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A favor da mudança e da união

O candidato da chapa 86 - UnB somos nós garante que, se eleito, vai procurar os adversários para trabalhar em prol da universidade. Ele quer ainda iniciar logo a transição, a fim de entrar em 2013 com os gastos sob controle

postado em 11/09/2012 08:00
O candidato da chapa 86 - UnB somos nós garante que, se eleito, vai procurar os adversários para trabalhar em prol da universidade. Ele quer ainda iniciar logo a transição, a fim de entrar em 2013 com os gastos sob controleÀ frente da chapa 86 ; UnB somos nós, o professor da Faculdade de Tecnologia Ivan Camargo também aproveita o último dia antes das eleições para a escolha do novo reitor da Universidade de Brasília (UnB) para intensificar a campanha. O candidato ao cargo respondeu, em entrevista ao Correio, às mesmas perguntas feitas à professora Márcia Abrahão, e falou sobre as medidas que adotará, caso seja eleito, para resolver problemas importantes da instituição de ensino. As eleições serão realizadas amanhã e na quarta-feira. O próximo reitor será conhecido na próxima quinta-feira. Sobre o processo de expansão da UnB para outras regiões administrativas, Ivan Camargo acredita que o maior desafio da nova gestão são as obras de infraestrutura realizadas em parceria com o GDF. Além disso, ele indicou que é preciso dotar os câmpus de Planaltina, Gama e Ceilândia de equipamentos, o que pode ser feito com grupos de pesquisa já consolidados. ;Precisamos equipar os laboratórios para garantir a presença física dos professores e estudantes em tempo integral no local de trabalho;, defendeu. Caso seja eleito, o professor disse que quer trabalhar com a chapa adversária para promover uma união nas propostas. ;Também vamos trabalhar firmemente no processo de transição para garantir que, em 2013, tenhamos estruturas mais simples;, adiantou. Veja abaixo a entrevista do candidato.

Nos últimos anos, a UnB caiu em vários rankings sobre qualidade de ensino. Como pretende melhorar esse quesito e elevar a UnB nos patamares de colocação nas pesquisas?
Nosso objetivo é simplificar processos internos e desburocratizar. Dar mais tempo aos professores para que eles se dediquem a ensino, pesquisa e extensão. Atribuir a gestão dos processos aos servidores. Criar um clima propício para inovação, respeito à diversidade e discussão dos grandes temas, regionais, nacionais e internacionais.

Quais serão os incentivos para os estudantes de baixa renda? Que tipo de benefícios vai manter, melhorar ou adicionar?
Temos que colocar para funcionar no Restaurante Universitário. Quanto à moradia estudantil, vou buscar dinheiro para ampliar o número de vagas e terminar a reforma da Casa do Estudante. O projeto da nova casa é para 600 alunos. A informação que tínhamos é que havia dinheiro para isso, em 2008. É só descobrir onde está e agilizar o projeto. Evidentemente, a concretização do projeto é em três anos. Mas tem que começar. Uma ação muito importante da assistência estudantil é a cogestão. Compartilhar com os estudantes as decisões para corresponsabilizá-los pelo uso do dinheiro público. Vai ter que ter diálogo, a estrutura de assistência estudantil vai ter que passar por essa reformulação. Essa é uma demanda muito importante dos estudantes, inclusive para que o clima de insatisfação seja reduzido. Corresponsabilizando, a gente abre o diálogo, dá transparência às decisões. É uma forma interessante de gestão. Precisa também avaliar as ações efetivas para reduzir a evasão. É para garantir que o aluno entre e se forme. Nossa função é essa formar o estudante.

É a favor do Restaurante Universitário em todos os câmpus?
Sim, vamos fazer. Pretendo instalar RU nos outros câmpus também, evidentemente dentro da possibilidades orçamentárias. Precisa disso para garantir a presença dos estudantes nos câmpus. Hoje, tem as lanchonetes. Em Planaltina, tem até um restaurante bom, mas eles reclamam do preço. Agora, não é só RU que a gente tem que instalar. Biblioteca e sala de estudo também são importantes para garantir a presença dos estudantes e dos professores no câmpus. Isso transforma a universidade em um local de debate, pesquisa e inovação.

É a favor ou contra as cotas para escolas públicas? Alguns estudiosos alertam para o risco do aumento da evasão escolar e da queda na qualidade do ensino. O senhor acha que existe esse risco? Se sim, como evitá-lo?

Sou a favor das cotas. Agora, é lei e a UnB vai implementar. A questão do risco de aumentar a evasão é enorme. A forma de enfrentar esse problema é aumentar o dinheiro, colocar mais dinheiro para permitir a permanência desse estudante na universidade. Precisamos atender bem esse estudante com vulnerabilidade econômica previsto na lei. Todas as estruturas que estamos falando: biblioteca equipada, salas de estudo, são indispensáveis para garantir que esse estudante de baixa renda saia formado da universidade, bem formado. Uma coisa que a gente não pode admitir é reduzir a qualidade. A gente preza muito pela qualidade, pelo mérito, excelência acadêmica. Na nossa gestão, vamos batalhar para manter a qualidade de ensino em níveis de padrões internacionais.

