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Ordem na escola

Colégios militares se destacam pela disciplina exigida e pelo bom desempenho em provas de acesso ao ensino superior

postado em 27/10/2015 13:19


Uniforme impecável e organização são alguns dos valores priorizados no Colégio Militar de Brasília (André Violatti/Esp. CB/D.A Press)

Uniforme impecável e organização são alguns dos valores priorizados no Colégio Militar de Brasília



Conhecidos pela disciplina exigida dos estudantes e pelo bom desempenho apresentado por seus alunos nas provas de acesso ao ensino superior, os colégios militares do Distrito Federal têm processos de seleção rigorosos e disputados. O mais tradicional deles, o Colégio Militar de Brasília (CMB), chega a registrar concorrência de 2 mil candidatos para 30 vagas ofertadas no 6; ano do ensino fundamental.

O Comandante Coronel João Denison Maia Correia, do CMB, credita o bom desempenho dos alunos nesses exames e também nas olimpíadas de conhecimento às variadas opções de atividades extraclasse oferecidas pelo colégio, que incluem banda, escolinhas de esporte, clubes de relações internacionais, de robótica, de astronomia e de física, entre outras. ;Isso acaba contribuindo para que o aluno tenha uma formação integral;, afirma.

Apesar de muitos acharem que o bom desempenho em avaliação como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) seja fruto da seleção rígida feita pelo concurso público do colégio, o comandante lembra que essa é a forma de acesso de apenas 10% do quadro de alunos. O restante são estudantes amparados ; filhos de militares que atuam na capital federal. ;Nós trabalhamos na nossa proposta pedagógica normalmente, sem nenhuma exigência ou demanda de desempenho extramuros. Os alunos acabam por estabelecer seus próprios objetivos e se dedicar;, avalia o comandante.

Marchar toda sexta-feira, prestar continência à bandeira e deslocar-se pelo espaço escolar organizados em fileiras são algumas das exigências do colégio não encontradas em outras instituições de ensino. ;Mas nada disso é feito de forma opressora, e é importante que se tenha isso em mente, porque vende-se uma imagem muito errada dos colégios militares, como se nós oprimíssemos os nossos alunos;, observa o professor Leandro Batista da Silva, coordenador do 6; ano no CMB. ;Eles continuam sendo crianças e adolescentes. Têm os anseios e vivências que toda criança e adolescente tem, só que eles estão num ambiente que exige deles, em algumas situações, mais formalidade, mais disciplina, mais organização;, elenca.

Civismo

No Colégio Dom Pedro II, do Corpo de Bombeiros Militar do DF, a concorrência para entrar também é alta. Foram 700 inscritos para 15 vagas ofertadas este ano. ;O diferencial do colégio, além do ensino de qualidade, é a preocupação que nós temos com a criança no sentido de oferecer disciplina, ensinar o civismo, a ser um cidadão patriota;, elenca o Sub-comandante Major Tavares, vice-diretor da escola.

Diferentemente do CMB, o colégio admite os estudantes apenas por concurso, tanto filhos de militares quanto civis, que são a maioria do quadro de alunos (80%). Os estudantes recebem instrução militar e alguns treinamentos relativos às atividades dos bombeiros ; como primeiro socorros ; e contam ainda com um setor específico para olimpíadas científicas.
A disciplina exigida é semelhante à de outros colégios militares: corte de cabelo curto para os homens, prestar continência ao professor quando ele entra em sala de aula, é proibido namorar e brigas e xingamentos são punidos com rigor. Alunos que não seguem a regras sofrem sanções gradativas: advertência, repreensão, estudo de caráter disciplinar e educativo aos sábados e transferência.
Renilce Maria Curcio, 49 anos, é mãe de Enrico Guimarães, 15, e Giovana Curcio, 18. Ambos foram estudantes da escola desde os três anos de idade. Ela até se emociona ao se lembrar da influência do colégio na formação dos dois. ;Em todo lugar que eu chego as pessoas dizem que meus filhos são muito educados.;

