a cientista Valerie Jane Morris Goodall. Confira o ensaio completo em .

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação