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UFMG vai investigar trote racista

João Henrique do Vale/Estado de Minas
postado em 19/03/2013 11:51
Uma das fotos que provocaram revolta nas redes sociais: os alunos comemoraram o trote com saudação nazistaImagens de um trote com alusão ao racismo e ao nazismo, organizado por alunos do curso de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na semana passada ; e que circularam nas redes sociais neste fim de semana ;, causaram comoção na instituição. Ontem, a reitoria anunciou que apura se houve excessos por parte de estudantes. Uma reunião extraordinária foi convocada para hoje pelo centro acadêmico do curso.

Uma das fotos que mais provocou reações mostra uma jovem pintada com tinta preta, puxada pela corrente por um aluno branco e carregando no pescoço um cartaz onde se lê: ;Chica da Silva;, em uma alusão à escrava que ganhou dinheiro e a própria alforria depois de se envolver amorosamente com um alto funcionário da Corte portuguesa no século 18. Outra fotografia mostra um calouro amarrado a uma pilastra, cercado por estudantes fazendo a saudação nazista. Entre os veteranos, um jovem ainda utiliza bigode semelhante ao do ditador Adolf Hitler (1889 -1945).

Logo que surgiram as imagens nas redes sociais, os estudantes foram duramente criticados pelos internautas. Alguns questionavam se aqueles seriam os futuros juizes, magistrados, advogados e políticos do país. Mas também apareceu quem defendesse o trote, com o argumento de que as imagens estavam fora de contexto.

A vice-reitora da universidade, Rocksane de Carvalho Norton, repudiou a atitude dos alunos. ;O trote na UFMG é proibido e a realização é passível de punição, conforme regimento da universidade. Hoje fomos surpreendidos por este fato, que surgiu nas redes sociais. A diretoria já vai iniciar os processos de apuração e a estipular a punição para os envolvidos;, disse. Todos os anos, a UFMG promove uma semana inteira de eventos para receber os alunos novatos. ;Realizamos um evento em parceria com o Diretório Central dos Estudantes (DCE), com shows e palestras, explicando a universidade. Então, nada explica os trotes. Eles são proibidos e os alunos sabem disso;, explicou a vice-reitora.

Por meio do Facebook, o diretor de Relações Públicas do centro acadêmico, Daniel Antônio da Cunha, informou que os trotes não são organizados nem financiados pela entidade estudantil, ;sendo de inteira responsabilidade dos veteranos;. Mesmo assim, os fatos serão apurados pelo diretório.

Os trotes são problemas recorrentes na UFMG. Em março do ano passado, a direção da instituição já havia informado que iria punir os veteranos que insistissem em promover as brincadeiras, muitas de gosto duvidoso. A política de tolerância zero surgiu depois que alunos de turismo relataram que duas calouras foram amarradas a um poste. Os veteranos se vestiram de policiais militares e colocaram preservativos na ponta de cassetetes, obrigando os novos universitários a lamber o objeto.

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O trote na UFMG é proibido e a realização é passível de punição, conforme regimento da universidade. A diretoria já vai iniciar os processos de apuração e a estipular a punição para os envolvidos;
Rocksane de Carvalho Norton, vice-reitora da UFMG

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