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Alunos ocupam reitoria da UnB

Grupo de estudantes reivindica a permanência de comerciantes no Instituto Central de Ciências. Plano de Revitalização prevê a transferência para novo módulo da Universidade de Brasília, mas lojistas temem prejuízo

postado em 26/03/2015 10:43
Estudantes na Reitoria: UnB está disposta a conversar sobre a mudançaEstudantes da Universidade de Brasília (UnB) fizeram ontem um protesto contra a retirada dos comerciantes do Instituto de Central de Ciências (ICC). A reitoria defende a mudança das lojas para os Módulos de Apoio e Serviços Comunitários (Mascs) com base no Plano de Revitalização da instituição. Os lojistas, por sua vez, temem prejuízos, pois o local é distante cerca de 1km do Minhocão e o aluguel, mais caro.


Cerca de 180 alunos cantavam ;senhor reitor, preste a atenção, o comércio vai ficar no Minhocão;. Eles ocuparam o prédio da Reitoria, em mais de três horas de protesto. ;Uma decisão dessas não pode ser tomada sem consultar a comunidade acadêmica. Essas pessoas fazem parte da rotina da gente e, agora, quem não utiliza esses serviços quer mantê-los afastados?;, questionou Bárbara Mangueira, aluna de artes plásticas. Professores também saíram em defesa das lojas. ;Isso (o comércio)faz parte do funcionamento da universidade;, complementou Flávio René Kothe, professor da Faculdade de Arquitetura.


Francisco de Carvalho, o Chiquinho da livraria, está apreensivo com a mudança, que afetará o faturamento. Atualmente, o espaço que ele ocupa no Minhocão é pequeno para o acervo de mais de 2,5 mil livros, mas o ponto é parada obrigatória para os estudantes. ;A maneira como isso está sendo negociado interfere no nosso relacionamento com o alunos. Querem colocar a gente onde os alunos não estão;, argumentou o livreiro, que há 40 anos trabalha na UnB.


Felipe Jaber, dono de uma lanchonete na Ala Norte do ICC, concordou. ;É longe, os alunos não têm tempo para ir lá e nós vamos sair prejudicados. Não somos contra a utilização do espaço, mas, sim, como estamos sendo obrigados a fazer isso;, observou.


A UnB alega que a troca está sendo feita por recomendação da Vigilância Sanitária. ;Aquele local (ICC) não é adequado. Ali, temos vários problemas com higiene e estrutura. Os comerciantes haviam concordado em se mudar na época da construção dos Mascs, mas agora voltaram atrás;, afirmou assessor da Reitoria e coordenador do Plano de Revitalização do ICC, Ebnézer Nogueira. ;Estamos com problemas de ratos, pombos e até pulgas foram encontradas nas salas de aula;, continuou. Em nota, a Vigilância Sanitária esclareceu, no entanto, que ;as adaptações podem, sim, ser feitas no espaço físico onde o comércio já está;. A reitoria reafirmou que vai continuar negociando a mudança do comércio para os Módulos de Apoio e Serviços Comunitários (Mascs).


Outros protestos
Outras revindicações entraram na pauta do protesto dos estudantes, como a violência contra as mulheres na UnB e a falta de diálogo da Reitoria com a comunidade acadêmica. ;Violências das mais variadas formas acontecem todos os dias com as estudantes, inclusive por parte de professores. A reitoria é omissa com as questões dos alunos;, gritou em discurso uma integrante do Movimento Estudantil.


A decana para Assuntos Comunitários, Denise Bomtempo, rebateu as críticas. ;Todo caso que chega ao nosso conhecimento, nós apuramos. Porém, precisamos de tempo para resolver, pois dependemos de vários mecanismos;, retrucou.

Dívida com ensino especial

O atendimento em instituições de ensino especial de Brasília pode ser comprometido pela falta de pagamento. Pelo menos três entidades conveniadas com o governo estão com parcelas em aberto desde o ano passado. Juntas, a Associação de Mães, Pais, Amigos e Reabilitadores de Excepcionais (Ampare); a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae); e o Centro Educacional de Audição e Linguagem (Ceal) atendem cerca de 750 pessoas com algum tipo de deficiência intelectual, auditiva e síndrome de Down. Os débitos atrasados, em alguns casos, se estendem desde agosto de 2014. Com dívidas e empréstimos a pagar, as instituições temem a interrupção do trabalho.


As três receberam algumas parcelas, mas o passivo do ano anterior ainda está em aberto. O Ceal, na Asa Norte, é referência no atendimento a surdos. Há 40 anos na capital, recebe desde recém-nascidos até idosos. São 65 médicos para reabilitar e ajudar quem tem alguma deficiência auditiva a se tornar independente. ;Já pedimos empréstimos, fizemos dívidas. Não recebemos nada da Secretaria de Saúde entre agosto e dezembro de 2014, mas não acho justo deixar de pagar os salários;, afirmou o diretor do Ceal, padre Giuseppe.


Com medo de perder o atendimento para os filhos, pais e mães dos 250 atendidos decidiram protestar. Hoje, às 9h, eles se reunirão em frente ao prédio da Secretaria de Saúde para pedir uma resposta. ;Meu filho teve diagnóstico de perda auditiva severa profunda com 2 anos. No Ceal, descobri que ele poderia fazer o implante e como deveria proceder no tratamento. Hoje, meu filho tem oito anos e é totalmente oralizado;, diz a costureira Vanessa Monteiro Fernandes, 35 anos. Ela é presidente da Associação de Pais e Amigos do Ceal (Apac) e lembra que o tratamento oferecido na entidade não existe em nenhuma escola do DF.

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