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Finalistas do Centro-Oeste impactam alunos com circo, arte e folclore

Projetos de Goiânia e Mato Grosso oferecem atividades de educação integral em áreas periféricas

Ana Paula Lisboa
postado em 13/12/2017 15:50

Entre 32 finalistas, o Prêmio Itaú-Unicef escolheu quatro vencedores. No entanto, mesmo os que não foram escolhidos para a honraria final têm muito mérito. Conheça os três projetos do Centro-Oeste que chegaram à final nesta edição:

Casal leva circo e teatro à periferia

Alunos aprendem habilidades do circo em Goiânia

Casados há quase 25 anos, Maneco Maracá e Seluta Rodrigues são parceiros também de trabalho e iniciaram juntos o Circo Laheto, em Goiânia. O projeto Arte, circo e cidadania, criado em 1995, chegou à final do Prêmio Itaú-Unicef pela sexta vez. Atualmente, a iniciativa atende 160 crianças, das quais 130 são da Escola Municipal Bárbara de Souza Morais (a parceria com o colégio começou em 2009), no bairro Novo Mundo, na região leste de Goiânia. ;É um bairro com histórico de violência e tráfico. E o projeto tem interferido e mudado a realidade dos alunos;, Valdemir de Souza, que atende pelo nome artístico de Maneco Maracá.

Maneco Maracá esteve no Prêmio Itaú Unicef representando Goiânia na final

A associação oferece atividades de circo, teatro, reforço escolar e leitura aos estudantes. ;Apesar de não termos ganhado o prêmio nacional, só chegar até a final, passar por etapas importantes é um grande reconhecimento. A gente sabe que o processo de avaliação é rigoroso e engrandece o feito de chegar até aqui;, afirma. O projeto tem 11 colaboradores e oito coordenadores do programa Mais Educação. A iniciativa também conta com o trabalho de alunos e professores da Universidade Federal de Goiás (UFG).

O prêmio financeiro conquistado por chegar à final é dividido com a escola e as decisões de como investi-lo são conjuntas. Maneco conta que o projeto é financiado, majoritariamente, por meio da verba arrecadada em espetáculos e por meio do aluguel de um espaço de festas. Outras fontes de recurso são convênios municipais e aporte financeiro de projetos, como o Criança Esperança, da Rede Globo.

Associação de professor muda realidade da escola

Atividades de arte são forte de projeto de Mato Grosso


Em Várzea Grande (MT), o projeto Artes da Escola atende 80 crianças com faixa etária de 9 a 15 anos. O trabalho é fruto de parceria entre a Associação Social Civil Abaiuc (Asca) e a Escola Municipal de Educação Básica Dirce Leite de Campos, que tem 617 alunos de 5 a 14 anos. Jane Márcia Pires, diretora do colégio, e José Diaz, responsável pela associação e professor-pedagogo do colégio, contam que o trabalho começou há dois anos.

Na sede da unidade de ensino, são desenvolvidas atividades que envolvem fanfarra, teatro, musicalização, letramento, conhecimento de informática, raciocínio lógico e teatro. Durante o período vespertino, em que a educação integral é implementada, os participantes também fazem as tarefas de casa. A ação não tem capacidade ainda de atender todos os estudantes do colégio. ;Há inclusive uma lista de espera;, revela a diretora.

A falta de espaço é uma das barreiras para ampliar o escopo do projeto. ;Para o trabalho com esses 80 alunos, foi preciso remanejar salas;, observa José. Em 2018, os organizadores devem atender 100 estudantes. Apesar de ter começado há pouco tempo, Jane identifica muitas mudanças no corpo discente. ;Melhorou o comportamento, o respeito entre colegas, as brincadeiras se tornaram mais saudáveis, há menos brigas;, comemora.

A iniciativa começou por causa de uma turma considerada difícil de lidar. ;Tinha uma sala que nenhum professor queria pegar e, com a parceira com a Abaiuc e o professor José Diaz, as coisas começaram a mudar;, diz. ;Deu tão certo que nos inscrevemos no Prêmio Itaú-Unicef no ano de início do projeto, 2015, e já fomos finalistas;, completa José. ;Eu queria fazer um trabalho diferenciado por causa disso, pois o teatro mexe com o comportamento, com a leitura; A Jane me deu carta branca para fazer o trabalho e deu resultado;, finaliza.

Folclore como instrumento de educação


Iniciativa de MT resgata o folclore

Outro projeto de Mato Grosso foi finalista do Prêmio Itaú-Unicef: Recriarte - Revitalizar, criar e transformar com arte. As atividades ocorrem em Barra do Bugres (MT) por meio de parceria entre o Instituto Afro-brasileiro Mato-grossense de Barra do Bugres e a Escola Estadual José Ourives. A ação, que envolve danças, músicas regionais, artesanato outras manifestações artísticas, atende 84 crianças e adolescentes, que vem de bairros periféricos, quilombos e comunidades ribeirinhas. O objetivo é resgatar o folclore local por meio da educação integral.

*A jornalista viajou a convite da Fundação Itaú Social

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