Ensino_EnsinoSuperior

Operação da PF prende quadrilhas que fraudavam vestibulares de medicina

Mais de 40 foram presos até agora. Criminosos chegavam a cobrar R$ 80 mil por gabarito

postado em 12/12/2012 13:32

A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (12/12), a Operação Calouro, para desarticular quadrilhas especializadas em fraudar vestibulares de medicina em todo o país. Mais de 40 pessoas foram presas até o momento e, no total, devem ser cumpridos 70 mandados de prisão e 73 de busca expedidos pela Justiça de Vitória (ES). Os criminosos chegavam a cobrar R$ 80 mil por gabarito.

Segundo a PF, as organizações são altamente especializadas, lucrativas, organizadas e disseminadas. As quadrilhas fraudavam os vestibulares falsificando documentos e substituindo o aluno durante as provas. Também eram feitos gabaritos e difundidos por meio eletrônico aos candidatos.

Mais de 290 policiais participam da operação em 10 estados (GO, MG, ES, RJ, SP, TO, RS, AC, MT e PI) e no Distrito Federal. No DF, ninguém foi preso, foram cumpridos apenas mandados de busca, segundo a superintendência da PF local.

O delegado responsável pela investigação, Leonardo Damasceno, da superintendência da PF no Espírito Santo, explica que a operação durou um ano e meio e buscou desmembrar tudo que o havia por traz das fraudes de vestibulares de medicina no Brasil.

"Essas quadrilhas atuavam já de longa data e eles não se intimidam diante do poder público", afirma o delegado. Sete organizações foram alvo da Operação Calouro. Elas atuavam principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, mas fraudavam provas em todo o país.

A estrutura tinha quatro níveis. No topo estavam os líderes. Em seguida, vinham os pilotos, alunos bem preparados, normalmente de universidades federais de medicina. Eles resolviam a prova rápido e passavam as respostas por meio eletrônico ou então faziam a prova no lugar do candidato usando documentos falsos.

Os treinadores ou operacionais treinavam os alunos para usarem as respostas durante as provas e axiliavam o líder. No último nível, ficavam os corretores - linguagem que os próprios criminosos usam -, que faziam a captação dos clientes insterassados em comprar gabaritos.

No caso da fraude eletrônica, o preço cobrado varia de R$ 25 a R$ 50 mil. Quando a fraude ocorria por meio de documentos falsos, o valor variava de R$ 45 a R$ 80 mil.

O delegado Damasceno revelou ainda que muitos dos membros desses grupos já foram presos outras vezes por fraude. Os criminosos atuavam, principalmente, em instituições privadas e em algumas estaduais, evitando as universidades federais, por causa do risco maior para o esquema de fraude. De acordo com o delegado, os nomes das instituições prejudicadas só serão revalados oficialmente quando os casos forem encaminhados para a Justiça.

"Na nossa visão, essa operaçãpo mostra que é um problema generalizado, muito difundido. Não é pontual e não se resolve apenas com uma operação. Merece uma atenção muito significativa, pois causa um dano à saude pública", destaca o delegado.

Damasceno informou também que a superintendência do ES vai repassar os conhecimentos para todas as unidades da PF para que elas conheçam a forma como as organizações criminosas operam e possam agir de forma a evitar as fraudes.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação