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Em abril, o futuro das cotas

O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UnB define no dia 3 se a ação afirmativa será reduzida, eliminada ou se mantém o atual modelo

postado em 14/03/2014 12:39
A continuidade das cotas raciais na Universidade de Brasília (UnB) tem data para ser definida. Em 3 de abril, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) decide o futuro da ação afirmativa, que pode ser reduzida, erradicada ou ficar como está. No próximo dia 21, ocorrerá uma audiência pública na Universidade de Brasília (UnB) para um balanço da primeira década da medida. A reunião, aberta a toda a comunidade acadêmica, deve ser a última antes do edital do vestibular, que terá a questão resolvida o quanto antes para não sair atrasado.

O Cepe se reuniu na tarde de ontem para definir o caso, que, atualmente, gira em torno da redução de 20% para 5% da reserva de vagas. Mas uma nova data da audiência pública foi marcada a pedido de um dos representantes dos estudantes, Vitor Reis, que tem cadeira no conselho. Ele afirmou que não houve espaço para que os alunos e o público externo participassem das discussões sobre o tema, tendo em vista que as duas últimas reuniões, realizadas em 2013, não foram divulgadas para a comunidade acadêmica.

Antes de escolher 3 de abril para a reunião definitiva, alguns representantes de institutos da UnB haviam relatado as decisões das respectivas faculdades. Dois votaram pelo fim do sistema e pela adoção apenas das cotas determinadas na Lei Federal n; 12.711/2012, que determina a destinação de 50% das vagas em universidades federais a estudantes de escolas públicas e garante a reserva para negros, pardos e índios. Dois ainda optaram pela manutenção dos 20% de cotas raciais, e outros dois pelo adiamento da deliberação. O restante votou pela redução da reserva para 5%.

Opinião pública
Durante a reunião de ontem, estudantes cotistas e não cotistas se manifestaram, relatando a realidade do aluno negro na universidade. A estudante de direito Mariana Barbosa, 20 anos, constatou que havia apenas dois professores conselheiros no encontro e questionou o encaminhamento do debate. ;Não é uma questão quantitativa. Somos pessoas. Quero saber qual é esse projeto que a UnB tem para mulheres negras como eu;, reclamou. Quem participou do encontro foi o rapper GOG. ;Estamos em um Estado racista, que, quando vai discutir o assunto, joga para a opinião pública;, contestou.

O professor de antropologia José Jorge de Carvalho, idealizador do modelo de cotas da UnB, trabalha com o assunto há 15 anos e, para ele, o debate durante a reunião foi um dos mais importantes do ponto de vista político. ;Estudantes cotistas participaram e se apresentaram como sujeitos do tema, algo que não acontece muito no Cepe. Alguns conselheiros se surpreenderam porque não imaginavam a realidade do racismo;, afirmou. Ele tem expectativas de que o novo prazo possibilite mobilizar a comunidade acadêmica para ampliar a proposta de 5% para 10% e também implementar cotas na pós-graduação. ;Ouvi alguns professores mencionarem a ideia hoje. Os cursos de antropologia e de sociologia já adotaram a ação;, adiantou.

Comissão

Implantado na UnB em 2003, o sistema de cotas raciais tem a proposta de aumentar a representatividade de negros no ambiente acadêmico. Além disso, a mudança deveria ser avaliada a cada década em funcionamento. Por isso, a comissão escolhida em junho de 2013 trabalha para tomar uma decisão sobre o assunto. O grupo é formado por professores relatores, que acompanharam o sistema.

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