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Sem aula em semana de prova

Até a noite de ontem, cerca de 50 mil servidores da Secretaria de Educação não haviam recebido salário. Professores protestaram em frente ao Palácio do Buriti e prometem continuar de braços cruzados. Funcionários da saúde têm assembleia hoje

postado em 09/12/2014 10:45 / atualizado em 10/11/2020 10:14
Pelo portão, criança observa uma creche fechada em  Samambaia  (Minervino Junior/CB/D.A Press - 1/12/14 )  
Pelo portão, criança observa uma creche fechada em Samambaia


   
 


Cerca de 600 professores se reuniram ontem em frente ao Palácio do Buriti: em caso de greve, o ano letivo ainda pode ser muito prejudicado (Paula Rafiza/Esp. CB/D.A Press)  
Cerca de 600 professores se reuniram ontem em frente ao Palácio do Buriti: em caso de greve, o ano letivo ainda pode ser muito prejudicado


Os docentes do Distrito Federal não viam o salário atrasar há aproximadamente 10 anos, segundo o Sindicato dos Professores (Sinpro). Eles deveriam ter recebido os vencimentos até a última sexta-feira, mas o GDF não conseguiu fazer os repasses até ontem à noite. Com contas atrasadas, a categoria cruzou os braços e deixou os alunos da rede pública de ensino sem aulas. Embora o ano letivo termine em 22 de dezembro, estudantes ainda fazem provas e pais aguardam pelos resultados. Apesar de faltarem poucos dias, a categoria enfatiza que não pode concluir o trabalho sem assegurar os direitos básicos dos trabalhadores. Ontem, cerca de 600 professores protestaram em frente ao Palácio do Buriti.

Ao todo, cerca de 50 mil servidores aposentados e da ativa estão sem receber. Pega de surpresa, a professora Kátia de Paula, 46 anos, atrasou o pagamento do cartão de crédito, o financiamento da casa, a prestação do carro e outras contas. No cargo há 18 anos, ela teme que as consequências da falta de pagamento “inviabilizem” o ano letivo. “Ainda estamos realizando as provas do 4º bimestre, fazendo os conselhos de classe. Se tivermos que repor aulas, ainda podemos atrapalhar as viagens dos pais e as férias”, afirma. Após reunião com a Secretaria de Administração Pública do DF, representantes do Sinpro informaram sobre a possibilidade de o salário estar na conta ainda hoje, mas, caso isso não ocorra, nova paralisação está marcada para as 10h.

Justificativas

Em nota, a pasta destacou que o salário dos servidores do setor é pago com parte da verba do Governo Federal e parte do Tesouro Distrital. O montante federal só teria sido depositado no fim da última sexta-feira. Além disso, a receita do DF teria problemas devido ao baixo crescimento da economia e à frustração na arrecadação. Por isso o atraso. Só nas áreas da saúde e da educação, são 80 mil servidores: cerca de 30 mil da área hospitalar e 50 mil da educação. Para pagar os vencimentos, o GDF precisou fazer o depósito de R$ 700 milhões.

De acordo com a diretora do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) Rosilene Correia, além dos salários, existe o compromisso do governo de pagar o 13º, em 20 de dezembro, para os profissionais que fazem aniversário neste mês e a diferença dos que nasceram em outros meses. Para a próxima sexta-feira, o Executivo ainda firmou o compromisso de quitar os acertos de aposentadoria, que são os benefícios não usufruídos pelos servidores ao longo da carreira.

Creches


A saga dos pais que matricularam os filhos em creches conveniadas ao Governo do DF continua. Desde agosto, 22 instituições não recebiam os repasses e tiveram que paralisar os serviços. Na noite da última sexta-feira, oito delas receberam a verba e abriram as portas ontem, mas as outras 15 ainda não podem voltar a ofertar o serviço aos 1.615 alunos matriculados. A promessa é de que os R$ 3,7 milhões necessários para que elas retomem as aulas sejam pagos amanhã.

Segundo o presidente do Conselho das Entidades de Promoção e Assistência Social do DF (Cepas), Ciro Heleno, as creches não têm dinheiro, e os cerca de 500 empregados estão com salários e 13º atrasados. “Mesmo assim, acreditamos que o depósito será feito. Eles vão cumprir a promessa. Disseram que pagariam uma parte na sexta e pagaram. Estamos com esperança”, afirmou.

   
 

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