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Relatório da UnB prevê cortes de servidores terceirizados da instituição

Documento propõe redução nos valores de contratos terceirizados efetuados pela universidade, além da diminuição de gastos com água, luz e telefone

Jéssica Eufrásio*, Ana Carolina Alves*
postado em 13/06/2017 21:03

Documento propõe redução nos valores de contratos terceirizados efetuados pela universidade, além da diminuição de gastos com água, luz e telefone

Uma comissão da Universidade de Brasília (UnB) destinada a analisar as despesas de impacto no orçamento da instituição emitiu relatório que apresenta uma série de propostas com foco na redução dos gastos da universidade. O documento propõe uma redução no quantitativo de servidores que trabalham em todos os quatro câmpus e a necessidade de se reduzirem os gastos com as contas de energia, água e telefone, além do número de estagiários contratados.

Uma das medidas aprovadas pela comissão foi reduzir o número de vigilantes no Instituto Central de Ciências (ICC) no período da noite, em função do fechamento da universidade entre as 23h e as 7h, e a elaboração de uma política de segurança com o objetivo de colocar em prática ;medidas com custos inferiores aos atuais; e investir em tecnologia de segurança.

O contrato dos serviços de serralheria, marcenaria, carpintaria, pintura, estofamento e lustração, atualmente no valor mensal de R$ 342 mil, destinado a todos os câmpus, será reduzido em 25%.


O documento também aponta que a Universidade de Brasília tem gastos de cerca de R$ 617 mil com bolsas dos 1.063 estagiários de toda a instituição. Com base nisso, a comissão deliberou a realização de um mapeamento da força de trabalho desses funcionários, com o objetivo de melhorar a distribuição e de reduzir o quantitativo em 10% à medida que os contratos forem finalizados. Também haverá a troca de um a cada dois estudantes que cumpram estágios de 20 horas semanais por um que realize 30 horas de trabalho por semana.

As alterações nos contratos de apoio e copeiragem podem comprometer 21 servidores, com redução inicial de 25% no quadro de apoio e futura supressão do cargo de apoio contínuo. Além disso, também estão previstas a redução de cinco a seis dos 23 recepcionistas que atuam na UnB; a diminuição na frequência de limpeza dos estacionamentos e das esquadrias externas, com a possibilidade de reduzir em 21% o valor do contrato de limpeza e conservação; e a diminuição de 15,27% na quantidade de porteiros da instituição, o que resultaria em uma redução de 406 para 344.

A decana de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional da UnB, Denise Imbroisi, explica que a universidade sofre com um deficit de R$ 105,6 milhões. Segundo ela, com base na análise das despesas da instituição, os integrantes da comissão elaboraram um documento com propostas de alternativas. ;O relatório não trata apenas de despesas como água, luz e telefone. Ele também trata dos contratos de prestação de serviços. Desde a divulgação do relatório, em meados de maio, nós estamos discutindo com as empresas responsáveis pelos contratos terceirizados da universidade e apresentando nossas despesas orçamentárias;, diz. A decana ainda acrescenta que, sem as modificações propostas no relatório, não seria possível terminar o ano com todas as despesas e pagamentos em dia.

Terceirizados

O coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), Mauro Mendes, explica que as mudanças são importantes. No entanto, a redução no número de terceirizados não é a melhor medida para solucionar os problemas. ;De todas as universidades públicas do país, a UnB é a que conta com o maior número de servidores terceirizados, distribuídos entre todos os departamentos e setores dos quatro câmpus. Eles são trabalhadores essenciais para o funcionamento da instituição;, defende.

Mauro acrescenta que, no ano passado, o número de terceirizados da universidade sofreu cortes expressivos e, por isso, a redução dos servidores não seria a melhor saída. ;No nosso entendimento, o número atual já é insuficiente. Há cerca de 60 mil pessoas que transitam ali (na universidade) todos os dias. O número de servidores para atender a todos eles está defasado. Contratar trabalhadores para uma universidade federal não é gasto, é investimento.;

Os gestores da universidade já se reuniram com representantes de sindicatos e das empresas prestadoras de serviços para encontrar um meio-termo. Segundo a decana Denise Imbroisi, algumas delas já apresentaram propostas de descontos nos serviços oferecidos. A decana informa que nenhuma medida em relação aos servidores terceirizados foi tomada. ;Assim que o relatório foi aprovado, nós chamamos Sintfub e o Sindiserviços e informamos sobre as ações que seriam tomadas. Nós explicamos o porquê e falamos da necessidade dos ajustes na redução do valor dos contratos. A UnB está trabalhando no sentido de buscar todas as alternativas possíveis para gerar o menor impacto nas reduções de emprego;, explica Denise.

Encontro com o governador

Na tarde de ontem, a reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão, se reuniu com o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, para apresentar as principais demandas da universidade. A governadoria informou que, durante a reunião, foi realizado um debate preliminar a respeito de três pontos principais levantados pela dirigente da UnB: segurança, mobilidade e iluminação.

De acordo com o Buriti, Rollemberg se responsabilizou a encontrar soluções para os problemas apresentados e afirmou que o GDF vai acompanhar a situação e manter a reitora em contato direto com a Casa Civil do Distrito Federal. O encontro também contou com a presença dos secretários de Mobilidade, Fábio Damasceno; de Educação, Júlio Gregório Filho; o chefe da Casa Civil do DF, Sérgio Sampaio; e o comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Marcos Antônio Nunes.




* Estagiárias sob supervisão de Mariana Niederauer

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