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Mudanças agitam a UCB

postado em 08/04/2014 11:18
Alunos da UCB planejam amanhã manifestações, às 8h e às 19h, no câmpus de Taguatinga, contra o novo modeloOs estudantes Universidade Católica de Brasília (UCB) terão que se esforçar para seguir um novo modelo de ensino, previsto para começar no segundo semestre deste ano. A universidade fará uma reestruturação no modelo de graduação e mudanças no horário, na quantidade de aulas virtuais e presenciais e na duração dos curso entre outras. Uma das mais polêmicas é a obrigatoriedade de cursar a grade horária da faculdade completa. A decisão elimina a possibilidade de o aluno montar grades com três ou oito disciplinas a fim de economizar ou adiantar a conclusão do curso.

Segundo o coordenador do Comitê de Comunicação da reitoria, Alexandre Kieling, a universidade está trabalhando com base nos modelos exigidos pelo Ministério da Educação. Ele afirmou que as mudanças são para valorizar alunos e professores. ;A lógica de ter 40% de doutores e mestres é do MEC, e isso faz parte do processo;, explicou. Kieling disse ainda que a redução de quatro para três horas o turno das aulas será compensada com o aumento do número de encontros. ;Não haverá prejuízo;, garantiu.

O clima na universidade é de insegurança e medo, principalmente por parte dos professores. Alguns deixaram a instituição e a maioria prefere não comentar as mudanças por receio de demissão ou retaliações. A nova estruturação também chegará aos professores. Somente serão mantidos na universidade os profissionais com mestrado e doutorado.

Duas manifestações estão marcadas para as 8h e as 19h de amanhã, no câmpus de Taguatinga da universidade. Paulo Filipe Pedrosa, 20 anos, aluno de direito, enumera os prejuízos do novo modelo. ;Vão fundir as matérias de financeiro e de tributário, assim quem já fez uma das disciplinas, como é o meu caso, terá que repetir;, reclamou. Integrante do Centro Acadêmico de Direito da Católica, Lício Jônatas Oliveira, 22 anos, contou que o calendário será reformulado. De acordo com o planejamento deste ano, as aulas deste semestre deveriam terminar em 27 de junho, mas se estenderão por mais três semanas. ;Isso pode prejudicar as pessoas que têm um planejamento;, comentou.

Aluno de biologia, Paolo Lucas Rodrigues Silva de 18 anos, planejou concluir o curso em cinco anos. Ele pretendia agregar à grade de matérias da universidade mais disciplinas, o que será proibido no próximo semestre. ;Achei ruim, pois não falaram nada, não explicaram direito, apenas obrigaram. Dessa forma, somente vou me formar em oito anos do jeito que eles querem;, criticou. A reportagem entrou em contato com a UCB, mas não teve retorno até o fechamento desta edição. No site da universidade, um vídeo explicativo aborda a reestruturação como uma tentativa de ;melhorar a prática e aprimorar a qualidade de ensino, com o objetivo de modernizar o modelo de aprendizagem e estimular uma postura mais ativa dos estudantes;.

Aulas virtuais
Uma professora, que prefere não ter o nome revelado, afirmou que as decisões estão sendo tomadas de forma arbitrária e unilateral. ;Muitos alunos terão que sair porque não terão condições de pagar a grade horária fechada. E as outras mudanças que querem fazer, como o Dia do Aprender Aprender, vão prejudicar os alunos porque eles não estão preparados para seguir esse modelo, semelhante ao dos cursos de mestrado e de doutorado;, explicou.

O Dia do Aprender Aprender, segundo a professora, será um dia sem aula. Ou seja, o aluno terá a liberdade para estudar sozinho, sem planejamento ou roteiro prévio de professores. Além disso, a reestruturação também prevê que as aulas comecem às 9h e não às 8h. Outra polêmica é quanto às aulas virtuais. Hoje, o aluno escolhe se fará a matéria presencial ou virtualmente. A partir da implementação do novo modelo, 20% das disciplinas terão de ser pela internet. ;Mas os alunos continuarão pagando a mesma coisa. Serão menos aulas no fim das contas. Eles serão muito prejudicados;, ponderou outro professor que também não quis ser identificado.

Esclarecimento

O portal da Universidade Católica de Brasília tem uma seção de perguntas frequentes. Na página, a direção informa que a reestruturação acadêmica foi planejada pela União Brasiliense de Educação e Cultura (Ubec), que reúne três instituições: uma em Minas Gerais, outra no Tocantins e a de Brasília. O objetivo é integrar todos os cursos, ;agrupando-os e organizando os componentes curriculares em eixos de formação geral, básica e específica;.

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