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Projeto propõe inclusão do esperanto como matéria optativa do ensino médio

postado em 23/05/2014 20:18
O Projeto de Lei n; 6.162, de 2009, do senador Cristovam Buarque, propõe inserir o esperanto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Com isso, o ensino da língua internacional se tornaria matéria optativa nas escolas de ensino médio dentro de três anos após a aprovação. Atualmente, a proposta tramita na Câmara dos Deputados, depois de ter sido aprovada pelo Senado em 2 de outubro de 2009.

Para Evandro Avellar, presidente da Liga Brasileira de Esperanto (LBE), é importante oferecer aos jovens a chance de aprender uma segunda língua que é falada em mais de 100 países. Porém, de acordo com ele, a grande dificuldade está no fato que as pessoas não têm conhecimento sobre o idioma e a procura é tímida."Com a aprovação do projeto, o poder de convencimento será maior;, acredita. Devido à demora na aprovação, a LBE chegoui a encaminhar uma carta aberta à presidente Dilma Rousseff, em junho de 2013, para incentivar a divulgação do esperanto nas esferas governamentais do Brasil.

Evandro acredita que a aprovação do projeto representaria a ;certidão de nascimento; do esperanto aqui no Brasil, mas que, além disso, seria preciso criar novos cursos ou capacitar professores de outras línguas que já lecionam para dar aulas de esperanto no ensino médio.

Atualmente, a Universidade de Brasília vem desenvolvendo grande papel na disseminação do esperanto dentro do ambiente universitário por meio da abertura de um curso de idiomas que é oferecido na própria instituição. Segundo Evandro, a implantação do curso representa um avanço para torná-lo mais acessível à comunidade. ;A criação do curso de esperanto na UnB Idiomas é um diálogo que se inicia para o esperanto;, acrescenta.

Paulo Nascentes, docente aposentado do Instituto de Letras (IL) e professor do curso de esperanto da UnB Idiomas, ressalta que o esperanto é uma língua que possui status especial em relação às demais porque não é propriamente uma língua moderna, como o inglês e espanhol, e que, por não ser própria de nenhum país, ela não é muito conhecida. No entanto, ele lembra que existem universidades brasileiras, como a Universidade Federal do Ceará (UFC), que já oferecem o curso de esperanto desde 1965.

Na UnB Idiomas, o curso tem duração de quatro semestres e, atualmente, possui duas turmas. A primeira é formada por 6 alunos que estão no último período do curso. Já a segunda é formada por 20 estudantes, na grande maioria universitários, entre 20 e 30 anos. Apesar disso, Paulo Nascentes destaca que alguns grupos também contam com pesquisadores mais experientes.

Joaquim Brasil, 55 anos, é especialista em neurologia e aluno do curso avançado de esperanto da UnB Idiomas. Joaquim diz que já falava inglês, mas destaca que, por gostar de aprender outras línguas, decidiu tentar o esperanto. Segundo ele, o esperanto não é a língua nativa de nenhum país e que por esse motivo, durante os congressos, os pesquisadores são colocados no mesmo nível, sem privilégios, já que todos têm as mesmas dificuldades na hora de falar e de se expressar.

O estudante já está de malas prontas para o Congresso Universal de Esperanto 2014 que acontecerá em julho, na cidade de Buenos Aires. Além disso, o especialista em neurologia destaca que costuma baixar filmes em esperanto e que procura ouvir diariamente a rádio online, Esperanta Retradio.

O médico também ressalta que, hoje, enciclopédias virtuais como a Wikipedia, jornais famosos como o Le Monde Diplomatique e livros como a Bíblia possuem tradução para o esperanto. Para Joaquim, a vantagem da língua é que não é preciso ter um vocabulário muito extenso para compreender, já que pelos radicais das palavras é possível entender o significado delas.

Autodidatas
Mas a aprendizagem também pode ocorrer por conta própria. Para Henrique Sertão, 27 anos, aluno do último semestre de biblioteconomia na UnB, o aprendizado começou sozinho a partir de sites em português de esperanto, ou que faziam tradução do português para o esperanto. O interesse pela língua surgiu devido ao trabalho. Segundo ele, o fato de a língua ser franca, facilita o intercâmbio de dados e a disseminação das informações.

Para ele, o esperanto representa o casamento perfeito entre a futura profissão e as aplicações da língua. A aplicabilidade na ciência e o fato de ser uma linguagem internacionalmente aceita foram os fatores que mais chamaram a atenção do jovem há cerca de um ano, quando iniciou os estudos.

Henrique ainda está no nível iniciante do esperanto, mas, segundo ele, a principal dificuldade da língua está na proficiência falada, ou seja, na conversação. Porém, uma vantagem é que muitas das palavras utilizadas vem do latim, o que torna a aprendizagem mais rápida.

O jovem ainda ressalta que, para praticar a língua, ele costumava trocar e-mails constantemente com pessoas de sites em esperanto, mas que agora deixou o esperanto de lado por conta da falta de tempo. Para o futuro, Henrique pretende fazer o curso da UnB Idiomas e estudar cada vez mais para traduzir documentos e facilitar o aprendizado de outras pessoas.

Esperanto no Mundo
O esperanto foi criado em 1887 pelo Dr. Lázaro Luís Zamenhof, um médico polonês. Representa essencialmente um idioma neutro, ou seja, que não pertence a nenhuma nação, e por isso é um importante instrumento para a promoção da igualdade entre os povos. Além disso, é uma língua proposta com o objetivo de facilitar a comunicação através de um idioma simples, que atravessasse fronteiras e pudesse ser aprendido rapidamente. Atualmente, existem cerca de 100 mil adeptos do esperanto no planeta.

Além disso, o esperanto é visto pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como uma ferramenta de comunicação entre as nações e ferramenta pedagógica para a aprendizagem de idiomas. Hoje, países como China e Hungria já implantaram a língua como matéria opcional nas escolas ou já oferecem cursos de pós-graduação na área, respectivamente.

Anote:
UnB Idiomas

O curso de Esperanto é organizado em 10 módulos/níveis com carga horária de 45 horas/aula por nível, assim distribuídos:
; Básico 1, 2 e 3
; Intermediário 1, 2 e 3
; Avançado 1, 2 e 3
; Conversação

Comunidade externa: público sem qualquer vínculo com a Universidade de Brasília.
Valor à vista: R$ 445
Valor a prazo: R$ 645 em 3 parcelas de R$ 215

Comunidade interna: alunos, professores e servidores da Universidade de Brasília.
Valor à vista: R$ 325,
Valor a prazo: R$ 480 em 3 parcelas de R$ 160

Sites que oferecem cursos:

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