Estreante

O mais novo entre os colégios militares é o da Polícia Militar, o Colégio Militar Tiradentes, inaugurado em agosto de 2012. ;O objetivo do colégio, previsto na nossa proposta político pedagógica e em outros documentos internos, é de formar cidadãos com as melhores características. O futuro desse aluno vai ser decidido pela família;, ressalta o Tenente Coronel Danilo Nunes. ;E claro que os alunos, com a vivência diária, identificam-se com alguns valores do militarismo e, possivelmente, vão prestar concurso para a Polícia Militar e outras forças, mas não é nosso objetivo.;

A influência da família de militares levou o Capitão Walisson Barbosa de Alencar, 33 anos, a seguir carreira na corporação e o, agora, o filho dele Jonas Silva Alencar, 12, segue os mesmos passos, mas com o intuito de se tornar piloto de caça. ;Ele percebe que, estudando no colégio militar, já dá um passo em direção a esse sonho;, conta o pai.

A aluna do 9; ano Ana Clara Coutinho, 15 anos, considera o ritmo de ensino no colégio mais forte do que o da escola pública em que estudava e acredita que isso será importante para o futuro profissional. ;Quero fazer relações internacionais no Instituto Rio Branco no Rio de Janeiro. Acho que isso me ajuda bastante para eu poder seguir o meu futuro diplomático.;

"O diferencial do colégio, além do ensino de qualidade, é a preocupação que nós temos com a criança no sentido de oferecer disciplina;

Sub-comandante Major Tavares, vice-diretor do Dom Pedro II
Colégio Militar de Brasília


Os dois filhos de Renilce estudaram no colégio Dom Pedro II, dos bombeiros (André Violatti/Esp. CB/D. A Press)

Os dois filhos de Renilce estudaram no colégio Dom Pedro II, dos bombeiros




Filho do policial Walisson, Jonas entrou no colégio com o sonho de se tornar piloto de caça (André Violatti/Esp. CB/D. A Press)

Filho do policial Walisson, Jonas entrou no colégio com o sonho de se tornar piloto de caça


Faz parte do sistema de 12 colégios militares do Exército no país e foi criado em 1978. Regido pela lei de ensino militar, tem características tanto de escola privada quanto de escola pública. É cobrada dos pais uma cota mensal escolar de R$ 198 e o colégio concede bolsas de até 100% em casos de vulnerabilidade social ; que são analisados pelo comando. O ingresso de civis ocorre por concurso público, com edital liberado em julho, geralmente. São ofertadas 30 vagas para o 6; ano do ensino fundamental e cinco para o 1; ano do ensino médio.


Colégio Militar Dom Pedro II

É uma escola híbrida ; pública e privada ;, inaugurada há 15 anos, pertencente ao Corpo de Bombeiros Militar do DF. As mensalidades são recebidas pela Associação de Pais e Mestres (Apam) e custam a partir de R$ 400. O ingresso ocorre apenas por concurso público e é o único da cidade a oferecer vagas da educação infantil ; ingresso por sorteio ; ao ensino fundamental e médio ; ingresso por prova escrita no 6; ano do ensino fundamental ou no 1; do ensino médio. É possível ainda fazer um requerimento formal à escola e, no fim do ano, vagas remanescentes são oferecidas.


Colégio Militar Tiradentes

Inaugurado em agosto de 2012, é totalmente público, mantido pela Polícia Militar, e não cobra nenhum valor dos pais. Começou com apenas três turmas do 6; ano do ensino fundamental e, a partir do ano que vem, terá vagas para o 1; ano do ensino médio. A intenção é expandir o atendimento às três séries do ensino médio até 2018. O acesso ocorre no 6; ano do ensino fundamental, por provas. O edital é publicado, geralmente, no meio do ano. Por enquanto, o colégio funciona em uma sede provisória no Setor Policial Sul, mas já há um terreno próximo destinado à construção da sede definitiva.

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