Trabalho e Formacao

Protesto nacional contra MP dos médicos

O primeiro dia da manifestação de repúdio ao programa do governo atinge parcialmente 16 estados e o Distrito Federal. Aqui, pacientes enfrentaram longa espera por atendimento. A orientação dos sindicatos é para que os serviços de emergência não sejam prejudicados

postado em 31/07/2013 16:00
Em Brasília, médicos protestam em frente ao Ministério da Saúde. Paralisação da categoria contra o programa do governo não teve grande adesãoComo resposta às recentes iniciativas do governo na área da saúde, médicos de 17 unidades da Federação paralisaram ontem atendimentos ambulatoriais e cirurgias previamente marcados, segundo balanço da Federação Nacional dos Médicos (Fenam). Os serviços de urgência e emergência foram mantidos. Os profissionais aderiram a uma greve de dois dias convocada pela Fenam. Hoje, há mobilizações marcadas em vários estados contra o Programa Mais Médicos, lançado pelo governo no último dia 8. No Distrito Federal, a Secretaria de Saúde informou, em nota, que 20% dos atendimentos foram interrompidos devido ao protesto. ;A ausência de alguns médicos está nos padrões habituais. Esclarecemos que as cirurgias que foram canceladas por causas independentes do movimento já foram remarcadas;, continua a nota do GDF.

Na capital, além da adesão à greve, cerca de 100 médicos participaram de um ato em frente ao Ministério da Saúde. Eles levaram uma faixa preta com frases contra o programa. ;A faixa representa um golpe fatal na assistência médica de qualidade;, disse o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do DF, Leonardo Rodovalho. Com tom político, os manifestantes de jaleco branco pediram a saída do ministro, Alexandre Padilha, e da presidente Dilma Rousseff. Em seguida, os médicos caminharam até o Palácio do Planalto.

No Hospital de Base do Distrito Federal, alguns pacientes sofreram com a demora do atendimento, à tarde. Verônica Fernandes, de 35 anos, que mora em Águas Lindas, acompanhava o marido, Cristiano de Oliveira, 36. Eles ficaram das 13h às 19h15 aguardando atendimento. ;Ele está com a garganta inflamada há dois dias e não consegue falar, pronunciar um som sequer, devido à dor;, disse Verônica.

No Recife, a paralisação pegou pacientes de surpresa. Os serviços foram suspensos em sete hospitais. Em Natal (RN), cerca de 250 médicos participaram de uma manifestação contra o pacote do governo, segundo informou o presidente da Fenam, Geraldo Ferreira. De acordo com ele, de 30 a 50% dos médicos potiguares aderiram à greve. ;A estratégia de paralisação nos dois dias está tendo flexibilidade. Uns estão parando hoje (ontem), outros amanhã (hoje). A nossa recomendação é que urgências e emergências continuem funcionando normalmente.; Em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, os médicos optaram por parar o trabalho apenas hoje, de acordo com os sindicatos. Em Piauí e Alagoas, houve protesto, mas ninguém parou de trabalhar.

Em resposta aos protestos, o Ministério da Saúde informou que o objetivo da pasta é ;é acelerar os investimentos em infraestrutura e ampliar o número de médicos nas regiões carentes;. Alvo de críticas das entidades médicas por não ter ouvido às reivindicações das associações de classe, as pasta reafirmou que sempre esteve aberta ao diálogo. ;O Ministério lamenta qualquer prejuízo que as paralisações possam causar no atendimento dos pacientes.;

Instituída por medida provisória, a iniciativa pretende levar médicos para trabalhar na atenção básica em municípios do interior do país e na periferia das grandes cidades. A prioridade das vagas será dada aos profissionais formados no Brasil. Os postos que sobrarem poderão ser preenchidos por quem tem diploma de faculdades do exterior. A MP inclui também dois anos de trabalho no SUS, além dos seis anos da formação médica. Chamado de segundo ciclo, o governo estuda fazer desse período uma etapa da residência médica. Três semanas após a divulgação do Programa Mais Médicos, a primeira rodada de inscrições foi concluída com 4,6 mil médicos confirmados, o que representa apenas 30% do deficit dos municípios, estimado em 15 mil profissionais.

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Número de unidades da Federação que participaram do protesto contra o Programa Mais Médicos

;A nossa recomendação é que urgências e emergências continuem funcionando normalmente;

Geraldo Ferreira, presidente da Fenam

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