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Impasse nas negociações dificulta fim da greve

Gestores afirmam que pautas locais contrariam decisões de conselhos superiores. Grevistas impedem funcionamento da reitoria por mais de seis horas

postado em 03/04/2014 10:43

Gestores afirmam que pautas locais contrariam decisões de conselhos superiores. Grevistas impedem funcionamento da reitoria por mais de seis horas

A paralisação iniciada em 17 de março segue sem previsão para terminar. Em meio a reivindicações de movimento nacional, pautas locais do comando de greve dos servidores técnico-administrativos dificultam o avanço do diálogo para normalizar as atividades na Universidade de Brasília. Para gestores da instituição, pontos pleiteados pelos grevistas não podem ser atendidos porque contrariam decisões consolidadas nos órgãos colegiados. ;Não é possível passarmos por cima do posicionamento dos conselhos. Tampouco podemos ignorar princípios legais;, afirma a decana de Gestão de Pessoas, Gardênia Abbad.

Entre as demandas que vão de encontro às deliberações dos conselhos e mesmo da legislação, Gardênia destaca a flexibilização da jornada de trabalho. ;Podemos aperfeiçoar o processo de implementação, mas é impossível flexibilizarmos 30h semanais para toda a universidade. Essa questão foi discutida com profundidade pelo Conselho de Administração (CAD), que optou pelo cumprimento da lei;, diz. Resolução antiga que versava sobre foi questionada pela Controladoria Geral da União e pelos ministérios da Educação e do Planejamento, Orçamento e Gestão.

A manutenção de trabalhadores do é outro ponto inviável na visão da decana. ;Assinamos um TAC [Termo de Ajustamento de Conduta] com o Ministério Público do Trabalho para solucionarmos a questão trabalhista da universidade. Os trabalhadores do Sicap precisam ser substituídos gradualmente por aprovados em concurso público, sob pena de sermos processados por improbidade administrativa e recebermos multas diárias acima de R$ 1 mil reais por trabalhador irregular;, justifica.

O reitor Ivan Camargo concorda com a avaliação da decana. Ele inclui o pleito pela revogação de com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), contratada para gerir o Hospital Universitário, entre os que afrontam os conselhos. ;Não temos mandato para desautorizar o CAD e o Consuni [Conselho Universitário];, diz.

LIMINAR ; Ivan Camargo lamenta a ;distorção do conteúdo de decisão judicial por parte do comando de greve;. Em 21 de março, o Tribunal Regional Federal da 1; Região determinou a desobstrução do acesso de edifícios e instalações da UnB. ;Ao contrário do que o sindicato vem dizendo, não judicializamos a greve. O direito de greve é legítimo e sempre será respeitado. O que não podemos admitir é o bloqueio de serviços essenciais e a restrição do direito de ir e vir;, afirma. O reitor diz que a medida foi solicitada após insucesso em tentativa de acordo para retirada de . ;Conversamos, enviamos carta, comissão de negociação tratou do assunto;, informa.

Em publicação apoiada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), o movimento critica a ;criminalização da greve; e o ;acionamento da polícia;. A administração contesta as alegações. ;Ressalto que em nenhum momento a gestão pensou em solicitar ou solicitou ação policial;, garante o reitor Ivan Camargo.

MANIFESTAÇÃO ; Nessa terça-feira (1), o movimento grevista impediu o funcionamento do gabinete do reitor por cerca de seis horas. Sindicalistas subiram as rampas do prédio da Reitoria e fizeram barulho com matracas, fogos de artifício e carro de som. O Salão de Atos e parte do gabinete foram ocupados. ;Essa ação faz parte de uma série organizada pelo comando nacional de greve em função do período dos 50 anos do golpe de 1964;, afirma o coordenador geral do Sintfub, Mauro Mendes.

A decana Gardênia Abbad diz que manifestações pacíficas são justas, mas ;rechaça a violência característica das invasões;. Apesar das críticas, a responsável pela área de recursos humanos da UnB concorda com o pleito nacional por melhores salários. ;É uma reivindicação justa e pertinente. Todo trabalhador almeja equidade salarial;.

Membro de comissão que negocia com o comando de greve, o professor e pesquisador Cristiano Melo considera que a ocupação não contribui para solucionar o impasse. ;O processo de negociação está aberto. Não era necessário;. O docente informa que novo encontro em busca de conciliação está agendado para a próxima sexta-feira (4).

UnB Agência

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