Como resolverá o problema da segurança nos câmpus?
Atualmente, é a maior preocupação da comunidade acadêmica. A solução passa por parcerias com órgãos de segurança do Governo do Distrito Federal, melhoria da iluminação, usar câmeras e toda a tecnologia disponível. Precisamos também dar respaldo da administração central à ação dos servidores responsáveis pela segurança. Eles se queixam muito disso. Precisamos dar treinamento a esses responsáveis pela segurança e vamos restringir o acesso fora do horário de aula.

O que fará para consolidar o processo de expansão? Quais são os principais desafios nessa área?
O maior desafio são as obras de infraestrutra que serão feitas em parceria com o GDF. Além disso, é preciso equipar os novos câmpus. A gente precisa equipar os laboratórios para garantir a presença física dos professores e estudantes em tempo integral no seu local de trabalho. Para equipar os novos câmpus, é preciso incentivar parcerias com os grupos de pesquisa consolidados que já temos no Darcy Ribeiro, com novos grupos de pesquisa dos novos câmpus.

Vai implantar a redução da carga horária para os servidores técnicos adiministrativos? Quais serão as políticas para essa categoria?
Esta é uma decisão do CAD (Conselho de Administração). A função do reitor é implementar a decisão de seus conselhos superiores. Então, nós vamos implementar. Faremos isso com base em um planejamento para garantir a prestação de serviços públicos de qualidade com os horários reduzidos. A política para os nossos servidores é de valorização, treinamento, os colocando em postos chave de decisão da universidade. Devemos também utilizar a mão de obra de alto nível que entrou nos últimos concursos. Vamos renovar a administração utilizando servidores da casa.

Como resolverá o problema do deficit orçamentário? A volta das fundações é a saída?
Como retomar esses convênios/financiamentos sem correr o risco de abrir espaços para fraudes?

Esse descontrole nos gastos talvez seja o maior problema da universidade. A função do gestor, do próximo reitor, é priorizar. Vamos trabalhar com recursos disponíveis e fazer um grande esforço para captação de novos recursos. As fundações de apoio são ferramentas eficientes para isso, para captação de novos recursos e desburocratização. Para evitar fraudes, seguir rigorosamente o que esta definido na lei. Está muito claro na lei o que pode e o que não pode. Vamos dar total transparência às contas. Sou a favor dos recursos privados na universidade, são indispensáveis. Toda universidade do mundo funciona com recursos públicos e privados. A pesquisa é muito cara, não pode ser responsabilidade exclusiva do governo. Tem muitas partes da sociedade interessadas em pesquisa e interessada em financiá-la, a gente não pode fechar essa porta.

Como vai lidar com a questão dos terceirizados? Vai acabar com os contratos precarizados?
Vamos continuar com os terceirizados. Uma avaliação preliminar que a vice-reitoria nos passou informa que precisamos rever os contratos e é isso que vamos fazer. Inclusive na quantidade. Há muitas áreas que o cargo público foi extinto. Não existe cargo público, por exemplo, para cozinha. Então, o restaurante universitário tem que funcionar com terceirizados. A limpeza, a jardinagem, tem muitos cargos que não estão previstos mais administração pública. A universidade vai continuar trabalhando com servidores terceirizados. O indispensável é fazer contratos que atendam o interesse público e da universidade pública. Os precarizados são diferentes. Uma parte significativa do problema vai ser resolvido com a questão da empresa do Hospital Universitário e a nova empresa do Cespe. Para os outros casos, a única solução a médio prazo é conseguir novas vagas para concurso público.

Como avalia o processo eleitoral deste ano?
Achei o processo eleitoral muito positivo, uma maratona. Aprendi muito sobre a situação da universidade nesses últimos três meses. Considero também muito positiva a discussão da pauta dos três segmentos: professores, servidores e estudantes. Acho, no entanto, que precisamos aprimorar a participação da sociedade nesse processo. Como a sociedade de fora da UnB define qual é o reitor que ela quer, ela que está pagando. Não está nos nossos planos mudar o projeto que foi definido pelo Consuni, acerca da paridade. Ele definiu que era assim o processo de definição do próximo reitor e é assim que a UnB deve seguir. Precisa de consolidar o processo, não pode ficar mudando. Não haverá retrocesso. Precisamos de uma reforma do regimento interno. Ainda sobre a eleição gostaria de falar alguns pontos negativos: participação de pessoas internas e externas da faculdade denegrindo a imagem de alguns candidatos. Denegrindo de forma anônima, o que é inadimissível. E, principalmente, sem nenhuma preocupação com o futuro da instituição.

Como incentivar a pesquisa na universidade e a formação de novos pesquisadores?

Desburocratizando e criando um ambiente de respeito e de pensamento. Vamos criar também uma carteira de projetos para submeter aos órgãos financiadores. Aumentar muito a captação de recursos para equipar os laboratórios. Incluir os nossos professores nos grupos consolidados e dar a possibilidade de criação de novos grupos em particular nos nossos câmpus.

Qual será a primeira medida caso seja eleito reitor da UnB?
Após as eleições, quero agradecer a todas as pessoas que acreditaram nesse processo de mudança. Em seguida, trabalhar com a chapa adversária para construir a união em cima de propostas. E, finalmente, trabalhar firmemente no processo de transição para garantir que, em 2013, já tenhamos uma estrutura mais simples, com gastos controlados e com a participação dos servidores, professores e estudantes na administração.

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